04 fevereiro 2021

Rui Pinto critica “hipocrisia e desfaçatez” de advogado do Benfica; “Se outros cometessem os erros que Jesus cometeu já estariam na rua”

Rui Patrício é também o defensor de arguidos em outros casos de corrupção, como o do BES/Novo Banco, que levou o Parlamento a chamar Rui Pinto e Luís Filipe Vieira à comissão de inquérito.
Numa entrevista ao Jornal de Negócios, o advogado declarou que “os julgamentos em praça pública podem influenciar os juízes”. E foi por se sentir visado publicamente por Rui Patrício que Rui Pinto reagiu, uma vez que o penalista foi um dos subscritores da carta enviada a Ferro Rodrigues, pelo Fórum Penal, para que o hacker não seja ouvido na comissão de inquérito sobre o Novo Banco.
“Nesta entrevista podemos mais uma vez observar o padrão de hipocrisia e desfaçatez de um dos signatários da infame carta recentemente tornada pública”, comentou Rui Pinto, através das redes sociais.
Rui Patrício, sócio da firma de advocacia Morais Leitão, disse nessa entrevista ao Negócios que a presunção de inocência “é como um bebé: frágil”. Novamente, o criador do Football Leaks sentiu-se diretamente visado, considerando que o advogado não tratou Rui Pinto com essa presunção durante a fase de instrução do processo E-Toupeira, que acabou com a SAD do Benfica a não ser pronunciada.
“Parece que a presunção de inocência só deve ser aplicada em relação aos seus clientes (alegadamente) corruptos”, ironizou o hacker.
Em janeiro de 2019, o advogado dedicou um artigo de opinião, publicado pelo Sol, a criticar a pirataria informática, numa referência óbvia às denúncias feitas por Rui Pinto através do Football Leaks.
“Salvo o devido respeito, tenho assistido com um misto de asco e de riso (mas amargo) a uma certa discussão que vai por esse mundo fora sobre a suposta bondade de certos atos criminosos de pirataria informática. Vários crimes graves, afinal, ao que parece, não só não o seriam, como fariam até o autor ou autores arriscarem a beatificação social, porque com eles o que fizeram mais não foi do que denunciar o mal e contribuir para a transparência. (...) Para quando a santidade?”, escreveu Rui Patrício.
Na fase de instrução do E-Toupeira, Rui Patrício defendeu que a SAD do Benfica não podia ser responsabilizada pela atuação de Paulo Gonçalves, pois este “não tinha uma posição de liderança no clube”.
A juíza de instrução criminal Ana Peres deu razão às alegações de Rui Patrício, decidindo não pronunciar (não levar a julgamento) a SAD do Benfica. Já Paulo Gonçalves, à data assessor jurídico da SAD, responde em tribunal por 27 crimes. Também o funcionário judicial José Silva se encontra em julgamento.

“Se outros cometessem os erros que Jesus cometeu já estariam na rua”. Numa entrevista concedida à Bola na Rede, onde o nome do treinador do Benfica se repetiu por inúmeras vezes, o antigo treinador-adjunto do FC Porto, Carlos Azenha, considera que existe um protecionismo a Jorge Jesus, que tem cometido "erros", sem consequências, ao contrário do que sucede com outros técnicos. Numa altura em que o Benfica atravessa um momento desportivo difícil, Carlos Azenha (que está afastado do futebol, mas não desligado do futebol) coloca o técnico encarnado entre os responsáveis pela má época do clube da Luz.
“Se outros treinadores cometessem os erros que Jorge Jesus cometeu, já estariam na rua. Olha, se fosse eu, por exemplo, isso era garantido. Já estaria na rua”, defende, considerando que o técnico do Benfica apresenta falhas, ao nível da comunicação, por exemplo, que podem ajudar a justificar esta crise de resultados do emblema encarnado – que não vence para o campeonato há três jogos e cedeu na luta pelo título, estando agora a nove pontos do Sporting e a cinco do FC Porto, com praticamente meia volta da I Liga disputada. 
“É difícil para os jogadores trabalharem com o Jorge Jesus dois anos seguidos. A intensidade, a forma de liderar, de comunicar, leva muitas vezes os jogadores à exaustão”, afirma Carlos Azenha, numa longa conversa onde abordou a realidade do futebol português, com uma visão pessimista. Lamenta que se verifique um aumento do poder dos empresários e uma reconfiguração da hierarquia, com prejuízo para os clubes.
“Os empresários começaram a aparecer com uma determinada função, mas, hoje, já é outra. Hoje, os jogadores têm de rodar constantemente para se poder movimentar o dinheiro, portanto, o futebol, além de um negócio, passou a ser também um mercado em que a rotação é obrigatória, onde os empresários têm um poder muito grande sobre os clubes, porque a maior parte dos clubes estão dependentes de vendas (…). Cada vez mais o treinador manda menos. O seu espaço de intervenção é cada vez menor, despede-se o treinador com uma grande facilidade…”, aponta.  
Mas nesta conversa Carlos Azenha acaba por repetir críticas a Jorge Jesus, que é um alvo fácil, quando as suas equipas não ganham, por sua culpa, segundo o antigo adjunto do FC Porto. “Muita da ‘porrada’ que ele leva é o próprio que a cria. Ele apresenta-se dizendo que o Benfica não vai jogar o dobro, mas o triplo. Ele tem alguns desabafos que não são os mais indicados, como dizer que o treinador anterior não conseguiu tirar o melhor partido do Weigl e que, com ele, o Weigl vai jogar muito melhor. Quando os treinadores começam armados em fanfarrões...”, sustenta, lembrando a cerimónia de apresentação de Jorge Jesus, na presente temporada. 
O treinador do Benfica é apontado como um dos melhores do mundo, de forma quase unânime, mas Carlos Azenha discorda. Justifica-o considerando que o técnico teria de corrigir algumas lacunas que apresenta para atingir esse estatuto. “Acho que se o Jorge Jesus soubesse corrigir algumas coisas poderia tornar-se um dos melhores treinadores do mundo”, diz. 
“É que o Jorge Jesus não sabe sequer ganhar. Não é não saber perder, é não saber ganhar. Um treinador quando ganha é que tem de saber estar. É muito fácil bater nos treinadores quando ganhamos”, refere Carlos Azenha. 
Para Azenha, há outras referências, em Portugal, e treinadores “que caem mais em graça do que outros”. “Por exemplo, ao nível da organização do treino, da metodologia do exercício, o melhor treinador que apanhei foi o Jesualdo Ferreira”, elogia. 
Curiosamente, ambos deixaram ‘obra’ no Brasil, com Jesus a conquistar o céu e Jesualdo a sair com discrição, sem títulos históricos. Carlos Azenha reconhece mérito nos feitos de Jorge Jesus no Brasil, mas espera agora que Abel Ferreira consiga o mesmo reconhecimento, depois de conquistar a Libertadores. 
“O Jorge Jesus chega depois de ter realizado no Brasil um feito estrondoso. Tenho pena, agora, que a imprensa não dê o mesmo destaque ao Abel Ferreira, que está a fazer um trabalho fabuloso, com uma equipa sem comparação com a do Flamengo”, diz Azenha. 
Ainda que o nome do treinador do Benfica se repita por inúmeras vezes nesta longa entrevista, a verdade é que Carlos Azenha abordou diversos temas, em particular alguns problemas que o futebol português enfrenta, como a incapacidade de se defender este produto. 
"Vai chegar uma altura em que esta gente toda vai ter de se sentar à mesa, para se debruçarem sobre o futebol, pois estão constantemente a dar tiros nos próprios pés. É a mesma coisa se os comerciais da Coca-Cola andassem constantemente a falar mal da Coca-Cola. Havia de chegar um dia em que a Coca-Cola já não iria vender”, avisa, numa alusão ao modo como comentadores, jornalistas, dirigentes e outros responsáveis maltratam o futebol português, na sua opinião. 
O poder dos grandes sobre os pequenos ameaça a sustentabilidade do negócio e verifica-se, segundo Carlos Azenha, um agravamento desse cenário: “Os clubes pequenos vão acabar por não ter condições para comprar jogadores. Temos de começar a olhar para o futebol de forma diferente. Não podemos ter os clubes grandes a comprarem 30 ou 40 jogadores e a metê-los a rodar nos outros clubes… isto não tem pés nem cabeça. Desvirtua totalmente a realidade do futebol”. 
Carlos Azenha tem uma visão muito crítica. Fala em “empurrar os problemas para a frente”, em vez de se olhar a modalidade com atenção e perceber que o futebol em Portugal “não é exequível”. E tem de ser repensado, até porque os clubes profissionais só sobrevivem graças às receitas televisivas, na sua opinião. 

5 comentários:

  1. Foda-se.. depois de assaltante de caixas de correio agora o herói nacional pirata Pinto também é opinador de futebol! Que luxo este piratinha!

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    1. UM DESEMPREGADO QUE VIVE DO AR

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    2. Assaltante de caixas de correio foi o que fez o teu Sport Ladrão e Batota, quando mandou assaltar as Caixas do Correio do Ministério Publico.Já te esqueceste?

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  2. «85% DOS ÁRBITROS SÃO DO REAL MADRID, COMO É QUE NÃO OS VÃO FAVORECER?»

    O experiente defesa-central Gerard Piqué, do Barcelona, veio lançar dura crítica contra o Real Madrid e as arbitragens no futebol espanhol.

    «Um antigo árbitro, não me lembro quem, talvez o Iturralde González, dizia que 85% dos árbitros são do Real Madrid. É uma estatística. Como é que não os vão favorecer? Inconscientemente, vão sempre fazê-lo. Respeito ao máximo o profissionalismo dos árbitros, sei que tentam fazer o melhor trabalho possível, mas quando chega um momento de dúvida e têm de decidir…», atirou o defesa, numa entrevista à página de YouTube Post United.

    E EM PORTUGAL
    100% SÃO DRAGARTOS

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    1. Em Portugal são 100% DRAGOLAMPIÕES!!!

      Mandam no Conselho da Arbitragem, Conselho de Justiça e Comissão de Arbitragem há muitos anos e com os resultados que se têm visto.

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