Alta tensão na Luz! Rui Costa sentiu-se desautorizado por Luisão; JJ quer Arão ou William Carvalho; Santos 'prende' Lucas Veríssimo até ao final da Libertadores; Alex Telles explica saída do FC Porto e admite: "Nunca quis sair livre do clube"

O jornal O Jogo publica, este domingo, uma extensa entrevista com Alex Telles, na qual o internacional brasileiro explica o que o motivou a deixar o FC Porto rumo ao Manchester United no passado mercado de transferências de verão.O lateral-esquerdo, que rendeu um encaixe financeiro na ordem dos 15 milhões de euros aos cofres azuis e brancos, recordou que passou "quatro anos, quase cinco, muito intensos" em Portugal, pelo que estava na altura de partir.

"Só tenho lembranças maravilhosas do clube, guardo tudo com um carinho muito bom. Não foi fácil deixar o país e o clube, porque me sentia muito bem e feliz. Mas foquei-me na minha profissão e nos meus sonhos particulares e segui o caminho", afirmou.

Alex Telles desmentiu, ainda, de forma categórica os rumores que apontavam para que tivesse forçado a saída do Dragão: "Nunca falei em sair, o presidente sabe disso. Isso porque me sentia muito feliz e à vontade, estava a realizar muitos sonhos no clube, a nível coletivo e individual, mas todas as profissões têm sonhos e objetivos e nunca escondi que a Premier League era um sonho de criança e um sonho de atleta que sou".

Telles assume ainda que nunca pensou em sair livre do FC Porto. "Sempre deixei muito claro, e o presidente sabe, que não queria sair livre do clube. Nunca quis sair livre do clube. Quando cheguei disse que queria deixar um legado e, em todos os clubes onde entrei, saí pela porta da frente. No FC Porto, por quem tenho tanta gratidão e carinho, não queria que fosse diferente. Então não queria sair dessa forma".

"Esperei a oportunidade certa, mas nunca deixei de fazer o meu presente, de fazer valer a pena o momento em que estava no clube. Por isso sou muito grato ao FC Porto, aos portugueses e a todo o país, especialmente no Norte, que sempre me deram muito carinho para chegar onde estou hoje", completou.

Jorge Jesus quer Willian Arão ou William Carvalho em janeiro. O brasileiro e o português são os dois alvos do treinador para o reforço da posição 6, na reabertura do mercado de transferências. Os encarnados têm outros nomes referenciados, mas o amadorense insiste nos referidos jogadores. Além de Lucas Veríssimo, cada vez mais próximo da Luz, os encarnados definiram como prioritária a contratação de um médio-defensivo. Jesus já utilizou Gabriel, Weigl e Samaris naquele lugar, mas fez saber que pretende um elemento com outras características, que dê agressividade ao ‘miolo’.
Segundo o jornal Record apurou, o treinador tem conversado com o presidente das águias, Luís Filipe Vieira, sobre a vinda do tal médio. E, de acordo com o diário, tem pressionado, no sentido de a SAD avançar para a contratação ou do jogador do Flamengo ou do internacional português do Betis. A preferência de JJ explica-se por serem dois jogadores bem conhecidos do treinador do Benfica. O amadorense quer contar com um elemento experiente, que não necessite de adaptação, para atacar a segunda metade da época. Ora, Arão e William (ambos com 28 anos) conhecem as suas ideias e sabem o que pretende de um 6.
O desejo de Jesus pode, no entanto, ser difícil de concretizar. Relativamente a Arão, o Flamengo está a discutir o título de campeão brasileiro – ocupa o segundo lugar da Série A do Brasileirão – e não quer abrir mão de um elemento influente, com as expectativas intactas. William é um sonho antigo de Jesus. Neste caso, além do elevado salário que o jogador formado no Sporting aufere, o Betis só está disponível para o transferir a troco de 20 milhões de euros, verba que os encarnados não estão dispostos a desembolsar.
Vieira e seus pares dão preferência a jogadores emprestados ou a contratações a baixo custo.

Andrés Rueda, recentemente eleito presidente do Santos, garante que Lucas Veríssimo continuará a representar o emblema paulista até final da participação na Taça Libertadores. Se tal se confirmar, o defesa-central pretendido pelo Benfica poderá chegar à Luz apenas na última semana de janeiro. É que se o emblema brasileiro ultrapassar o Boca Juniors, nas meias-finais (6 e 13 de janeiro), disputará a final da competição, agendada para 23 . “Só gosto de falar sobre vendas depois de tudo estar devidamente assinado. Não falo sobre valores, sobretudo de um assunto que está a ser comentado há muito tempo. Posso garantir que o Veríssimo permanece no Santos, até final da Libertadores”, vincou Rueda, à Rádio Bandeirantes. Embora só assuma funções no início de janeiro, Rueda já está a negociar diretamente com o Benfica a transferência do central. Como Record noticiou, o Santos sempre fez ponto de honra ficar com o jogador enquanto estiver a disputar a Libertadores. E exigiu que as águias aceitassem essa pretensão, por escrito, algo que desagrada à SAD liderada por Luís Filipe Vieira.
Nada disso invalida que o central, de 25 anos, se mude para o Benfica no próximo mês. A transferência está bem encaminhada, depois de as águias terem apresentado nova proposta, que prevê o pagamento dos 6,5 M€ em três parcelas, até 2022. Nesta altura, falta perceber quando é que o jogador rumará à Europa.

O clima na estrutura benfiquista é de tensão. A reprimenda de Luisão aos jogadores no final da Supertaça Cândido de Oliveira, em Aveiro, que terminou com a vitória do FC Porto por 2-0, deixou não apenas Jorge Jesus e alguns jogadores incomodados, mas também Rui Costa e é muito provável que o presidente dos encarnados, Luís Filipe Vieira, seja chamado a intervir, escreve A Bola.
O vice-presidente que continua a acumular o cargo de diretor desportivo (e ainda mais influência passou a ter depois de conhecida a saída do diretor-geral, Tiago Pinto, para a Roma) terá considerado que a intervenção do antigo central pôs em causa a sua autoridade, bem como a do treinador, num ato público e a quente. As imagens mostraram, de resto, a insatisfação de Rui Costa.
O caso foi naturalmente tema de conversa interna e não é claro, para já, que tipo de repercussões terá no curto prazo (se é que as haverá) porque o contexto é, também, novo: Luisão foi para o banco pela primeira vez devido à baixa de Tiago Pinto (infetado por Covid-19), que também já não voltará porque entretanto irá iniciar funções nos romanos a partir do dia 1 de janeiro.
Coloca-se, por isso, algumas questões: irá o diretor técnico continuar no banco no futuro? Se não, é porque já estava planeado antes do que se passou em Aveiro ou o mal-estar ajudará a manter Luisão mais afastado do calor dos relvados?
Estas decisões serão tomadas, por Luís Filipe Vieira, que provavelmente terá de ser chamado a balizar espaços de ação e decisão e gerir personalidades. Luisão sempre foi um capitão mesmo antes de envergar a braçadeira. De sangue quente, mas impondo autoridade e levando todos a bordo, motivos que levaram o presidente das águias a trazer, este ano, o brasileiro para mais junto do plantel — aquilo a que na gíria se chama de transmitir a mística.
Terá sido na interpretação desse papel que o antigo n.º 4 quis deixar a sua marca, ainda com as emoções ao rubro e influenciado pelo cheiro da relva pisada, falando da «dor da derrota», como justificou mais tarde numa publicação na rede social Instagram. Para uns foi uma entrada a pés juntos, para outros a intervenção musculada que a equipa há muito precisava perante a falta de chama que o Benfica tem vindo a exibir. Só o tempo dirá se este abalo serviu para alargar fendas ou para... despertar.