FC Porto perde de forma inglória em Milão; De até oito anos de prisão à descida de divisão: Benfica sob suspeita; Paulo Gonçalves condenado! "Para mim, simpatia e cortesia não são corrupção"

1-0. O FC Porto perdeu com o Inter, em Milão, na primeira mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões. Os dragões fizeram uma exibição personalizada e de grande nível, mas quebrou quando Otávio foi expulso.

Lukaku saiu do banco para dar a vitória à equipa italiana, com um golo apontado ao minuto 86. Oito minutos antes o FC Porto tinha ficado reduzido a dez elementos, com Otávio a ver o segundo cartão amarelo.

Paulo Gonçalves condenado! "Para mim, simpatia e cortesia não são corrupção". Paulo Gonçalves vai recorrer da condenação de dois anos e meia de pena suspensa, por um crime de corrupção ativa, no âmbito do processo E-toupeira. Foi o antigo assessor jurídico do Benfica quem o revelou ao jornal Record, no dia em que o coletivo de juízes proferiu  a sentença.

"A justiça tem feito o seu caminho e eu o meu. Paulatinamente tem-se feito justiça as partes envolvidas. Mas ainda há um caminho a percorrer, porquanto sou forçado a recorrer, pois apesar de ter sido absolvido de 49 crimes não me conformo com a condenação por um crime de corrupção", disse, acrescentando: "Para mim, simpatia e cortesia não são corrupção".

Paulo Gonçalves, de 54 anos, começou por ser acusado de 79 crimes, mas respondeu em julgamento por 50. Foi ilibado de 49 e condenado por um de corrupção ativa. O coletivo de juízes deu como provado que, pelo menos desde março de 2017, Paulo Gonçalves solicitou ao funcionário de justiça José Augusto Silva que acedesse a processos pendentes e lhe transmitisse informações relativas a esses processos, designadamente inquéritos que corriam no DIAP de Lisboa e Porto, ou outros a que conseguisse acesso dispersos por diversos tribunais.

Durante o julgamento, ficou para comprovado que "os acessos feitos a processos pelo arguido José Augusto Silva foram feitos a pedido do arguido Paulo Gonçalves e não por iniciativa do próprio José Augusto, como o arguido Paulo Gonçalves tentou fazer crer". Em contrapartida, o funcionário judicial recebia "tratamento privilegiado junto do Benfica, designadamente para assistência a jogos em condições favoráveis".

De até oito anos de prisão à descida de divisão: Benfica sob suspeita. As águias estão debaixo de olho do Ministério Público (MP), que suspeita agora de uma série de acontecimentos de 2018. Todavia, da suspeição à acusação e, consequentemente, à possível condenação vai uma distância muito grande, sublinha a jurista Soraia Quarenta. "A prova de corrupção é muito difícil e geralmente não é direta", frisa a advogada, ao Record.

Ainda assim, são várias as possíveis punições. "Pelo que foi veiculado na comunicação social, poderão estar em causa factos passíveis de integrar o crime de corrupção desportiva previsto na Lei 50/2007. Se o Ministério Público conseguir provar que existiram atos ou omissões destinados a falsear o resultado de uma competição desportiva, a pena criminal para este tipo de ilícito é de um a oito anos de prisão para quem é corrompido e de um a cinco anos para quem corrompe", esclarece.

Do ponto de vista do clube, o Benfica sofrerá duras consequências caso se venha a confirmar a prática de corrupção: "A nível desportivo, a sanção é de descida de divisão mais multa. Contudo, reforço que a prova de corrupção é extremamente difícil e não conhecendo o processo a fundo, apenas com as notícias veiculadas, não é possível concluir sequer que venha a ser proferida acusação e, eventualmente, após julgamento, uma condenação."

Soraia Quarenta entende que a informação agora divulgada – quer o penálti suspeito de Alfa Semedo, quer a proximidade entre Jorge Jesus e Luís Filipe Vieira quando o técnico já estava no Sporting – pode ser relevante. "A prova de corrupção é muito difícil, repito, e assim é preciso recorrer à chamada prova indiciária, ou seja, recolher todos os elementos que possam indicar que pode existir corrupção. Nessa ótica, compreende-se que o MP possa considerar que mensagens trocadas em alturas específicas ou certos acontecimentos em certos momentos possam ter relevância para concretizar a prática de um ilícito criminal. No entanto, por si só, a matéria trazida a público não dá um grau de certeza indubitável da prática de um crime", termina a jurista.

Lembre-se que Jesus e Vieira trocaram mensagens que a Polícia Judiciária considera significantes. O treinador e o antigo presidente do emblema da Luz mantinham até encontros secretos antes de jogos decisivos quando o amadorense já estava no rival Sporting. Aliás, em vésperas de dérbi entre águias e leões, a 5 de maio de 2018, Jesus enviou a seguinte mensagem ao ex-dirigente do Benfica: "Não tenho dúvidas de que nós dois sabemos mais a dormir do que eles acordados." Esse duelo entre os clubes lisboetas terminou empatado (0-0).