Bruno Costa Carvalho, candidato que perdeu as eleições em 2009 e que no último ato eleitoral retirou a candidatura na véspera da ida às urnas, anunciou hoje que não será candidato, porque está impedido de o fazer. Num longo texto publicado no Facebook, o empresário justifica em detalhe os motivos dessa decisão.
“Muitos perguntam-se se serei candidato a presidente do Benfica nas eleições que se avizinham. Perguntam-me amigos, perguntam-me muitos benfiquistas e pergunta-me a imprensa. A resposta é óbvia: evidentemente, não serei candidato. A resposta tem tanto de óbvio como de triste: apesar de ter, de longe, o melhor projeto para o Benfica, não serei candidato porque não me deixam”, refere.
O empresário critica os estatutos do Benfica, considerando que são inconstitucionais, na sua opinião, uma vez que exigem 25 anos de sócio para alguém ser candidato. Ora, Costa Carvalho tem apenas 19, pelo que não poderá apresentar-se a sufrágio.
Já em declarações à Antena 1, reitera essas críticas aos estatutos e à norma que trava as suas intenções, já que pretendia apresentar-se a eleições, que estão marcadas para outubro.
“Não me candidato porque não posso candidatar-me. Eu gostaria muito de me candidatar e acho que esta é uma hora para quem gosta do Benfica se chegar à frente e dizer ao que vem. O artigo que faz com que eu não me possa candidatar é anticonstitucional, porque comprime muitos direitos dos sócios. Muito poucos sócios se podem candidatar”, critica, em declarações à Antena 1.
“É mais difícil ser presidente do Benfica do que ser Presidente da República. Isto é tudo um absurdo. Portanto, a norma que não me deixa candidatar é anticonstitucional”, acrescenta.
Nas redes sociais, Bruno Costa Carvalho critica ainda muitos dos negócios do Benfica, citando exemplos da transferência de Carlos Vinícius, ou o empréstimo de Florentino. E recorda ainda a OPA que Luís Filipe Vieira pretendia lançar e que foi travada pelo regulador.
Apesar de não ser candidato e de criticar algumas decisões tomadas já sob a presidência de Rui Costa, Bruno Costa Carvalho não alinha em “união de oposições”, para uma mudança de presidente: “Uma união das oposições não é uma coisa que me interesse muito. Estou aqui pelos projetos e não por tirar quem quer que seja do poder”.
Porém, o antigo candidato exige uma mudança de política desportiva e, sobretudo, de pessoas. “Se Rui Costa não romper com o passado e se mantiver pessoas como Domingos Soares de Oliveira e Miguel Moreira no seu elenco, corre o sério risco de arrastar o Benfica para uma nova crise e de obrigar o clube a novas eleições”, afirma, àquela rádio.
E Bruno Costa Carvalho admite mesmo “dar o benefício da dúvida” a Rui Costa, desde que seja feita essa renovação. Até porque iliba o presidente do Benfica das “trapalhadas” recentes, exceto no silêncio.
“Não acredito que Rui Costa tenha cometido alguma trapalhada. Apesar de que Rui Costa, no fundo, silenciou e esteve calado perante muitas coisas que eu lhe pergunto. Eu gostava de saber qual foi, por exemplo, o seu voto em Conselho de Administração relativamente à OPA lançada. Foi uma OPA absolutamente ridícula que beneficiava evidentemente uma pessoa”, recorda.
“Acho que há uma série de assuntos que Rui Costa viu, estava lá, e que não teve nenhuma reação. O que eu, enfim, não gosto. Mas estou longe de achar que Rui Costa está metido em negócios menos sérios. Portanto, se Rui Costa se propusesse fazer uma limpeza o Benfica podia contar se calhar com o meu apoio, mas não me parece que isso esteja a acontecer”, diz, à mesma rádio.
No texto divulgado no Facebook, Bruno Costa Carvalho promete estar "vigilante" e garante que, quando os estatutos lho permitirem, vai candidatar-se. Entretanto, adotará uma postura "vigilante".
"Uma coisa é certa, continuarei atento, vigilante e participativo face a tudo o que tenha que ver com o Benfica. E um dia apresentar-me-ei de novo a eleições, seja isso a partir de 2027 (altura em que atinjo os 25 anos de sócio), ou antes, se os estatutos forem alterados e passarem a obedecer à Constituição da República", conclui.
O Benfica, recorde-se, escolheu o dia 09 de outubro como a data das eleições para os órgãos sociais do clube, um ano depois de Luís Filipe Vieira ter sido reconduzido no cargo.
João Noronha Lopes, o principal opositor de Luís Filipe Vieira nas últimas eleições, ainda não esclareceu se apresenta um novo projeto, mas já se pronunciou publicamente, visando Rui Costa.
"Desengane-se quem pensa que saída de Luís Filipe Vieira fez voltar cultura democrática ao Benfica. A pior face do Vieirismo continua bem presente na atual direção e neste presidente da Mesa da Assembleia Geral", assinala João Noronha Lopes, num comunicado partilhado nas redes sociais, neste domingo.
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