Promessa leonina: "Vamos vender mais do que comprar"; "Ninguém endeusa Amorim. Lage era treinador na flash e na conferência não"

Não é a primeira vez que a atitude e os resultados de Rúben Amorim são comparados aos de Bruno Lage na época 2018/19, na qual o então técnico encarnado conseguiu uma recuperação emblemática no Benfica, levando a águia à 'reconquista' do campeonato que, aquando da saída de Rui Vitória, já poucos acreditavam.

Bruno Lage viveu tempos de glória não apenas ao nível dos resultados desportivos que foi somando (alguns deles históricos como a goleada por 10-0 ao Nacional, na Luz) mas também na sala de imprensa onde a sua comunicação foi muitas vezes elogiada, não apenas pela forma como tirava pressão aos jogadores mas também pela forma por vezes descontraída com que trazia temas de fora ao discurso do futebol. Lage, recorde-se, chegou a falar dos atletas com comparações de séries de desenhos animados - ninguém esquece a célebre frase dos Super Wings ao abordar o rendimento de João Félix.

O estado de graça perdeu-se na época 2019/20, com Bruno Lage a sair do Benfica (embora ainda mantenha contrato e seja remunerado por isso) após uma série de vários desaires.

Agora que Rúben Amorim vive também ele em estado de graça em Alvalade, numa época que poderá culminar com a conquista do título, coisa que poucos sportinguistas acreditariam no começo da época, Carlos Barbosa da Cruz, ex-dirigente do Sporting, diz que no clube verde e branco não se está a colocar Amorim num pedestal.

"Ninguém endeusa Rúben Amorim. Os treinadores competentes no Sporting não são necessariamente aqueles que ganham campeonatos", explicou Barbosa da Cruz, dando como exemplo Paulo Bento que não foi campeão como treinador da equipa principal do Sporting mas foi elogiado o seu trabalho pelo ex-dirigente.

Além disso, na CMTV, Barbosa da Cruz, que se tem mostrado agradado com o estilo de comunicação de Rúben Amorim, disse também "ele [Amorim] ser do Benfica não belisca a sua qualidade profissional".

Em relação ao prolongamento do contrato de Rúben Amorim com o Sporting, Barbosa da Cruz diz que não quer pensar numa fenómeno ao estilo de Bruno Lage, no Benfica.

"Todas as apostas têm um risco. O Bruno Lage era treinador na flash e deixou de ser treinador na conferência de imprensa. As apostas são sempre feitas no quadro de determinados pressupostos", esclareceu o advogado.

O treinador Rúben Amorim prolongou por mais uma época o contrato com o Sporting, até 30 de junho de 2024, anunciou o clube líder da I Liga portuguesa de futebol.

Rúben Amorim, de 36 anos, sucedeu no dia 5 de março de 2020 a Silas, atual treinador do Famalicão, tendo, na altura, sido contratado pelos ‘leões’ ao SC Braga, por 10 milhões de euros, por três temporadas, até ao fim da época 2022/23.

A renovação do contrato com o Sporting foi assumida com naturalidade por Rúben Amorim, treinador que já se sente “em casa”, mas também “mais pressionado”.

“Conhecia a ideia do Sporting e o desafio era muito aliciante e difícil. É um desafio que é a minha cara: apostar na formação, num desafio difícil e num clube muito grande. Já é a minha casa e na altura estava a tornar-se a minha casa, era tudo um pouco estranho. Agora estou mais tranquilo, mas sinto-me mais pressionado agora. Também estou mais confiante e experiente”, sustentou.

"Vamos vender mais do que comprar". Francisco Salgado Zenha reconhece esta sexta-feira que uma ida à Liga dos Campeões na próxima temporada permitirá ao Sporting "uma gestão mais confortável do orçamento", uma maior "capacidade para fazer outro tipo de investimento na equipa ou na infraestrutura". No entanto, não deixa dúvidas que no próximo verão serão mais as vendas que as compras para o plantel leonino.

"O Sporting é, como já lhe disse, um vendedor líquido de jogadores. O Sporting e todos os clubes portugueses! Com certeza que vamos vender mais do que vamos comprar. Tudo vai depender de como evoluir o mercado, das propostas que chegarem e das alternativas que surgirem. No ano passado reforçámos bem a equipa além dos jogadores de que já falámos. O Adan veio a custo zero, o Feddal também... Há formas de reforçar sem gastar muito dinheiro. O objetivo será reforçar a equipa nas posições que o futebol profissional entender, mas na linha que temos definida: vamos vender mais do que vamos comprar", refere o vice-presidente do Sporting com responsabilidade pela pasta financeira, em entrevista ao 'Jornal Económico'.

Questionado sobre se se confirmar a presença na Champions, o Sporting pretende manter os principais jogadores, incluindo Nuno Mendes e Pote, respondeu: "Estamos a trabalhar para manter a espinha dorsal da equipa. Quando falo em resultados operacionais sem transações de jogadores é exatamente para podermos ter mais conforto e não termos tanta necessidade de vender. Mas continuaremos, como lhe disse, a ser um clube vendedor. Este verão também."