Não obstante erros determinantes, em especial nas provas europeias (Liga dos Campeões e Liga Europa) e na final da Allianz Cup contra o FC Porto, o experiente espanhol vai continuar a merecer a confiança da equipa técnica para manter-se como o número 1, mas verá o seu espaço de manobra reduzido, escreve o Record. Até porque, depois de Amorim ter reconhecido que o Franco Israel "foi dos jogadores que evoluiu mais", também admitiu que lhe podia ter dado mais ‘andamento’ na época (fez apenas 8 jogos). "O Franco deu passos em frente. Não só o Adán, todos terão de começar do zero e lutar por um lugar", alertou, antes do Vizela, jogo para o qual Adán já estava disponível, após cumprir castigo, mas mesmo assim foi Israel o escolhido, por recomendação dos treinadores de guarda-redes, Vital e Tiago Ferreira. O plano passa, por isso, em dar-lhe a titularidade nas Taças – inclusive nas fases decisivas – e ao mesmo tempo deixar Adán... em bicos dos pés.
Adán vai arrancar 2023/24 com 36 anos (fará 37 em maio), mas ainda não pensa no fim da carreira. "É cedo para antecipar cenários, o foco dele é ajudar o clube", vincara o seu agente, Iñaki Espizua. Ainda assim, a próxima época colocará em marcha o plano de sucessão ao espanhol, até porque em 2024 termina contrato com o clube.
"Benfica e FC Porto têm disputado os títulos de forma muito renhida". A conquista do 38.º cetro de campeão nacional na I Liga 2022/23 foi "fundamental" para o Benfica, que interrompeu um período de quase quatro anos sem títulos, aponta o antigo futebolista e secretário técnico das 'águias' Shéu Han.
"OBenfica tem uma característica que não lhe permite estar tanto tempo sem conquistar troféus. Houve esse esforço, essa entrega e quase uma reorganização total da estrutura que sustenta o futebol, de forma que pudesse dar apoio a este percurso. Naturalmente, a primeira entidade para além de uma equipa é a direção do clube, que, estando há pouco tempo [em funções], está de parabéns por algo fantástico e muito gratificante", assumiu à agência Lusa o ex-médio internacional português, que chegou a ser capitão dos lisboetas entre 1972 e 1989, ano em que transitou para a estrutura técnica, tendo ficado até 2018.
O Benfica resgatou no limite o título que fugia desde 2018/19, com 87 pontos, dois acima do 'vice' e então detentor do troféu FC Porto, mas até tinha entrado para as oito jornadas finais com 10 pontos de avanço - que passaram provisoriamente a 13 em pleno clássico da 27.ª ronda, vencido com reviravolta na Luz pela formação de Sérgio Conceição (1-2).
"Foi uma conquista merecida, muito difícil e renhida até ao último minuto, mercê também dessa grande prestação do FC Porto, que se empenhou na máxima força e era campeão em título. Isso só valorizou a conquista deste campeonato, que julgo ter sido gerido pelo Benfica em função de todas as vicissitudes que aconteceram durante o percurso. Não se perdeu o norte até ao último jogo e isso é merecedor do nosso louvor e apoio", analisou.
Um triunfo na receção ao lanterna-vermelha e já despromovido Santa Clara (3-0), na 34.ª e última jornada, devolveu os 'encarnados' aos títulos pela primeira vez desde a goleada ante o Sporting (5-0) na decisão da Supertaça Cândido de Oliveira de 2019, no Algarve.
"Há momentos e situações que não têm uma explicação plausível, mas, quem anda lá por dentro, percebe que essas quebras podem acontecer. Estas duas equipas [Benfica e FC Porto] têm disputado os títulos de forma muito renhida ao longo destes anos. A diferença resulta de algum pormenor e da melhor organização aqui ou acolá", sustentou Shéu, que conquistou nove campeonatos, seis Taças de Portugal e duas Supertaças como jogador.
Nove anos depois da 'dobradinha' somada nos austríacos do Salzburgo, o alemão Roger Schmidt foi o 15.º treinador estrangeiro a arrebatar a I Liga portuguesa com as 'águias', volvidos 18 anos sobre o êxito arrebatado pelo italiano Giovanni Trapattoni, em 2004/05.
"Tem todos os louvores que se possam atribuir pela postura muito tranquila e profissional como abordou o comando desta equipa, dando-lhe a tranquilidade de que precisava para desenvolver o trabalho que era necessário. Transmitiu as suas ideias e fez com que elas acontecessem. Sabemos que isso não é uma tarefa nada fácil, mas teve mérito", notou o ex-médio, que testemunhou a conquista de 25 cetros nacionais como secretário técnico.
Quanto às 89 edições do escalão principal, o técnico natural de Kierspe entrou no elenco de 29 não portugueses que já venceram uma edição, 17 anos depois de o neerlandês Co Adriaanse também ter sido campeão na sua época de estreia no FC Porto, em 2005/06.
"Sendo um treinador não conhecedor do futebol português, soube transmitir aos atletas a capacidade de poderem ter esta prestação que tiveram até ao último dia. Há ainda que registar a forte intervenção que ele teve na Liga dos Campeões. É uma prova de grande exigência, na qual toda a capacidade técnica é necessária para se evoluir quase até aos últimos momentos. Foi fantástico", expressou, após o Benfica ter ficado à frente de Paris Saint-Germain e Juventus no Grupo H e 'caído' face ao finalista Inter Milão nos 'quartos'.
Sem querer individualizar destaques na melhor ataque e defesa do campeonato, com 82 marcados e 20 sofridos, Shéu, de 69 anos, saúda as repercussões no plantel sénior do trabalho executado nas camadas jovens, com o defesa central António Silva, os médios Florentino e João Neves ou o avançado Gonçalo Ramos, segundo melhor marcador da prova, com 19 golos, a assumirem preponderância em momentos distintos desta época.
"Esta capacidade de abrir caminho aos mais jovens permitiu que existisse a possibilidade de o Benfica se apresentar com três ou quatro jogadores da formação, que vieram de lá há não muito tempo. O Benfica tem feito esse trabalho com todo o cuidado para que os jogadores cheguem a este patamar com a experiência necessária para responder a este grande desafio", notou o ex-médio, que fez duas épocas nas camadas jovens do clube.
António Silva, de 19 anos, e João Neves, de 18, estrearam-se na equipa principal meses depois da inédita conquista da UEFA Youth League pela equipa de juniores 'encarnada' (2021/22), com o médio a lograr igualmente a Taça Intercontinental de sub-20 (2022), ao passo que o central já competiu pela seleção principal portuguesa e foi ao Mundial2022.
Maior rodagem profissional apresenta Florentino, de 23 anos, que já tinha despontado no último cetro de campeão nacional do Benfica, em 2018/19, mas viria a perder espaço e andou cedido aos franceses do Mónaco (2020/21) e aos espanhóis do Getafe (2021/22).
Gonçalo Ramos, de 21 anos, tem crescido de influência desde que foi lançado na equipa principal, em 2019/20, contabilizando 41 golos em 106 jogos, 27 dos quais em 2022/23.
"É evidente que a prontidão que se espera numa formação não tem prazo. Normalmente, damos um prazo dilatado, mas, por isto ou por aquilo, há quem antecipe essa afirmação, que ter a ver com o trabalho feito e com a própria introspeção individual", delineou Shéu.
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