"Qualquer dia, até se pedia uma AG de destituição só porque o Varandas tinha batido no cão"; "Vieira? Ele só ganha e só aparece quando pode recolher os louros! Porque nunca é responsável de nada que não seja ganhar!"; Rafa voltou à ala para travar Corona mas mexicano fez o que quis no corredor direito

Rafa cumpriu o terceiro jogo seguido no campeonato, mas Bruno Lage optou por voltar a utilizá-lo a extremo-esquerdo, posição em que se notabilizou na reta final da caminhada do Benfica rumo ao título nacional em 2018/19. Ao que Record apurou, a razão prendeu-se com a colocação de Jesús Corona como lateral-direito do FC Porto.

O técnico das águias quis travar as subidas do mexicano por aquele corredor do campo, apostando para isso na velocidade do internacional português. Contudo, e até tendo por base os números da partida, o camisola 27 do Benfica não se deu bem no frente-a-frente com Corona, extremo de origem.

Imagem Record

Quem ficou de fora foi Franco Cervi, jogador que ganhou protagonismo com a lesão prolongada de Rafa, contraída a 23 de outubro ante o Lyon, e havia sido titular nos últimos cinco jogos oficiais. A presença do internacional argentino em detrimento de Rafa poderia, no entender de Lage, ser interpretada como um ‘convite’ aos dragões para explorar aquele corredor, pois o camisola 11 costuma funcionar como apoio de Grimaldo, nas tarefas defensivas.

Os golos do FC Porto no Estádio do Dragão aconteceram por aquele flanco. O 1-0 principiou com uma jogada de Otávio, que cruzou atrasado para a acrobacia de Sérgio Oliveira. Já o 3-1 só foi possível após uma arrancada de Marega pela direita, deixando Ferro para trás, que culminou com o autogolo de Rúben Dias.

Em vez de Cervi, Lage apostou em Chiquinho no onze. O ex-Moreirense regressou à equipa para reeditar a dupla com Vinícius no ataque, mas também para ser o terceiro médio, como o próprio treinador setubalense haveria de referir na conferência de imprensa, após o clássico.

Gomes da Silva, o silêncio de Vieira e falta do "fato de treino preto dos momentos importantes". Rui Gomes da Silva dedicou parte da crónica que semanalmente assina no blogue 'Novo Geração Benfica' à derrota dos encarnados frente ao FC Porto, no Dragão, e concluiu que a formação da Luz teve medo. Criticou também a atuação do VAR no clássico, bem como o silêncio de Luís Filipe Vieira depois do jogo.
"Contra o FC Porto, confirmou-se a velha máxima: Quem tem medo de ganhar, acaba sempre por perder! Foi o que aconteceu, anteontem, ao Benfica! E quando quisemos ganhar, já não conseguimos! Por momentos - quando vi as alterações introduzidas no 11 inicial - recordei-me logo de outros tempos, em que começávamos a perder estes jogos grandes nas decisões da equipa técnica! O que não se percebe são estes receios, este medo, contra quem está a jogar muito menos que o Benfica!", considerou.
"O que vale é que, depois de sábado, a vida voltará - estou convicto - ao normal já na próxima jornada! Na Luz e em Guimarães!", vaticinou.
O antigo vice-presidente dos encarnados aponta erros na arbitragem de Artur Soares Dias - "mas o Benfica, como constatamos, com tanta gente 'lá dentro', só ataca depois de perder" - e ao VAR. "Para mim o mais escandaloso de todos os casos no Dragão: a não expulsão de Marega, aos 3 minutos, por uma agressão inadmissível, que o VAR não quis ver!"
O facto de Luís Filipe Vieira não ter falado publicamente depois do jogo mereceu também duras críticas por parte de Rui Gomes da Silva. "No sábado esperávamos todos pelo que seria uma oportunidade de ouro para o presidente, que só aparece quanto ganhamos, dar a cara num momento menos feliz da equipa. Afinal confirma-se! Ele só ganha e só aparece quando pode recolher os louros! Porque nunca é responsável de nada que não seja ganhar! Ou - se calhar - alguém se esqueceu de lhe meter o fato de treino preto dos momentos importantes e impediu as declarações..."
"De uma maneira ou de outra - o que importa reconhecer - é que a culpa não é dele! Da equipa, do Lage, do Tiago, até - quem sabe - do tratador de relva - mas dele isso nunca! Perante ataques com bolas de golfe ao nosso guarda-redes, por uma arbitragem num só sentido em partes do jogo, e perante a frustração de todos os benfiquistas com a derrota, era obrigação do presidente dar a cara e falar aos sócios e adeptos. E também assim mandar uma mensagem clara e pública ao Conselho de Arbitragem. Afinal, duas faces da mesma moeda!"

Abrantes Mendes pede mão pesada para "minorias ruidosas" do Sporting. Sérgio Abrantes Mendes, juiz desembargador e antigo presidente da Mesa da Assembleia Geral (MAG) do Sporting, sublinha que a violência e instabilidade gerada pelas claques é tema para gerir sem perdão.
"São casos de polícia que têm de ser tratados nessa exata medida e não ser olhados como fator de divisão, porque eles não dividem nada, só arranjam problemas. Estas minorias ruidosas não vão para o futebol para a festa, mas para arranjar problemas. Quando o Estado atuar a sério, esses valentões vão ser postos no lugar que merecem. Os sócios do Sporting querem que o poder caia na rua? É a grande questão. O que está em jogo, agora, é calar essa gente sem vergonha, cobarde, e que não tem lugar no desporto nacional", declara, em entrevista à RR.
Entretanto, a Juventude Leonina, principal claque do Sporting, demarcou-se das alegadas agressões a membros da direção do clube, antes do jogo com o Portimonense. Em comunicado, o grupo organizado de adeptos salientou que, da sua parte, "jamais seria tolerado qualquer ato de violência", durante a manifestação contra Frederico Varandas.
Abrantes Mendes foi duas vezes candidato à presidência do Sporting e, tal como os restantes associados leoninos, aguarda pela decisão de Rogério Alves, atual presidente da MAG, de convocar ou não uma assembleia geral para decidir sobre a continuidade em funções da direção de Frederico Varandas. O juiz desembargador entende que uma reunião magna para demitir a atual direção não tem pés nem cabeça.
"Os mandatos são para se cumprir. Não se vai pôr tudo em causa porque alguém não está de acordo. Isto faz parte da estratégia de uns senhores que se julgam donos do clube, mas os donos são os associados e esses já se pronunciaram sobre quem queriam ver à frente dos destinos do clube. Qualquer dia, até se pedia uma assembleia geral de destituição só porque o presidente Varandas tinha batido no cão. Portanto, eu espero que o pedido seja indeferido, até porque não tem pés nem cabeça."
No que ao futebol diz respeito, o Sporting está de volta ao terceiro lugar do campeonato, depois de ter ganho ao Portimonense. Abrantes Mendes acha que os três centrais foram má opção de Silas e deteta sinais de maior consistência na adaptação à saída de Bruno Fernandes.
"O Sporting é uma equipa com limitações, é óbvio, e que vai fazendo o seu caminho, que é difícil, em face das saídas que tem de enfrentar. Pouco a pouco, a equipa já vai demonstrando alguma consistência. Assimilou novas ideias, apesar de eu pensar que há opções do treinador que não surtiram efeito, nomeadamente a questão dos três centrais, até porque o Sporting não tem jogadores com qualidade para jogar naquele sistema. Resta aguardar com serenidade", refere Abrantes Mendes.