Amorim quer reforços...experientes; MP pode intervir e levar jogadores de Sporting e FC Porto a tribunal; Saco Azul: dono da empresa tinha números de árbitros na agenda

O empresário José Bernardes, um dos arguidos na investigação “Saco Azul” da Polícia Judiciária (PJ) e do Ministério Público (MP) e figura ligada às empresas “Dynethic”, “Best for Business” e “Questão Flexível”, teria em sua posse uma agenda com nomes e contactos de árbitros. Segundo adianta o Jornal de Notícias, esse documento foi encontrado pelos investigadores durante as buscas feitas a Bernardes, ele que é suspeito de ser o testa de ferro do Benfica num alegado esquema destinado a retirar dinheiro da SAD encarnada, num valor que terá atingido quase dois milhões de euros, via serviços fictícios de consultoria.

Esta revelação avançada pelo diário surge depois de o nome do ex-árbitro de futebol Bruno Paixão ter sido envolvido no processo por alegadamente, e em notícia avançada pela TVI e CNN Portugal, ter recebido dinheiro da “Best for Business”. O antigo juiz da Associação de Futebol de Setúbal defendeu, mais tarde, que os pagamentos recebidos foram por um suposto serviço de controlo de qualidade mas a investigação vê aí indícios de eventuais subornos com vista à adulteração da verdade desportiva. O que, se se vier a confirmar como provado sem margem para dúvidas, coloca o Benfica em risco de sanções pesadas, com a despromoção de escalão.

Ontem, o CM apontava também que uma testemunha ouvida garantia terem saído malas de dinheiro vivo do Benfica para equilibrar as contas da Promovalor, empresa do ex-presidente Luís Filipe Vieira, também ele arguido no “Saco Azul”, tal como o ex-diretor financeiro da SAD do Benfica, Miguel Moreira e o CEO Domingos Soares de Oliveira.

O episódio de agressões no final do FC Porto e Sporting continua a fazer correr tinta e arrisca terminar nos tribunais. É que o enquadramento das leis de espetáculos e eventos desportivos retrata este tipo de situações de violência como crime público, prevendo uma possível "pena de prisão de 6 meses a 4 anos, ou com pena de multa até 600 dias" - é tudo de acordo com o Artigo 33° da 'Lei da Violência do Desporto', que deve levar o caso até ao Ministério Público (MP).

As agressões vistas e transcritas no Dragão devem conduzir o organismo a abrir uma investigação, havendo a necessidade de que jogadores, dirigentes e elementos afetos ao jogo visados na polémica sejam ouvidos em tribunal. Neste caso, fruto da situacão ocorrida e reportada pelo Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), além dos elementos exteriores (coletes azuis) visados em agressões, também os jogadores de Sporting (Palhinha, e Tabata) e FC Porto (Marchesín e Pepe), bem como os dirigentes que tenham os nomes envolvidos em cenas de conduta violenta, como Frederico Varandas, Vitor Baía ou Rui Cerqueira, após a conferência de imprensa, numa denúncia que já tem processos a decorrer, serão chamados pelo MP para uma audição. Ao jornal Record, Alexandre Mestre,

advogado especializado em desporto e docente universitário, explica o contexto. "A norma é potencialmente aplicável e para todos os agentes desportivos em causa. Mas há que fazer prova do preenchimento dos requisitos do tipo de crime em causa. E os tribunais costumam ter em conta a

realidade do futebol", justifica, assegurando que o Ministério Público, depois de ter tido pelas imagens televisivas a notícia dos indícios de crimes, pode desencadear o processo, mesmo se nenhuma das alegadas vítimas apresentar queixa."

De resto, Mestre lembra que penas podem variar: "Há que ter presente o artigo 34º. Esta norma agrava até 1/3 a ofensa à integridade física dos praticantes, treinadores e agentes desportivos. Por outro lado, agrava a pena em metade, quanto a elementos das forças de segurança, dos árbitros, de assistente de recinto desportivo ou outro responsável da segurança. Muitos agentes desportivos envolvidos parecem estar abrangidos."

Amorim quer reforços...experientes. Rúben Amorim tem as baterias apontadas aos títulos que ainda disputa em 2021/22 - possível bicampeonato e Taça de Portugal mas ao mesmo tempo coloca um olho na época que aí vem: após ter deixado, há duas semanas a dica de que já sabe aquilo que o Sporting precisa para continuar a crescer de forma sustentada e sustentável. Ora, segundo o jornal Record, o plano, a executar pela cúpula do futebol deverá trazer até Alvalade dois a três jogadores experientes em 2022/23.

Sabendo que deverá perder, pela necessidade de um encaixe financeiro, uma das suas pérolas para campeonatos de topo (Palhinha e Matheus Nunes entram nesta lista) e que dificilmente vai conseguir segurar Sarabia, cedido pelo PSG sem opção de compra, o técnico, de 37 anos, quer cimentar as vivências de duas temporadas completas do seu núcleo mais duro com as sensações de futebolistas que já tenham vivido outras coisas, nomeadamente na 'grande Europa'. Além de continuar a ser competitivo cá dentro, marcando posição para FC Porto e Benfica, Rúben entende que estar com qualidade na Champions vai criar rotinas de exigência nos verdes e brancos, pilar que quer deixar bem sólido para o futuro.

Os milhões consequentes da entrada direta na competição supracitada são obviamente importantes para agilizar toda a estratégia liderada pela SAD do Sporting, na pessoa de Frederico Varandas, e levada a cabo pelo diretor- desportivo Hugo Viana, sempre com o cunho de Amorim; e é por isso que o treinador olha com pragmatismo para o futuro: o Sporting que quer ser primeiro classificado também é o mesmo que tem de salvaguardar que o Benfica, terceiro, a 4 pontos de distância, não tenha grandes oportunidades para ultrapassar o velho rival, pois acabar no último posto do pódio obriga a disputar eliminatórias e há risco de hipotecar metas.