Dono do Chelsea pode investir num dos 'grandes' de Portugal; Renovação de Uribe no FC Porto pode ter-se complicado; “Benfica está acima de tudo o que os livros de estudo apresentam”

Quando na semana passada Todd Boehly lançou publicamente a ideia de investir no futebol português rapidamente a imprensa começou a tentar perceber qual seria o passo seguinte. Na altura, o jornal Record confirmou que o empresário norte-americano falou com fonte próxima de Jorge Mendes sobre o tema, mas não foram adiantados mais pormenores, nomeadamente qual seria efetivamente o alvo desse investimento. Alguns dias depois, num exercício hipótetico, o portal 'The Athletic' olhou ao futebol nacional e apontou alguns cenários.

O primeiro clube a ser falado no artigo é o Estoril, pese embora estar de momento na esfera de David Blitzer, o dono do Crystal Palace e dos Philadelphia 76ers. "Isso provavelmente tira-os da mesa, ainda que Blitzer, tendo tantas equipas, possivelmente poderia prescindir desta", escreve o artigo.

Mais acessível, pelo menos em teoria, seriam as duas opções seguintes a ser faladas. Primeiro o Vizela, um clube atualmente detido por empresários chineses. E isso, segundo o 'The Athletic', é algo facilitador pois, nas palavras do autor do artigo "não há um clube com dono chinês na Europa que não esteja para venda". Depois aparece o Casa Pia, um clube detido pelo empresário também norte-americano Robert Platek, que para lá dos gansos tem ainda o Sønderjysk Elitesport, na Dinamarca, e o Spezia, da Serie A italiana.

A terceira hipótese falada neste artigo é, provavelmente a mais difícil, mas sabendo-se do poderio financeiro de Boehly... tudo é possível. "Talvez ele pense 'já tenho os Dodgers, os Lakers e o Chelsea - vou agora apostar num dos grandes do futebol português'. E, em teoria, Benfica, FC Porto e Sporting estão disponíveis, porque são empresas listadas", escreve o 'The Athletic'. Ainda assim, logo de seguida aponta dois problemas: primeiro o facto de os acionistas das SAD dos grandes não terem vontade de vender as ações, como sucedeu a John Textor quando tencionou entrar no Benfica.

Depois, há o possível conflito de interesses por deter dois grandes clubes - juntando um português ao Chelsea -, já que a UEFA por regra impede que dois clubes detidos pela mesma pessoa ou grupo possam competir na mesma competição (no caso a Liga dos Campeões). Ainda assim, a verdade é que essa proibição já tem sido contornada, com RB Leipzig e RB Salzburgo a disputarem esta época, pela segunda consecutiva, a Liga dos Campeões. E isso talvez ajude a explicar a vontade do Chelsea em integrar na sua estrutura Christoph Freund, o atual diretor desportivo do RB Salzburgo, provavelmente tentando perceber os segredos que levaram a esse contornar das regras da UEFA.

Note-se que o interesse em Portugal deve-se à teórica maior facilidade para conseguir vistos de trabalho, já que por atuarem no nosso país os jogadores garantem 10 pontos para a obtenção desse visto. Se jogarem metade dos jogos da equipa, recebem mais 5 pontos e cumprem, assim, os necessários 15 para receber autorização para atuar na Premier League.

Além de Portugal, Boehly está de olho na Bélgica, com especial atenção para três equipas: Cercle Brugge, KV Kortrijk e KV Mechelen. A França, por atribuir 12 pontos para integrar jogadores extracomunitários, é também um país a ter em conta, com clubes como Angers, Auxerre, Lens e Lorient como potenciais futuros investimentos. A Holanda, o país onde o Chelsea já fez 'negócio' com o Vitesse, é outra possibilidade, ainda que visto num patamar inferior.

A continuidade de Uribe no FC Porto para além desta temporada é uma questão para a qual ainda não existe resposta. Os agentes envolvidos na transferência do colombiano para Portugal estiveram na Invicta para abordar o assunto, mas das conversas não resultaram uma conclusão animadora para os portistas. A diferença entre o que foi oferecido e o que é pretendido pelo médio mantém-se, mas no Dragão reina a esperança em poder segurar um jogador que tem sido fundamental para Sérgio Conceição desde que chegou, em 2023.

“Benfica está acima de tudo o que os livros de estudo apresentam”. O Benfica goleou o Marítimo por 5-0 e prossegue a sua caminhada vitoriosa na presente temporada. E esta onda de resultados positivos merece duas análises de Abel Xavier: um curto olhar ao desempenho de ontem, que acaba por não surpreender, e a forma como Roger Schmidt rapidamente montou uma equipa ganhadora. E isso, sim, surpreende o antigo internacional português.

“Há aqui duas realidades completamente diferentes. O Benfica luta por objetivos que não têm nada que ver com os objetivos do Marítimo, com uma qualidade tremenda”, resumiu, para justificar a goleada de ontem no Estádio da Luz, com golos de Rafa, Gonçalo Ramos (dois), de Neres e Draxler.

E segundo Abel Xavier, este triunfo assenta também no desempenho do técnico encarnado, sobre quem se levantaram dúvidas, mas que colocou o Benfica “acima de tudo o que os livros de estudo apresentam”.

“O Benfica consolidou um processo de crescimento que muita gente pôs em causa. A questão da equipa tipo, a gestão do esforço.  A dinâmica vencedora minimiza esse impacto. Uma coisa é recuperar sobre derrotas outra coisa é recuperar sobre vitórias. Podemos estar aqui a lançar um contexto completamente diferente de análise, porque o Benfica está acima da média, está acima de tudo o que os livros de estudo apresentam”, diz o ex-futebolista, em declarações na CNN.

Todavia, os elogios ao técnico do Benfica não se ficam pelos resultados. Para Abel Xavier, esse foi um efeito de outro fator: a preparação do técnico alemão, que demonstra um largo conhecimento do futebol em Portugal.

“Roger Schmidt não tinha o conhecimento da realidade do futebol português. E estudou o futebol português. Uma coisa é estudar o futebol português, outra coisa é estar dentro do futebol português”, avalia.

Abel Xavier vai mais longe e recorda as sucessivas dúvidas levantadas a cada vitória. Para o antigo internacional, o triunfo frente à Juventus deu mais um sinal positivo, em relação à capacidade deste Benfica.

“Pôs-se em causa se o Benfica teria o mesmo perfil na competição portuguesa e nas competições europeias. E, de facto, o Benfica tem o mesmo perfil”, afiança o ex-defesa, numa comparação com a estratégia adotada na I Liga e na Liga dos Campeões.

Claro que Roger Schmidt tira partido de um fator externo: o apoio dos adeptos. Nos primeiros minutos diante do Marítimo, o Benfica apresentou-se lento e pouco inspirado. E Abel Xavier, que esteve no Estádio da Luz, comprovou a importância dessa ajuda das bancadas.

“Quando a equipa está em lentidão de processos - o que aconteceu, no início do jogo com o Marítimo -, o próprio adepto aglutina, mobiliza e a equipa transforma-se completamente. Eu estive no estádio e vi que o 12.º jogador é muito importante para aquilo que está a acontecer no Benfica”, realçou, neste comentário ao jogo feito na CNN.