"Voltar ao Sporting? Já pensei mais nisso. Tive convite de um rival"; Rafael Leão pede anulação do acórdão. Última cartada para evitar pagar os 16,5M€ ao Sporting; Extremo recusa proposta para deixar Benfica; Promessa de Vieira: Voltaremos em breve ao Marquês. As contas do Benfica e a ajuda aos sócios em dificuldades

Numa altura em que não está ainda acertado o regresso à competição face à pandemia do novo coronavírus, Luís Filipe Vieira envia desde já aos sócios uma mensagem de confiança a todos os níveis. Não só de que as questões de saúde pública serão ultrapassadas, mas também de que o Benfica irá ainda voltar ao topo da classificação da Liga – perdeu a confortável vantagem e está agora a um ponto do FC Porto – para depois ainda pintar o Marquês de Pombal com um mar encarnado.

"Todos sonhamos com o regresso à normalidade, à emoção dos golos ou aos reencontros daquele sentir único que nos faz diferentes. [...] Estou certo de que em breve voltaremos a estar próximos, a encher estádios e pavilhões, a vibrar com o trabalho das nossas equipas e [...] a sentir a nossa mística. Voltaremos em breve a festejar no Marquês", sublinha o presidente benfiquista, numa extensa carta enviada aos associados, em que a fé é toada dominante. Ao emblema da Luz, recorde-se, falta disputar um total de 11 partidas: dez jornadas do campeonato e ainda a final da Taça de Portugal, contra o FC Porto.

Vieira reconhece que, "tal como em todos os domínios da sociedade e da economia, também o Benfica foi seriamente afetado nas suas atividades normais e diárias", mas garante arcaboiço para superar o aperto que se avizinha. "Os resultados do trabalho realizado ao longo destes anos permitem-nos enfrentar com confiança, segurança, determinação e esperança as dificuldades que nos esperam. Já demos provas disso no passado. Será assim no futuro", insiste o responsável máximo dos campeões nacionais, fazendo questão de deixar um apelo generalizado: "Que saibamos manter viva a esperança de que o País vencerá esta pandemia global e cruel."

E foi a deixar um "voto de saúde e solidariedade a todas as famílias" portuguesas que Filipe Vieira retomou uma ideia vincada desde o início desta pandemia e que passa pela união entre todos os clubes, afastando toda e qualquer rivalidade: "Nesta batalha só existe um clube e só existe um desígnio, que é cuidarmos uns dos outros e salvaguardar vidas humanas."

De resto, Vieira recorda o apoio que o Benfica há muito vem dando a vários níveis e o qual considera ser preponderante nesta fase delicada. "Todos sabemos como esta epidemia tem trazido luto e sofrimento a muitas famílias e lares no nosso país e no resto do Mundo. A todos neste momento de dor quero deixar um voto de apoio, afeto, e solidariedade benfiquista. Desde a primeira hora o Benfica associou-se a todas as medidas e iniciativas sugeridas pelas entidades oficiais e disponibilizou-se para ajudar no combate a esta pandemia na medida dos seus recursos e capacidades", frisa o dirigente.

Ao longo deste período, diga-se, Vieira tem-se mantido ativo no que diz respeito ao trabalho, deslocando-se ao Benfica Campus. No ‘quartel-general’ das águias também vão marcando presença, aliás, o diretor-geral para o futebol, Tiago Pinto, e também o administrador da SAD, Rui Costa. Ainda que tal possa não acontecer em base diária, este núcleo duro de dirigentes sempre vai comparecendo para a labuta no Seixal, apesar de o plantel comandado por Bruno Lage estar neste momento a gozar um período de férias extensível até ao final deste mês. O regresso está apontando para o período entre os próximos dias 27 e 29, com a devida precaução.

Ao longo das últimas semanas, a águia tem-se envolvido em várias iniciativas solidárias para ajudar no combate à pandemia do novo coronavírus. Assim tem acontecido em várias frentes, sendo que Luís Filipe Vieira pede agora aos sócios que também solicitem ajuda. E esta será dada dentro do possível. "Apesar de todas as dificuldades que vivemos, o Benfica está e estará sempre disponível, como é seu timbre, para manter uma forte ligação com todos os sócios e simpatizantes. Contem connosco, contactem-nos, e estaremos aqui para, dentro das nossas possibilidades, vos apoiarmos para ultrapassar esta fase difícil", frisa o presidente, disposto a "reforçar a ligação aos sócios, que são a alma do clube", ainda mais numa fase tão delicada.

Na carta enviada aos sócios, Luís Filipe Vieira aproveitou para deixar também a sua "homenagem" aos médicos, enfermeiros e tantos outros que se arriscam na luta para controlar a pandemia. "Deixo o agradecimento do Benfica a todos os profissionais que diariamente, e com verdadeiro espírito de solidariedade, entreajuda e sacrifício têm estado na linha da frente do combate à pandemia e no apoio às famílias portuguesas". O papel das Casas do clube não foi esquecido, principalmente pela forma como estas "procuram enfrentar estes momentos difíceis e dão provas de exemplar solidariedade com as suas comunidades locais".

Cervi recusa deixar Benfica. O Internacional de Porto Alegre tem insistido na contratação de Franco Cervi, mas uma possível mudança para o Brasil não está nos planos do extremo argentino do Benfica, avança o jornal Record.
O clube brasileiro até é orientado por Eduardo Coudet, que lançou Cervi no Rosário Central, mas nem isso alicia o argentino a deixar a Luz.
A mesma publicação refere ainda que nem o próprio Benfica vê com bons olhos uma saída de Cervi neste momento. O jogador de 25 anos até começou a temporada na condição de jogador dispensado, mas foi ganhando espaço nas escolhas de Bruno Lage, nomeadamente após a lesão de Rafa, e assumiu-se como opção regular no onze encarnado.
Os números não mentem. Cervi acumula um saldo, na presente época, de quatro golos em 27 jogos.

"Voltar ao Sporting? Já pensei mais nisso". Daniel Carriço mudou-se recentemente para a China, para jogar no Wuhan Zall, e reconhece que um regresso ao futebol português está agora mais complicado. O defesa formado no Sporting também confessa que já pensou mais num regresso a Alvalade.
"Não sei o dia de amanhã. Não consigo prever o futuro. Reconheço não ser fácil [regressar ao futebol português], mas admito que sim", começou por dizer Carriço, em entrevista ao Record, prosseguindo.
"[Regressar ao Sporting] Já pensei mais nisso… É o meu clube do coração. Veremos o que me reserva o futuro. Em quem votei nas eleições? Tenho uma relação próxima com Frederico Varandas e já posso dizer que votei nele", explicou.
Daniel Carriço deixou o Sporting no verão de 2012 e aceitou o convite do Reading para jogar em Inglaterra. Nessa mesma altura, o internacional português foi sondado por um rival.
"Vivia uma situação parecida com a de agora. Não digo se o convite foi de Benfica ou FC Porto. Apenas que houve interesse de um deles, mas preferi ir para o estrangeiro, até porque o Reading estava na Premier League. Hoje, posso dizer que dei o passo certo ao ir lá para fora: adaptei-me muito bem ao futebol espanhol e vivi épocas fantásticas no Sevilha", revelou Carriço.

Última cartada de Rafael Leão. A defesa de Rafael Leão já avançou com o pedido de anulação da decisão do Tribunal Arbitral do Desporto, que o condenou a indemnizar o Sporting em 16,5 milhões de euros por ter rescindido unilateralmente em junho de 2018, sem justa causa na conclusão do TAD. O processo está em marcha no Tribunal da Relação de Lisboa mas, com a Justiça praticamente parada devido ao impacto da Covid-19, é impossível avançar com prazos para a resolução do mesmo.
A resolução de recorrer estava tomada pois o jogador considera injusta e excessiva a decisão do TAD, que não só entendeu que não existiam motivos para a rescisão unilateral de contrato alegando justa casa, como ainda contestou o valor da indemnização, por ser demasiado elevado na sua análise. A verba em causa ascende aos 16,5 milhões de euros, uma quantia que o internacional sub-21 português não sabe se vai conseguir amealhar ao longo de toda a carreira.
No plano jurídico, esta é a última cartada do jovem avançado, de 20 anos, que representa atualmente o Milan. Caso o juiz lhe dê razão, o caso regressa à estaca zero, ou seja o TAD terá de voltar a apreciar o processo. Por outro lado, se o Sporting vencer, resta ao atacante pagar os 16,5 milhões de euros pois não tem mais ferramentas à disposição na Justiça.
Rafael Leão tem razões para estar preocupado pois, se a decisão do TAD não for anulada, terá de ser o próprio a indemnizar a SAD leonina. Isto porque, quando assinou pelo Lille e, posteriormente, pelo Milan, o jogador não incluiu uma cláusula de solidariedade que responsabilizaria os clubes pelo pagamento de uma eventual compensação ao Sporting. Desta forma, cabe-lhe a si honrar esta dívida se a decisão do Tribunal da Relação for novamente desfavorável.
Verificando-se esta situação, conforme já adiantou ao Record o advogado João Nogueira da Rocha (árbitro do TAS em Lausanne, na Suíça), Rafael Leão "manteria o direito de jogar" mas ficaria sujeito "a ver os seus bens penhorados", nomeadamente "os ordenados, a casa, o carro" e outro património.
O braço de ferro na Justiça reduz, ou anula mesmo, qualquer margem para que as partes possam chegar a uma solução negociada. A verdade , porém, é que, se o acórdão do TAD for confirmado, Rafael Leão poderá ser obrigado a reabrir a porta do diálogo com o Sporting. Só o tempo dirá mas, se tal acontecer, Jorge Mendes terá um papel determinante. O superagente é o representante de Rafael Leão e já foi decisivo para resolver os dossiês das rescisões de Rui Patrício, Podence ou Gelson Martins.