29 maio 2023

Histórico do Benfica sem dúvidas: "Benfica e FC Porto têm disputado os títulos de forma muito renhida"; O futuro de Bellerín; Sporting procura adversários de peso; Franco Israel aperta estatuto de Adán

As férias são mesmo só para alguns, pois nos bastidores já se trabalha para definir os adversários nos particulares que a equipa vai realizar no estágio em Lagos, escreve o Record. Após o regresso aos treinos no início de julho e um primeiro período preparatório na Academia, que deverá rondar as duas semanas, em meados do mês o leão faz as malas para o Algarve, para mais semana e meia de trabalhos, com nível de intensidade alta. Além das sessões diárias no Hotel Cascade, a equipa técnica quer preparar a nova época contra opositores de peso, à imagem do que sucedeu a Sul no último verão (jogos com St. Gilloise, Villarreal, Roma, Portimonense e Wolverhampton).
Há, no entanto, uma diferença fulcral em relação a 2022: desta vez, Amorim quer ter toda a equipa reunida uma semana antes do estágio. Os jogadores que forem às seleções vão começar mais tarde, mas terão um período de descanso menor do que nos últimos anos. Tudo para que o plantel esteja a 100% nos primeiros jogos oficiais.

Franco Israel aperta estatuto de Adán. O Sporting encerrou a época sem sequer o objetivo mínimo – leia-se, o 3º lugar na Liga – mas Franco Israel fechou o ano com chave de ouro. Após ter sido titular na baliza leonina nos derradeiros 2 jogos, com o Benfica e Vizela, o guardião, de 23 anos, tem pela primeira vez reais hipóteses de estrear-se pelo Uruguai, tendo sido chamado pelo novo selecionador, Marcelo Bielsa, para dois particulares em junho. Uma ascensão instantânea, até de certa forma inesperada, que coloca Adán em sentido para 2023/24, até porque Franco Israel tem de Amorim garantias de mais minutos.
Não obstante erros determinantes, em especial nas provas europeias (Liga dos Campeões e Liga Europa) e na final da Allianz Cup contra o FC Porto, o experiente espanhol vai continuar a merecer a confiança da equipa técnica para manter-se como o número 1, mas verá o seu espaço de manobra reduzido, escreve o Record. Até porque, depois de Amorim ter reconhecido que o Franco Israel "foi dos jogadores que evoluiu mais", também admitiu que lhe podia ter dado mais ‘andamento’ na época (fez apenas 8 jogos). "O Franco deu passos em frente. Não só o Adán, todos terão de começar do zero e lutar por um lugar", alertou, antes do Vizela, jogo para o qual Adán já estava disponível, após cumprir castigo, mas mesmo assim foi Israel o escolhido, por recomendação dos treinadores de guarda-redes, Vital e Tiago Ferreira. O plano passa, por isso, em dar-lhe a titularidade nas Taças – inclusive nas fases decisivas – e ao mesmo tempo deixar Adán... em bicos dos pés.
Adán vai arrancar 2023/24 com 36 anos (fará 37 em maio), mas ainda não pensa no fim da carreira. "É cedo para antecipar cenários, o foco dele é ajudar o clube", vincara o seu agente, Iñaki Espizua. Ainda assim, a próxima época colocará em marcha o plano de sucessão ao espanhol, até porque em 2024 termina contrato com o clube.

Betis pronto a atacar Bellerín. Jogador do Betis em 2021/22 por empréstimo do Barcelona, Bellerín pode voltar a vestir a camisola do emblema de Sevilha na próxima época: em Espanha, garante a imprensa que já há uma reunião marcada com o ala direito, de 28 anos, jogador livre no final de junho, dado que termina contrato com os culés. O Sporting tem opção por dois anos, mas dificilmente a exercerá.

"Benfica e FC Porto têm disputado os títulos de forma muito renhida". A conquista do 38.º cetro de campeão nacional na I Liga 2022/23 foi "fundamental" para o Benfica, que interrompeu um período de quase quatro anos sem títulos, aponta o antigo futebolista e secretário técnico das 'águias' Shéu Han.
"OBenfica tem uma característica que não lhe permite estar tanto tempo sem conquistar troféus. Houve esse esforço, essa entrega e quase uma reorganização total da estrutura que sustenta o futebol, de forma que pudesse dar apoio a este percurso. Naturalmente, a primeira entidade para além de uma equipa é a direção do clube, que, estando há pouco tempo [em funções], está de parabéns por algo fantástico e muito gratificante", assumiu à agência Lusa o ex-médio internacional português, que chegou a ser capitão dos lisboetas entre 1972 e 1989, ano em que transitou para a estrutura técnica, tendo ficado até 2018.
O Benfica resgatou no limite o título que fugia desde 2018/19, com 87 pontos, dois acima do 'vice' e então detentor do troféu FC Porto, mas até tinha entrado para as oito jornadas finais com 10 pontos de avanço - que passaram provisoriamente a 13 em pleno clássico da 27.ª ronda, vencido com reviravolta na Luz pela formação de Sérgio Conceição (1-2).
"Foi uma conquista merecida, muito difícil e renhida até ao último minuto, mercê também dessa grande prestação do FC Porto, que se empenhou na máxima força e era campeão em título. Isso só valorizou a conquista deste campeonato, que julgo ter sido gerido pelo Benfica em função de todas as vicissitudes que aconteceram durante o percurso. Não se perdeu o norte até ao último jogo e isso é merecedor do nosso louvor e apoio", analisou.
Um triunfo na receção ao lanterna-vermelha e já despromovido Santa Clara (3-0), na 34.ª e última jornada, devolveu os 'encarnados' aos títulos pela primeira vez desde a goleada ante o Sporting (5-0) na decisão da Supertaça Cândido de Oliveira de 2019, no Algarve.
"Há momentos e situações que não têm uma explicação plausível, mas, quem anda lá por dentro, percebe que essas quebras podem acontecer. Estas duas equipas [Benfica e FC Porto] têm disputado os títulos de forma muito renhida ao longo destes anos. A diferença resulta de algum pormenor e da melhor organização aqui ou acolá", sustentou Shéu, que conquistou nove campeonatos, seis Taças de Portugal e duas Supertaças como jogador.
Nove anos depois da 'dobradinha' somada nos austríacos do Salzburgo, o alemão Roger Schmidt foi o 15.º treinador estrangeiro a arrebatar a I Liga portuguesa com as 'águias', volvidos 18 anos sobre o êxito arrebatado pelo italiano Giovanni Trapattoni, em 2004/05.
"Tem todos os louvores que se possam atribuir pela postura muito tranquila e profissional como abordou o comando desta equipa, dando-lhe a tranquilidade de que precisava para desenvolver o trabalho que era necessário. Transmitiu as suas ideias e fez com que elas acontecessem. Sabemos que isso não é uma tarefa nada fácil, mas teve mérito", notou o ex-médio, que testemunhou a conquista de 25 cetros nacionais como secretário técnico.
Quanto às 89 edições do escalão principal, o técnico natural de Kierspe entrou no elenco de 29 não portugueses que já venceram uma edição, 17 anos depois de o neerlandês Co Adriaanse também ter sido campeão na sua época de estreia no FC Porto, em 2005/06.
"Sendo um treinador não conhecedor do futebol português, soube transmitir aos atletas a capacidade de poderem ter esta prestação que tiveram até ao último dia. Há ainda que registar a forte intervenção que ele teve na Liga dos Campeões. É uma prova de grande exigência, na qual toda a capacidade técnica é necessária para se evoluir quase até aos últimos momentos. Foi fantástico", expressou, após o Benfica ter ficado à frente de Paris Saint-Germain e Juventus no Grupo H e 'caído' face ao finalista Inter Milão nos 'quartos'.
Sem querer individualizar destaques na melhor ataque e defesa do campeonato, com 82 marcados e 20 sofridos, Shéu, de 69 anos, saúda as repercussões no plantel sénior do trabalho executado nas camadas jovens, com o defesa central António Silva, os médios Florentino e João Neves ou o avançado Gonçalo Ramos, segundo melhor marcador da prova, com 19 golos, a assumirem preponderância em momentos distintos desta época.
"Esta capacidade de abrir caminho aos mais jovens permitiu que existisse a possibilidade de o Benfica se apresentar com três ou quatro jogadores da formação, que vieram de lá há não muito tempo. O Benfica tem feito esse trabalho com todo o cuidado para que os jogadores cheguem a este patamar com a experiência necessária para responder a este grande desafio", notou o ex-médio, que fez duas épocas nas camadas jovens do clube.
António Silva, de 19 anos, e João Neves, de 18, estrearam-se na equipa principal meses depois da inédita conquista da UEFA Youth League pela equipa de juniores 'encarnada' (2021/22), com o médio a lograr igualmente a Taça Intercontinental de sub-20 (2022), ao passo que o central já competiu pela seleção principal portuguesa e foi ao Mundial2022.
Maior rodagem profissional apresenta Florentino, de 23 anos, que já tinha despontado no último cetro de campeão nacional do Benfica, em 2018/19, mas viria a perder espaço e andou cedido aos franceses do Mónaco (2020/21) e aos espanhóis do Getafe (2021/22).
Gonçalo Ramos, de 21 anos, tem crescido de influência desde que foi lançado na equipa principal, em 2019/20, contabilizando 41 golos em 106 jogos, 27 dos quais em 2022/23.
"É evidente que a prontidão que se espera numa formação não tem prazo. Normalmente, damos um prazo dilatado, mas, por isto ou por aquilo, há quem antecipe essa afirmação, que ter a ver com o trabalho feito e com a própria introspeção individual", delineou Shéu.

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