Opinião: Horizonte vermelho

Terminou mais um campeonato e nada mudou infelizmente no nosso futebol. Durante algumas jornadas parecia que iria ser diferente, com o aparecimento do Leixões na luta pelos primeiros lugares e com os três principais clubes com pouca diferença de pontos entre si. No entanto o Leixões não aguentou a pedalada, digamos assim, pois os adversários começaram a ter outros cuidados quando o enfrentavam e o efeito surpresa foi-se esfumando. Terminou mesmo assim num excelente sexto lugar, às portas do acesso de uma prova europeia.

O FC Porto, por paradoxal que pareça, ganhou com justiça mas sem afastar as nuvens de suspeição que o acompanha. A 17ª jornada teve grande importância no desfecho do campeonato. Nessa jornada o Benfica foi impedido de ganhar ao Porto nas Antas, o que faria com que passasse para o primeiro lugar. Foi marcado ao Benfica um penalti derivado de uma simulação grosseira, que foi posteriormente castigada pela CD da Liga, mas entretanto o mal estava feito. Que aconteceria se o Benfica tivesse saído das Antas com a vitória, à frente no campeonato e em vantagem no confronto directo com o Porto? Certamente muito moralizado e deixando o adversário combalido. Mas o que se passou foi uma espécie de aviso: Nós ainda mandamos nisto, talvez não tanto como dantes mas o suficiente para Benfica e Sporting não terem ilusões.
Voltámos portanto a ter o vencedor do costume: Um clube condenado por tentativa de corrupção, com variadas e fundamentadas suspeitas sobre o seu comportamento, que indiciam os mais variados favores a árbitros, correspondidas por arbitragens vergonhosas, que lhe vão permitindo ser campeão épocas a fio tenha boas ou más equipas. A deste ano até era uma boa equipa, mas isso para o FC Porto é um pormenor. Vai portanto o Porto manter o treinador, quanto ao presidente nem se fala, pois precisa mais ele do clube que o clube dele.

O Benfica e o Sporting, pelo contrário estão num processo que pode levar a mais uma vez mudarem de treinador, de presidente, de equipa, etc. Escondem a cabeça na areia,(principalmente o Sporting) e não assumem que enquanto o Porto dominar os bastidores do futebol português só quase por acidente outro clube será campeão.
E assim assistimos a esta situação, única na Europa, de um clube dispor a seu belo prazer, já vai para uns vinte anos, do futebol em Portugal. Em política somos o País da Europa que mais tempo viveu em ditadura. Parece que no futebol também teremos esse triste record.
No Sporting o presidente sempre se vai embora, coisa que eu não esperava, sempre pensei que ele tinha anunciado que não se recandidatava na esperança que a famosa vaga de fundo o levasse a reconsiderar. Ou não houve vaga de fundo ou é homem de palavra o que é de enaltecer. Há entretanto um candidato que afirma que será Eriksson o treinador do Sporting, se ele ganhar claro está. Seria óptimo para o futebol português se um treinador desta categoria para cá voltasse mas, com o devido respeito pelo candidato, só mesmo ouvindo da boca de Eriksson…
O Benfica tem entretanto mais uma novela chamada: “treinador da próxima época”. Volto a afirmar que não concordo com a possível mudança de treinador. O Benfica parece estar a comprar bons jogadores para as posições que precisava, porque não se dá uma oportunidade ao treinador actual de aprofundar o seu trabalho com uma equipa que já melhor conhece os seus métodos?

Disputou-se a final da Taça de Portugal. Parabéns ao Paços de Ferreira por a ela ter chegado. Se disputasse a final com qualquer outro clube haveria alguma emoção. Talvez o Paços com mérito e sorte conseguisse vencer. Com quem foi tratou-se de cumprir calendário.
Por ultimo o flagelo dos salários em atraso. Estou para ver se os regulamentos que vão ser feitos para prevenir esta situação, serão claros e transparentes ou se terão uma redacção dúbia que permita aos chicos espertos prolongarem esta vergonha.