Gyokeres e o... Arsenal; Sporting passa a controlar 88% da SAD. Investidor a caminho; "Não me lembro de ninguém do Benfica meter 2 mil euros na conta de um árbitro"

Pode ser apenas uma formalidade, porque está anunciada desde o final de dezembro, mas é "a" formalidade que abre um novo capítulo na história do Sporting: a partir de hoje, com a conversão dos VMOC recomprados ao Novo Banco, o clube passa oficialmente a controlar 88% da SAD, reforçando uma posição maioritária que já estava traduzida na posse de 84% do capital.

O processo que termina esta quinta-feira decorreu desde o passado dia 8, na sequência da realização de três Assembleias Gerais (da SAD, dos detentores de VMOC 2010 e dos detentores de VMOC 2014), que autorizaram a antecipação do prazo de conversão dos VMOC (Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis) – que, no limite, podia ser feita  até 2026 mas passa a estar consumada a partir de agora.

A informação enviada à CMVM previa, em concreto, que o pedido formal seria realizado "entre os dias 8 e 15 de fevereiro de 2024" e a conversão considerar-se-ia "efetuada, nos termos da lei, a 15 de fevereiro de 2024."

Isto significa, na prática, que entra no capital da SAD um valor equivalente a esses VMOC que, apesar de terem sido recomprados por 15,4 milhões de euros, fruto de um acordo que abrangeu também o Millenium bcp, têm um impacto real de 51,4 milhões, o preço a que o Novo Banco comprou os títulos nas emissões de 2010 (27,4 milhões de euros) e de 2014 (24 milhões) – a operação traduziu-se num ‘desconto’ de 70%, já que o Sporting recuperou os VMOC por 30%  do custo inicial.

Recorde-se que, para concretizar esta recompra, o Sporting antecipou receitas do contrato da NOS, no valor de cerca de 50 milhões de euros, por meio de um financiamento com a Sagasta.

Com esta injeção de 51,4 milhões de euros, o capital social da SAD do Sporting passará dos atuais 150 milhões para cerca de 202 milhões, dos quais cerca de 177 M€ (os tais 88%) controlados pelo Sporting.

O acordo com o Novo Banco fechou um ciclo de 9 anos na SAD do Sporting, ao ‘rasgar’ de vez o plano de reestruturação assinado pela direção de Bruno de Carvalho em 2014.

"Este é um marco histórico na vida do clube. (…) Um passo que permite arrancar a fase 2.0 do planeamento estratégico, criando as condições para a entrada de uma parceria estratégica minoritária no capital na SAD, para que exista um reforço da política de investimento, da melhoria da experiência de todos os sócios e da globalização do clube", anunciou a direção de Frederico Varandas, em comunicado, no final de dezembro.

Por outras palavras, a partir deste dia 15 de fevereiro de 2024 o Sporting ficará livre para iniciar negociações oficiais com um potencial investidor externo, no sentido de vender uma parte minoritária do capital.  A margem para o fazer é agora ainda maior, na certeza de que a administração de Frederico Varandas não abdicará de manter a maioria do capital nas mãos do clube.

A ideia em Alvalade é "iniciar um novo ciclo (…), em que o clube possa, de forma constante e inequívoca, estar na disputa da liderança de todas as competições desportivas, de forma sustentável e sustentada, com foco na criação de valor a longo prazo."  Na visão de Varandas, ao criar "as condições para a entrada de uma parceria estratégica minoritária no capital na SAD", será possível promover o "reforço da política de investimento, a melhoria da experiência de todos os sócios e a globalização do clube."

Os donos do Chelsea, um consórcio liderado por Todd Boehly, estão interessados em adquirir parte do capital da SAD do Sporting. O empresário norte-americano, de 50 anos, já veio dizer que vê Portugal como "o sítio perfeito" para investir noutro clube de futebol, depois de ter adquirido o Chelsea em maio de 2022. "Precisamos de colocar os nossos jovens jogadores em países como Portugal ou Bélgica para se desenvolverem", referiu Boehly, que quer seguir um modelo semelhante ao City Group, uma rede a nível global, tendo já investido 75 milhões no Estrasburgo.

"Não me lembro de ninguém do Benfica meter 2 mil euros na conta de um árbitro". Com a condenação em primeira instância de César Boaventura, no âmbito de um processo que investigou a tentativa do empresário, alegadamente, em corromper jogadores então do Rio Ave, no ano de 2016, Paulo Andrade, ex-dirigente do Sporting, pediu que as autoridades desportivas pudessem abrir um inquérito para averiguar a posição do Benfica.

Aquele ex-responsável verde e branco salientou que são "ene casos" que envolvem o nome do Benfica que, apesar de não ser condenado em nenhum deles, deveria, na ótica de Paulo Andrade ser avaliado pelas instâncias da justiça desportiva.

Diamantino Miranda, antigo capitão do Benfica, ouviu na CMTV as palavras de Paulo Andrade e desafiou a justiça desportiva a analisar "todos" os casos que possam envolver vários clubes.

"A todos. Ao Cashball, aos envelopes", desafiou Diamantino Miranda, respondendo assim a Paulo Andrade. "Investiguem todas", vincou o antigo jogador de futebol, deixando uma lembrança ao leão.

"Não me lembro de ninguém do Benfica ter metido dois mil euros na conta de um árbitro ou de um fiscal de linha, um árbitro auxiliar", atirou Diamantino Miranda, em alusão ao caso em que Paulo Pereira Cristóvão, então vice-presidente do Sporting, alegadamente, depositou dinheiro na conta de um árbitro auxiliar.

"Ele era vice-presidente de quem? Do Freixo de Espada à Cinta ou do Sporting?", perguntou Diamantino Miranda. "Era vice-presidente de um clube, vai meter dois mil euros na conta de um árbitro auxiliar, ou árbitro, não interessa".

"Aí, o Sporting não tem rigorosamente nada que ver. Mas do César Boaventura aí já há convicção que foi mandado por alguém. Não consigo perceber", reconheceu Diamantino Miranda.

Gyokeres e o... Arsenal. O mercado de transferências de inverno encerrou há pouco mais de duas semanas, mas o Arsenal já está de olhos postos na janela de verão, na qual um dos principais objetivos passará por adquirir uma nova opção para a frente de ataque.

Esta quinta-feira, o jornalista britânico Tom Canton faz uso do espaço de opinião que assina no portal Football.London para defender que Viktor Gyokeres reúne todas as condições para ocupar essa vaga, dados os argumentos que tem apresentado, ao serviço do Sporting, esta temporada.

"O sueco marcou 27 golos e acrescentou outras 11 assistências à contagem, pelo que tem 38 contribuições para golo em 29 jogos, em todas as provas. São mais 11 do que Erling Haaland, que só fez menos três jogos, mais uma do que Kylian Mbappé e mais duas do que Harry Kane", refere.

"Aos 25 anos, Gyokeres está no palco ideal para dar outro salto em competição, e isso vem com uma cláusula de rescisão. No entanto, é um salto significativo tendo em conta aquilo que o Sporting pagou, há menos de um ano", prossegue.

"Ainda que o avançado não fosse a contratação recorde do clube, ao contrário do que aconteceria se avançassem por Victor Osimhen, os 100 milhões de euros de cláusula de rescisão permanece um preço elevado a pagar", completa.