O treinador fora das cogitações do FC Porto; "Não me parece que tenha aprendido, o doutor Varandas"

O discurso de vitória de Frederico Varandas, durante a receção promovida pela Câmara Municipal de Lisboa aos novos campeões nacionais, tem gerado diversas reações. O presidente do Sporting disparou em várias direções para defender a “competência” dos leões na conquista da I Liga 2020/21, chegando mesmo a referir-se à “estratégia de comunicação” dos rivais Benfica e FC Porto.
“Uns não venceram porque foram o único clube do mundo a ter covid, outros porque tiveram 16 penáltis”, afirmou Varandas, nessa alusão a águias e dragões, aproveitando ainda para visar Pinto da Costa, depois do presidente do FC Porto ter falado em “vergonha” e cenas “degradantes” que se assistiram nos festejos do título do Sporting: “Ouvi alguém dizer que foi um espetáculo degradante os festejos em Lisboa. Para mim, degradante é estar envolvido em corrupção e escutas há anos e anos”.Nesse discurso, Varandas deixou também recados para dentro do Sporting, pedindo “juízo” e apelando ao universo leonino que saia em defesa de Rúben Amorim. “Já todos se renderam, mas eu só pedia que o nosso treinador fosse bem tratado. Chega de os tratar bem [aos treinadores portugueses] apenas quando vão lá para fora. Respeitem-no e deixem-no trabalhar”, disse Varandas.
Para José Sousa, as declarações do dirigente leonino foram desnecessárias e mesquinhas, fruto de “um momento de infelicidade” de Varandas. “Podia ter saído em ombros com outro tipo de discurso”, frisou o ex-jogador, que apontou o facto do presidente do Sporting ter desperdiçado a “grande lição de liderança” dada por... Rúben Amorim.
“O Rúben Amorim não precisa que venha o seu presidente pedir respeito. Não precisa do Frederico Varandas para estas palavras, não precisa de nada disso. O Rúben Amorim venceu pelo seu trajeto do ponto de vista de liderança. A capacidade que teve de gerir tudo, inclusive o seu presidente... Acho que o Rúben Amorim deu uma grande lição, ao longo de toda a temporada, de como liderar, mas não me parece que tenha aprendido, o doutor Frederico Varandas”, sustentou.
Perante a “época de excelência” da equipa, o presidente só tinha era de enaltecer o trabalho do treinador, ao invés de “empolgar o momento com coisas negativas”, com críticas aos rivais e a quem manifestou dúvidas sobre Rúben Amorim, explicou o antigo defesa, num comentário para a Sport TV.
“Não há necessidade, nesta altura, de beliscar o Benfica, de beliscar o FC Porto, de beliscar o futebol na sua totalidade. De beliscar quem criticou o Rúben, quando grande parte desses críticos deu os parabéns ao Rúben e ao Sporting. Foi uma época tão boa, que época de excelência do Sporting”, reforçou.
Insistindo que Varandas “não precisava de ter proferido todas aquelas palavras”, Sousa admitiu que esse “momento de infelicidade” terá resultado de uma acumulação de sentimentos que o dirigente foi guardando durante a época: “Deve ter-se sentido ferido ao longo de todo o campeonato, aqui e acolá manteve-se caladinho e resolveu só falar no final”.
Ao apostar naquele tipo de discurso, Varandas está também a relegar para segundo plano todo o “trabalho muito bem” que tem vindo a desenvolver no Sporting, devolvendo ao clube organização e segurança financeira, fatores que acabaram por se revelar fundamentais numa temporada em que os leões recuperaram o título nacional.
“Frederico Varandas está a fazer um trabalho muito bom”, elogiou o ex-jogador: “Dá sempre para questionar, como nas escolhas de treinadores que depois despediu, mas é preciso olhar para o cômputo geral. Varandas tem conseguido equilibrar as contas do clube, as loucuras que foram cometidas deixaram de ser cometidas, o clube está estruturado e organizado”.
Varandas fez o que lhe competia, Rúben Amorim também. Daí que as palavras do presidente, a pedir “respeito” para com o treinador, sejam desnecessárias. “O trabalho que o Rúben Amorim fez foi fantástico, não é só por ter ganho o campeonato, fez muito mais do que isso. Valorizou jogadores, que o Sporting agora vai vender. O Sporting conseguiu estar grande parte do campeonato em primeiro lugar, praticou um futebol muito pouco visto no nosso campeonato. Muitas foram as equipas que copiaram a forma de jogar deste Sporting do Rúben, há maior elogio do que esse para um treinador? Que lição que o Rúben deu, do ponto de vista de liderança, de saber gerir o momento da equipa, a todos os outros treinadores, treinadores muito mais experientes”, realçou.
Sousa admitiu que, quando o Sporting foi contratar Amorim ao SC Braga, questionou a opção. “Não pela qualidade do treinador”, que já vinha a demonstrar “um trajeto de excelência”, mas pelo valor da transferência. “É normal que se questione quando o Sporting contrata um treinador no top cinco a nível de valores, dá para suscitar dúvidas. Não é na questão da qualidade, é se vale”, explicou.
“Era normal ter dúvidas quanto à prestação do Rúben Amorim. Quantos foram os treinadores que passaram pelo Sporting e tiveram sucesso? Nos últimos 30 anos, são poucos, é normal que haja desconfiança. Agora, não há ninguém – se há é uma minoria – que não faça um ‘mea culpa’”, concluiu Sousa.

Vítor Pereira fora das cogitações do FC Porto. Vítor Pereira, de 52 anos, está fora da cogitações da SAD e não vai ser o treinador do FC Porto em 2021/22.
 O foco de Pinto da Costa centra-se exclusivamente em Sérgio Conceição e será para a continuidade do atual técnico que serão dirigidos todos os esforços. No entanto, na eventualidade de não acontecer renovação e ser necessário encontrar um sucessor, a escolha não vai passar pelo treinador bicampeão pelo FC Porto em 2011/12 e 2012/13 e que recentemente deixou os chineses do Shanghai SIPG, garante o Record.