Soares Dias no VAR no clássico causa desconfiança em Alvalade; Ex-dirigente irónico: “A culpa de o Benfica não ganhar é minha, não é do Jesus”; “Benfica? A minha etapa tinha terminado”

O antigo diretor de futebol do Benfica António Carraça critica a conferência de imprensa de Jorge Jesus, onde o treinador assumiu uma postura de indignação pelas críticas, apontando mesmo o dedo aos adeptos que organizaram um buzinão. 
Num comentário feito no canal 11, António Carraça, que saiu do Benfica em 2013, incompatibilizado com Jorge Jesus, manifestou ontem “alguma dificuldade em fazer comentários a este tipo de conferências de imprensa, porque isto não tem que ver com o jogo”. “Estamos a falar de desculpas esfarrapadas para aparecer nos telejornais e nas televisões”, considerou. 
“Há, sem dúvida nenhuma, uma nota a retirar: o Jorge Jesus já voltou a falar alto e a entrar em guerra com tudo e com todos. E a responsabilidade não é dele. É minha. A culpa de o Benfica não ganhar é minha, não é do Jesus”, ironizou, recordando os tempos em que era diretor de futebol do Benfica. António Carraça mantém o registo irónico e lembra que, quando saiu do emblema encarnado, também era o culpado dos insucessos. E o ex-responsável do Benfica adota este registo sarcástico para sugerir uma ideia: o técnico dos encarnados reclama sempre os méritos do sucesso, mas nunca faz o contrário quando perde. 
“Vamos repetir o passado. Há uns anos, a responsabilidade também era minha, porque eu é que preparava a equipa, eu é que fazia a constituição da equipa, eu é que fazia as substituições... A culpa era minha e volta a ser minha”, diz. 
Manifestando dificuldade em entender os argumentos do treinador do Benfica, António Carraça lembra que “quem lidera tem de assumir a responsabilidade em relação àquilo que acontece no seu núcleo, na sua equipa”. “Então a responsabilidade só é dos treinadores quando ganham? Quando perdem não têm responsabilidade?”, pergunta.  
No entanto, Carraça (que por inúmeras vezes criticou Jesus, na presente época) considera que Jesus não é o único culpado de uma época carregada de insucessos, desde a derrota com o PAOK, à perda da Supertaça e da Taça da Liga, com o campeonato como miragem. 
“Logicamente, a culpa do que está a acontecer no Benfica não é só do Jorge Jesus, mas de todas as pessoas que estão envolvidas neste processo: o Jorge Jesus, os jogadores, a direção, a forma como foi feito o planeamento, uma série de fatores que, direta ou indiretamente, influenciam o que se está a passar. Os treinadores não têm só responsabilidade quando ganham?”, repete. 
Relativamente ao surto de covid-19, que Jorge Jesus apresenta como razão para os maus resultados do Benfica, António Carraça lembra as palavras do técnico quando regressou do Brasil. “Quando chegou cá, disse ‘estou habituado à covid-19, no Flamengo tive nove ou 10 casos’. Jesus assumiu de forma clara, tranquila, serena, autoritária. Mas não me lembro de haver covid-19 na pré-eliminatória da Champions. Não me lembro de haver covid-19 na final da Supertaça”, aponta também. 
Este tipo de declarações, de acordo com o ex-dirigente do Benfica, serve apenas para “desmitificar algo que não é possível desmistificar”. Até porque outros clubes tiveram surtos e sofreram com a pandemia.  
“O Sporting teve situações de covid-19, o FC Porto também. O Benfica investiu 104 milhões de euros, tem um plantel da equipa A, um plantel da equipa B, outro dos sub-23. Vejam a quantidade de jogadores que estão à disposição”, lembra António Carraça, que insiste no argumento de que Jesus não pode considerar-se inocente na má época do Benfica. 
“Os responsáveis, nas vitórias e nas derrotas, são os treinadores, as direções, as estruturas. O treinador do Benfica não pode dizer que a responsabilidade é de não ter jogadores. Uma coisa é certa: a época que o Benfica está a realizar é amarga, dura, difícil, penalizadora. E Jorge Jesus e toda a estrutura tem de trabalhar no sentido de reverter esta situação”, defendeu. 
Relativamente ao sentimento dos benfiquistas, e ao buzinão em particular, que decorreu ontem como forma de protesto, diz que “os benfiquistas estão claramente desagradados”. “As pessoas não se podem expressar? Quando perdi a Supertaça levei com pedras”, recorda Carraça, numa alusão aos tempos em que era diretor de futebol do Benfica.

“Benfica? A minha etapa tinha terminado”. Ferreyra rescindiu contrato com o Benfica e assinou pelo Celta, explicando ao “AS” a saída da Luz pois “não estava a jogar praticamente nada”. “A minha etapa tinha terminado”, admitiu, falando de Cervi, que esteve perto do Celta: “Se não lhe correr bem, talvez queira sair e poderá vir. Não entrava nas contas, mas precisaram dele por causa das baixas e foi o melhor. Não o deixaram sair.”

Soares Dias no VAR no clássico causa desconfiança em Alvalade. O árbitro do clássico será João Pinheiro, um nome que tem passado ao lado das grandes polémicas de arbitragem na presente época. O mesmo já não se pode dizer de Artur Soares Dias, que foi nomeado para o VAR, uma escolha que está a levantar polémica no universo leonino frutos das suas decisões no Famalicão-Sporting (2-2), onde levou Luís Godinho a anular um golo a Coates já nos descontos, por uma alegada falta sobre o guardião famalicense, escreve o Record.

No plano teórico, Artur Soares Dias devia ser o nome mais consensual pois exerceu as funções de VAR no Mundial da Rússia em 2018 e, em 2019, voltou a merecer a confiança da FIFA para o Mundial de sub-20 na Polónia. Contudo, as polémicas em Famalicão são suficientes para deixar os leões de pé atrás, o que já era ontem percetível por numerosas reações, nomeadamente nas redes sociais.

O lance que levou o Sporting ao desespero foi o cabeceamento de Coates nos descontos, mas antes já havia sido contestada uma expulsão.

Após o jogo, Frederico Varandas não poupou a equipa de arbitragem. “Este golo nunca seria anulado ao Benfica ou ao FC Porto”, afirmou então aos jornalistas o presidente do Sporting. Rúben Amorim, que também foi expulso nesse jogo por palavras, até deu origem a uma campanha quando explicou a confusão no túnel . “No Sporting quando vai um, vão todos”, afirmou na altura.