"O Sporting está bem, mas acho que o nosso maior rival será o FC Porto". "Duelo mais duro? Com Otávio"; Processo que envolve Vieira (é arguido) já leva 11 anos

Adel Taarabt dá, esta segunda-feira, a sua primeira grande entrevista desde que chegou a Portugal. O internacional marroquino abordou vários temas e falou dos rivais. Para o médio do Benfica o FC Porto continua a ser o maior rival esta época, embora a liderança esteja entregue ao Sporting. Já sobre o jogador mais duro que enfrenta, a escolha recaiu sobre Otávio. 

Taarabt explicou ainda o que fez durante os dois anos que esteve 'desaparecido' na Luz e garante: "o Benfica foi a melhor coisa que me aconteceu".

"Estava em Lisboa, ia treinar com a equipa B e depois para casa, para ver futebol. Fiquei quase sem amigos. Quando estás no topo todos são teus amigos; quando estava em baixo, não havia ninguém ao pé de mim. Sou muito generoso, com um grande coração, levava os meus amigos de férias comigo à volta do Mundo, pagava tudo. Quando estava em baixo, percebi o que o meu pai me dizia: os verdadeiros amigos são aqueles que te fazem chorar, não os que te fazem rir. Agora tenho três ou quatro amigos, mas aprendi. E o meu pai diz: ‘Adel, o melhor que te aconteceu foi teres assinado pelo Benfica e teres vivido aqueles momentos’. E a verdade é essa: o Benfica foi a melhor coisa que me aconteceu", disse.

"Acusações de ser mau profissional e de sair muito à noite? Sou solteiro, faço um jogo e tenho folga depois: estou no direito de sair um bocado. Em Inglaterra, era essa a mentalidade. Querem que eu fique sempre em casa? Foi tudo exagerado, porque o Benfica é um clube grande e se eu fizesse alguma coisa eles saberiam. Nunca fui do tipo de sair todos os dias, não é verdade. Podia sair num dia de folga, mas nunca até tarde – no máximo, até à 1h30 ou 2h00. Não era às 6 ou 7 da manhã. Há pessoas que me conhecem e dizem: ‘Adel, quando as pessoas falam de ti parece que és um monstro. Mas quando me sento e falo contigo és um tipo completamente diferente’. Todas as pessoas que me conhecem dizem que sou um gajo top. E é verdade. Se cometo um erro, assumo-o. Nunca ponho a culpa nos outros. Sou o primeiro a dizer: ‘Estava errado’. Foi o que disse ao Benfica: errei, a situação é esta, e percebi que a melhor forma de regressar era jogar por este clube, que é fantástico", acrescentou Taarabt, explicando como se deu o clique para o regresso.

"O melhor clique foram Tiago Pinto, Rui Costa e o míster Lage, que tinha trabalhado em Inglaterra. Deu-me tempo, motivou-me. Ele estava na equipa B, não sabia que iria para a equipa principal, e disse-me que acreditava muito em mim. Eu ajudava a equipa B, pela forma como treinava, ele queria que eu fosse um exemplo para os jovens e eu elevava muito a qualidade do treino. Ele dizia: ‘Este tipo é porreiro, as pessoas dizem mal dele, mas vejam como ele treina, sempre a mil’. E sempre que eu ia para o treino, não o queria desiludir. Se alguém te dá alguma coisa, queres dar de volta. Depois, sabemos o resto da história".

Sobre o atual campeonato, Taarabt vê no FC Porto o principal rival e em Otávio, médio dos dragões, o adversário mais duro que enfrenta.

"Qual é o rival mais forte? Acho que vai ser o FC Porto. O Sporting está bem, mas acho que o nosso maior rival será o FC Porto. Se acredito que o Sporting seja uma surpresa? Falei com o meu amigo Feddal sobre isso na seleção nacional. Estão bem, mas continuo a achar que o FC Porto vai ser o maior adversário".

Já sobre o jogador mais complicado de enfrentar a escolha recaiu sobre Otávio, médio do FC Porto.

"Não sou jogador de evitar ninguém, prefiro que sejam eles a evitar-me a mim [risos]. O duelo com o Otávio é o mais duro. É agressivo, tenta tirar-te do jogo com pequenas faltas. No fim de contas, ele defende o clube dele e eu defendo o meu", concluiu.

Processo do BPN com Vieira já leva 11 anos de duração. O Ministério Público (MP) mantém em curso o inquérito do caso BPN, no qual é arguido Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica. O processo foi aberto em 2009, após a nacionalização do BPN, e a investigação já dura há 11 anos. Vieira é arguido devido a suspeitas relacionadas com uma das suas empresas, a Inland. A Procuradoria-Geral da República, em resposta a questões do jornal CM, esclareceu que “o inquérito encontra-se em investigação, tem sete arguidos constituídos e está sujeito a segredo de justiça externo.” O caso foi denunciado ao MP pela então administração do BPN, por suspeitas de que a Inland terá sido a principal beneficiária de um crédito do BPN à Transibérica, empresa espanhola que foi representada por um ex-administrador da Inland. No essencial, neste processo, está em causa o crédito de 17,4 milhões de euros que o BPN concedeu à Transibérica, em 2004. Dessa verba, a Transibérica transferiu, segundo a denúncia da então ex-administração do BPN ao MP, mais de 12,6 milhões de euros para a conta da Inland, tendo em vista a compra de ações da ex-Sociedade Lusa de Negócios (SLN), na altura dona do BPN.