Opinião: Horizonte vermelho

Esta semana de pouco futebol teve como principais motivos de interesse o Portugal – Bósnia e a mini novela do sucessor de Paulo Bento.
Mas antes vamos a um pequeno comentário ao Benfica – Santa Clara. Neste jogo o Benfica confirmou que é esta época um autêntico papa-taças, pelo menos daquelas que pouco interesse têm, veremos se também tem pedalada para ganhar as mais importantes ou se é apenas o pardal que come todo o primeiro milho. O Benfica apresentou-se praticamente sem titulares e ganhou com alguma sorte pois o Santa Clara teve ao longo do jogo mais e melhores oportunidades. Mas quem não marca não ganha. Destaques para os jovens Danilo, Ruben Pinto e Keirrison, que marcou um belo golo mostrando finalmente um pouco do muito valor que lhe é atribuído. Mais importante do que a vitória, o Benfica mostrou que está a preparar o futuro contando com jovens jogadores formados no clube. Uma palavra de apreço para o Santa Clara que mostrou empenho e um fio de jogo agradável falhando no entanto na concretização das jogadas.
Portugal – Bósnia : Vitória portuguesa conseguida com alguma sorte num jogo que não me deixou nada descansado sobre o resultado da eliminatória. De facto não percebo a euforia da imprensa perante uma exibição que foi em minha opinião bastante fraca e em que os bósnios mostraram grande facilidade em chegar à nossa baliza como ficou demonstrado pelos três remates à barra e aos postes. Valeu o golo de Bruno Alves, a excelente exibição de Pepe, o grande empenho de Liedson que atacou pouco mas defendeu muito e... pouco mais. Nani, que é um bom jogador, tem tiques de vedetismo que não lhe ficam bem, parecendo às vezes um menino mimado a quem não fazem a vontade seja nos lançamentos de linha lateral seja em pseudo faltas que sobre ele não foram cometidas. Também Paulo Ferreira não fez grande exibição e acho, com o devido respeito, que Miguel seria melhor para este jogo, disputado em nossa casa e em que ganhar por vários golos devia ser o objectivo. Simão e Deco não fizeram a diferença, jogando de uma forma intermitente. Enfim, esperemos que na Bósnia as coisas corram bem, contando desde já com o facto de três jogadores bósnios não poderem jogar devido a acumulação de cartões amarelos, afectando muito a estrutura defensiva da Bósnia. Vamos a eles procurando não apenas defender mas também jogando para marcar pelo menos um golo, o que facilitaria muito o apuramento para o mundial.
O Sporting lá conseguiu à terceira tentativa arranjar treinador. É verdade que nos clubes da segunda circular quase nada se faz sem a comunicação social fazer grande alarido, havendo fugas de informação constantes, ao contrário do clube do Norte onde funciona uma espécie de lei da Omerta à nortenha. Isso faz com que os clubes tenham que tomar decisões debaixo da pressão da opinião pública e fragiliza as pessoas que são escolhidas para os cargos em segundas ou terceiras escolhas. É o caso do novo treinador do Sporting. Depois da recusa de André Villas Boas, recusa essa que terá ao que parece razões que só serão conhecidas lá para o final da época...e de um incompreensível convite a Jorge Costa, que já tinha declarado há algum tempo que dos grandes só aceitaria treinar o FC Porto, o Sporting virou-se para Carlos Carvalhal, treinador que só tem obtido algum sucesso em clubes pequenos, exceptuando talvez a conquista da Taça da Liga pelo Vitória de Setúbal. Já esta época foi despedido do Marítimo e o seu sucessor de recurso tem obtido melhores resultados, quase apetecendo perguntar porque é que o Sporting não convidou antes Van der Gaag. Não quero dizer que Carvalhal não possa ter êxito no Sporting. Irá com certeza pedir mais e sobretudo melhores jogadores, terá tido por certo essa garantia antes de ter aceitado o convite e precisará de fazer um trabalho de recuperação psicológica dos jogadores que tem por agora ao seu dispor. Também ele próprio terá que ser forte mentalmente para aguentar a pressão a que será submetido pelos adeptos. Enfim, nada fácil a tarefa deste jovem e ambicioso treinador. Que tenha sorte e saber para levar de volta o Sporting à luta directa com os outros dois grandes clubes de Portugal.
Robert Enke faleceu vítima de uma doença silenciosa que atinge muito mais pessoas do que se possa pensar. Não há palavras para a tristeza que se sente perante o infortúnio deste valoroso jogador e da sua família.

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