17 maio 2021

No Name Boys julgados por tentativa de homicídio. Membro da Juve Leo atacado com martelos e facas; “O meu grande prémio foi ter estado no Benfica”,

Shéu foi o convidado do programa Cultura Tática, da Sport TV, onde viajou pela carreira – marcada pela correção e por um facto, relatado recentemente pelo próprio: viu apenas um cartão amarelo em 17 temporadas. Dentro do campo era um jogador correto, fora não poderia ser de outra forma. 
Como jogador, foi treinado por 28 treinadores, conquistando nove títulos de campeão nacional, seis Taças de Portugal, duas Supertaças e duas finais europeias. 
Confrontado com uma eventual mágoa de não ter conquistado qualquer competição europeia, o antigo médio fala do “grande prémio” que conquistou e que não está declarado naqueles títulos.
“O meu grande prémio foi ter estado no Benfica. O meu maior prémio são estes anos de Benfica, a relação que fomos criando com os presidentes, com os treinadores, com os colegas que passaram e principalmente com a massa associativa. Essa relação é o grande troféu. 
Sobre as finais perdidas, relativiza. “Houve momentos que poderiam ser de outra forma”, refere, com a correção que carateriza o antigo jogador, que  também foi capitão do Benfica e privou na Luz com algumas das maiores lendas do emblema encarnado, como são os casos de Eusébio e Mário Coluna.
Presente no programa da Sport TV, onde é coapresentador e anfitrião, António Simões compreende estas palavras. "Eu digo a mesma coisa”, refere.
Shéu Han, hoje com 67 anos, foi internacional pela seleção nacional por 24 vezes, de 1976 a 1986, apontando, com as quinas ao peito, dois golos. Foi ainda treinador do Benfica, em 1998/1999, com duas vitórias, um empate e uma derrota nos quatro jogos em que exerceu a função. Posteriormente, foi secretário técnico, até julho de 2018.
Hoje, encontra-se reformado. “Foi uma decisão bem ponderada. Temos de olhar para o futuro da entidade onde estamos e de perceber que esse futuro já não dependerá do que nós podemos fazer, mas daqueles que virão a seguir a nós. Provavelmente, esses terão maior pujança”, explica.
Faria Shéu falta à equipa de Jorge Jesus? A pergunta, em jeito de brincadeira, dá origem a uma resposta só ao alcance de Shéu. "O mister tem lá jogadores suficientes para resolver os seus problemas. Obrigado pela simpatia, mas não faria falta", afirma. "Se eu estivesse lá, lutaria por um lugar", complementa, já a brincar.
Estas palavras, de um grande senhor do futebol, confirmam que Shéu é e será para sempre uma referência do futebol, uma personalidade reconhecida unanimemente pela família benfiquista e mesmo pelos adeptos de clubes adversários.
E por falar em clubes adversários, recentemente, em declarações à BTV, o antigo médio elogiou o FC Porto e todos os dirigentes que elevaram o nome do clube da Invicta.
António Simões elogia as "qualidades humanas" de Shéu, que foram demonstradas desde sempre, dentro e fora do relvado. E recorda os tempos em que aceitou desafios difíceis em nome da defesa do seu clube.
"Com a sua maneira de ser, a sua qualidade humana, nunca foi de muitas palavras. Muitas vezes, o silêncio dele transmite-nos algo. E aprendemos muito com o silêncio. Não tem um ego, não é egocêntrico, como hoje se vê nesta sociedade. Foi necessário prestar um serviço ao Benfica e ele, com o sentimento do clube que servia, disse 'sim', sem saber muito bem os riscos que estava a correr. Mas não foi por isso que disse 'sim'. Mas ele fez tudo e parece que bem feito", elogia, lembrando o tempo em que Shéu foi treinador numa altura "complicada", conclui Simões, neste programa da Sport TV.
Parte de plantéis de grande craveira no Benfica, Shéu lembra um código que havia no balneário. E que ajudava a perceber quando era preciso corrigir e mudar. "Uma das ilações que tirávamos na altura, era que, para se ser jogador à Benfica, não podíamos falhar três passes. Tínhamos um código. Se falhássemos três passes seguidos algo não estava bem. Muitas vezes escondíamos do jogo, repensávamos, para voltar ao jogo como deve ser. Era a exigência da equipa", recorda.

No Name Boys julgados por tentativa de homicídio. Uma juíza de instrução criminal do Tribunal de Cascais decidiu recentemente mandar para julgamento 31 dos 37 elementos da claque benfiquista do No Name Boys. Cinco dos arguidos irão responder pela tentativa de homicídio de um membro dos rivais sportinguistas da Juve Leo, que só não morreu graças à intervenção de um polícia que estava de folga. Os restantes, que farão parte da subcultura “casuals”, marcada pelas ações violentas contra adeptos de outros clubes, vão ser julgados pelo apedrejamento do próprio autocarro do Benfica, que feriu dois atletas, vários roubos e diversas agressões.
Os arguidos estavam acusados de 261 crimes, mas, depois de oito terem requerido a abertura de instrução, o Tribunal deixou cair 30 ilícitos, livrando seis homens do julgamento. Eram alegados atos de vandalismo e agressões, cometidos a 18 de maio de 2019, numa loja do Estádio da Luz. O tribunal entendeu que as imagens de videovigilância do Benfica ilibavam alguns dos arguidos, contrariando o entendimento do MP.
A juíza de instrução manteve a acusação dos casos mais graves, pelos quais seis elementos dos No Name Boys se mantém em prisão domiciliária. Confirmou que, a 27 de maio do ano passado, seis membros do grupo, munidos de navalhas, bastões e martelos, fizeram uma espera a um adepto do Sporting, pertencente à Juve Leo, em S. João do Estoril, onde ele residia.
Ao mesmo tempo que lhe gritavam: “Vais morrer, filho da p. Benfica! No Name. No Name”, os arguidos deram-lhe pancadas com martelos e pontapés, tendo um deles desferido também três facadas que perfuraram o pulmão, um braço e uma perna da vítima, a quem também partiram um dedo.
Ainda assim, o ferido levantou-se e tentou fugir. Um dos agressores atirou-lhe um martelo, mas não lhe acertou. Uns metros mais à frente, conseguiram apanhá-lo. Preparavam-se para retomar as agressões, quando um polícia, fora de serviço, mas que por ali passava, se apercebeu do espancamento e se identificou. Os agressores puseram-se então em fuga, tendo o adepto leonino sido hospitalizado, com ferimentos no hemotórax e no crânio, uma fratura num dedo, escoriações e outras feridas no braço e dorso. Foi sujeito a duas intervenções cirúrgicas.
Quatro indivíduos vão também responder por atentado à segurança de transporte rodoviário por, alegadamente, terem apedrejado o autocarro que transportava os jogadores do Benfica, na A2, na zona do Seixal, a 4 de junho, após um empate frente ao Tondela. Dois paralelos atingiram os atletas Zivkovic e Weigl. O clube da Luz condenou logo as agressões.
Outro caso que vai a julgamento aconteceu a 9 de junho de 2019, junto do Pavilhão João Rocha, do Sporting, em Lisboa. Elementos dos “casuals” fizeram uma emboscada a Fernando Cardinal, jogador de futsal do Sporting e assumido adepto do F. C. Porto. Após um jogo entre os dois rivais de Lisboa, um grupo deslocou-se ao pavilhão leonino e, quando Cardinal e outros três jogadores saíram do pavilhão, insultaram-nos e ameaçaram-nos de morte. Os atletas refugiaram-se no multidesportivo e foi também a chegada de um agente da PSP que evitou o pior.

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