Sporting coloca médio à venda e exige pelo menos 12M€; Alvo do Benfica fica mais acessível mas há concorrência; Três grandes com 52M€ em risco por causa dos jogos à porta fechada

Frederico Varandas entreabriu a porta do que poderá ser o futebol na próxima época. Ao admitir que na próxima temporada os estádios só poderão registar um quarto da respetiva assistência, o líder leonino reconheceu que os clubes - especialmente os grandes – têm pela frente uma missão espinhosa de conseguir ultrapassar uma fonte de receita que, no caso do Sporting, chega praticamente aos 20% do total de receitas.
Os três rivais juntos em receitas de bilheteira, incluindo lugares anuais e ‘corporate’, conforme foi revelado nos últimos relatórios e contas de cada SAD, chegam aos 51,9 milhões de euros, uma verba que poderá agora cair para quase zero, caso seja impossível ter espectadores na próxima época, ou 12,5 milhões de euros... caso seja admitida a utilização de 25% da lotação de cada recinto, hipótese colocada em cima da mesa por António Costa.

Neste momento os clubes limitam-se a estudar cenários pois ainda não há certezas em relação ao que vai acontecer, uma vez que tudo está dependente da propagação do novo coronavírus. É certo que, confirmando-se um limite de assistência em 25%, a procura será certamente superior à oferta e, nesta situação, será certo que os preços terão de ser reajustados à nova realidade. Contudo, as estratégias de venda só poderão avançar quando existirem certezas por parte do Governo e, nesta fase, ainda nem é certo que as derradeiras jornadas do campeonato venham a realizar-se, nem que será admitido público nos estádios em 2020/21.

Além do corte nas receitas há ainda a assinalar o problema logístico que será necessário contornar para assegurar que os espectadores no estádio cumprirão as distâncias de segurança. Grande parte dos bilhetes são comprados por familiares ou amigos que ficam lado a lado. Dadas as emoções que o futebol desperta será sempre difícil mantê-los no lugar designado, ou impedir comemorações mais efusivas que violam as normas do distanciamento social. Neste aspeto afigura-se especialmente complicado o tema das claques, que normalmente se concentram num único sector do estádio. Mesmo que adquiram bilhetes para lugares diferentes será muito complicado impedir que estes adeptos de concentrem durante o jogo.

Outro problema que já está em cima da mesa e que se mantém em discussão passa por encontrar a melhor forma de compensar os adeptos que compraram lugares de época e já sabem que não poderão usufruir dos mesmos no reinício do campeonato que, recorde-se, será finalizado à porta fechada. Também esta restituição está em estudo, podendo ser feita em descontos na revalidação de lugares, ou até em produtos oficiais do clube num valor equivalente ao que foi perdido por estes adeptos.

Este prejuízo não é tão significativo nos restantes clubes que têm taxas de assistência muito mais baixas do que os três grandes e, nestes casos, o regresso da competição e das receitas televisivas será suficiente para assegurar a sobrevivência.

O Sp. Braga e o V. Guimarães, após Benfica, FC Porto e Sporting, são os clubes que levam mais gente aos seus estádios. Basta dizer que no caso dos bracarenses os pacotes ‘corporate’ atingem 1,3 milhões de euros e a bilheteira um montante a rondar os 700 mil euros, valores pouco significativos se recordarmos as vendas de Trincão para o Barcelona por 30 milhões de euros, ou mesmo Rúben Amorim para o Sporting por 10 milhões. Também estes clubes esperam decisões do Governo.

Palhinha está no topo da lista de vendas. Rúben Amorim abriu-lhe as portas do regresso ao Sporting; a vontade de emigrar e o crescente interesse do mercado alteraram os planos do técnico e levaram-no ao topo da lista de vendas da SAD. A época 2019/20 ainda não terminou e João Palhinha já é um nomes mais falados em Alvalade, a pensar na próxima janela de transferências.

Valorizado pelo empréstimo ao Sp. Braga, onde leva 67 jogos e 6 golos em duas temporadas, o médio está no radar de clubes das grandes ligas europeias, nomeadamente de Inglaterra, Espanha e Itália, e deve mesmo tornar-se um dos principais negócios de verão para os leões. De acordo com a informação recolhida pelo jornal Record, e porque Palhinha encaixava desportivamente no projeto para 2020/21 e já tinha, inclusive, o aval de Rúben Amorim, a SAD não estará disposta a negociar o jogador abaixo dos 12 milhões de euros. O facto é que, nesta altura, há clubes que já passaram da fase das sondagens para os preparativos de uma proposta concreta, e os valores a colocar em cima da mesa podem até ser superiores à fasquia mínima definida pelo Sporting e atingir os 15 milhões de euros.

Além de Inglaterra, Itália e Espanha, Palhinha está bem referenciado na Rússia e em ligas mais periféricas, como o Qatar, onde a capacidade financeira faz a diferença. O objetivo, porém, é dar o salto para um dos maiores campeonatos da Europa, com a Premier League à cabeça, e nem a incerteza provocada pela pandemia de Covid-19 arrefece o otimismo em torno do sucesso da transferência. Os últimos jogos da época ainda podem influenciar positivamente as ofertas que são esperadas. Em qualquer dos cenários, Palhinha prepara-se para sair do Sporting por cima, ou seja, com destino a um dos Big 5 e deixando nos cofres da SAD um encaixe entre os 12 e os 15 milhões de euros.

Neste cenário, e sendo o acordo consumado até 30 de setembro, o Sp. Braga terá sempre direito a 15% da operação, como ficou definido no empréstimo aos arsenalistas. Palhinha, de 24 anos, tem contrato com o Sporting até 2023 mas dificilmente voltará a vestir de verde e branco. O retorno será financeiro.

O Friburgo já sabe que vai perder Robin Koch no verão. O internacional alemão, de 23 anos, vai entrar no seu último ano de contrato (termina em junho de 2021) e pediu ao clube da Bundesliga que o deixe sair já na próxima janela de transferências, segundo noticiou o jornal ‘Bild’. Ora, o defesa-central é o alvo preferencial da SAD do Benfica para reforçar a retaguarda na próxima temporada.
A direção encabeçada por Luís Filipe Vieira tentou a contratação do promissor defesa germânico ainda no mercado de inverno, altura em que acabaram por serem garantidas as contratações de Julian Weigl e Pedrinho (para chegar à Luz em 2020/21). Os 20 milhões de euros que o Friburgo exigia na altura apresentaram-se como proibitivos para os cofres das águias, que aguardaram por outro momento. Agora, o emblema de Baden-Württemberg baixou a fasquia e já aceita negociar por metade do preço: 10 milhões de euros.
No entanto, segundo o jornal Record, o CEO da SAD, Domingos Soares de Oliveira, aconselhou o presidente do Benfica a não avançar com um investimento avultado – leia-se, num valor com dois dígitos – numa altura em que a quebra de receitas já se faz sentir na Luz, como um pouco por todo o Mundo. Contudo, a negociação com o Friburgo para um valor inferior pode melhorar as expectativas de levar a transferência a bom porto e ver Koch juntar-se ao compatriota Weigl na Luz. Além disso, o pai Harry Koch já se mostrou agradado pelas condições oferecidas pelos encarnados, um interlocutor privilegiado nas primeiras abordagens.
Ainda assim, o Benfica não corre sozinho pelo futebolista que conta duas internacionalizações pela Mannschaft. O Nápoles é outro dos fortes concorrentes pelo defesa-central, que soma 26 encontros oficiais pelo Friburgo nesta temporada. Os italianos corresponderiam também à pretensão de Koch: disputar provas europeias já na próxima época. O jovem ainda aguarda a estreia nas provas da UEFA mas em Nápoles a hipótese de avanço para o central alemão está dependente da venda do central senegalês Kalidou Koulibaly.