06 janeiro 2021

Abel Ferreira vs. Jorge Jesus? "Abel é mais equilibrado, preocupado e com uma estrutura mais rígida". "Jesus tinha um elenco composto por jogadores muito caros, acima da média e não havia essa aposta nos mais jovens"

A rivalidade é histórica mas, no que diz respeito ao futebol, Portugal estará mais do que perdoado no Brasil. Jorge Jesus foi ouro no Flamengo e Abel Ferreira está com vontade de fazer reluzir o legado no Palmeiras: o amadorense somou 9 vitórias e o penafidelense já leva 12, considerando os primeiros 15 encontros de chefia de cada um. Renato Rodrigues, jornalista e analista de jogo da ESPN Brasil, esboça ao jornal Record semelhanças e diferenças entre os técnicos.Do outro lado do Atlântico, muito se especula em torno do que pode conseguir conquistar Abel, e multiplica-se, naturalmente, depois da vitória confortável diante do River Plate, por 3-0, que coloca o Palmeiras com um pé na final da Taça Libertadores. "O Palmeiras, apesar do investimento financeiro, decidiu apostar muito nas categorias de base nesta temporada. Percebe-se pelo onze que defrontou o River Plate", explicou Renato Rodrigues.
Gabriel Meino, Patrick de Paula e Danilo foram os ‘miúdos’ que ficaram encarregues do meio campo, e este é um dos pontos em que o jornalista brasileiro considera distanciarem-se Flamengo de Jorge Jesus e Palmeiras de Abel Ferreira: "Jesus tinha um elenco composto por jogadores muito caros, acima da média e não havia essa aposta nos mais jovens".
Mas há um outro pormenor no contexto em que ambos ‘pegam’ nas equipas a equacionar: "Jesus via um clube que investia muito mas não conseguia ter um padrão de jogo, e teve mais tempo para trabalhar dentro de campo, conseguindo um impacto rápido". No caso do seu compatriota que agora surpreende, a situação foi mais "complexa": "O facto de Abel ter chegado em plena pandemia também deve ser fortemente considerado. O calendário, que já era apertado aqui no Brasil, ficou ainda mais. Temos, praticamente, jogos de 2 em 2 dias, não houve tanto tempo para treinar e ainda houve casos de infecção por Covid no plantel".
Pelo que já foi possível apreciar-se do mais recém-chegado técnico português, traça-se um perfil de jogo bastante díspar do agora treinador do Benfica: "O Abel tem-se mostrado um treinador muito mais adaptável a nível estratégico. Tem um modelo definido mas varia de jogadores, até por necessidade, e varia de estratégia. Faz uma transição mais tranquila, joga com mais equilíbrio entre as duas fases do jogo, adapta-se muito bem".
A toada mais ofensiva de Jesus, com "os centrais mais subidos", poderá ter sido, como explica o jornalista e analista, um dos factores para que o Flamengo mais sofresse no começo, apesar de ter atingido "picos de desempenho maiores do que este Palmeiras". Porque por agora nem tudo são rosas, ao passo que, no olhar de Renato Rodrigues, os resultados de Abel nem sempre têm traduzido as exibições: "A equipa do Palmeiras caiu, apesar de tudo, no desempenho por causa do cansaço, lesões, Covid e por não ser um plantel muito extenso. Antes deste encontro com o Rivel Plate, a equipa teve problemas claros".
Pese embora algumas semelhanças, desde o "impacto inicial" à "pressão na pós-perda de bola", Renato Rodrigues salienta propensões divergentes: "O Abel é um treinador mais equilibrado, Jesus mostrava-se mais ousado, queria atacar e atacar. O Abel é mais preocupado e tem uma estrutura de jogo mais rígida".
Os números que Jorge Jesus trouxe na mala continuam a ser, ainda assim, difíceis de alcançar. Em 57 jogos ao serviço da formação rubro-negra, registou 43 vitórias, 10 empates e apenas quatro derrotas, valendo-lhe a prestigiada Taça Libertadores, o Brasileirão, a Supertaça brasileira, a Supertaça Sul-Americana e o campeonato carioca. 

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