"Até parece que sem os miúdos o Benfica antes ia a 'meias' da Champions"; Benfica com três anos negros na Champions: equipa com menos pontos, vitórias e golos marcados, e com mais derrotas e golos sofridos

Benfica com três anos negros na Champions. O último desaire em Lyon significa, praticamente, o adeus dos encarnados à Liga dos Campeões 2019/20 e acentuou a tendência negativa da história recente na competição, que já os fotografa como a equipa com pior registo entre as 13 que participaram sempre nas últimas três edições da prova milionária.

O comparativo abrange apenas a fase de grupos, patamar que o Benfica não ultrapassa desde 2016/17. A partir da época seguinte, perdeu 12 dos 16 jogos, venceu três e empatou um. Dez pontos em 48, num registo pobre (20,83% de sucesso) e que o relega para o último lugar do ranking.

As águias são a equipa com menos vitórias (3), golos marcados (12) e a que mais vezes foi derrotada (12), tendo ainda a pior defesa (34 golos sofridos), em igualdade com o Shakhtar. É, ainda, a única do leque que não passou à fase seguinte neste período. Nápoles, Dortmund e Shakhtar têm a performance mais aproximada, mas a uma distância considerável, já que apresentam o dobro dos triunfos. Os alemães têm metade das derrotas (6).

A realidade do Benfica nesta fase, maioritariamente liderada por Rui Vitória (12 jogos), e agora Bruno Lage (4), choca com o discurso do projeto da reconquista europeia, sustentado por Luís Filipe Vieira. O voo tarda em descolar.

"Até parece que sem os miúdos o Benfica antes ia a 'meias' da Champions". Nélson Oliveira, antigo avançado do Benfica e atualmente no AEK Atenas, falou ao jornal Record da aposta na formação e do rendimento europeu das águias, afirmando que prefere o atual modelo do que aquele por que passou.
"Prefiro muito mais esta versão do Benfica do que aquela que havia na minha altura. Aliás, a minha carreira podia ter sido outra se subisse ao plantel principal como se faz agora. Agora sai um jogador vendido e procura-se alternativa na formação. No meu tempo iam buscar ao mercado a alternativa. O exemplo do Lindelöf, quando saiu para o Man. United, é exemplificativo. Pensou-se em ir ao mercado, mas a escolha recaiu em Rúben Dias. E qual é a equipa na Europa que não gostaria de o ter no plantel? Na minha altura, perderam-se muito bons jogadores. O Mário Rui, o Danilo, até mesmo eu, todos internacionais... Dá-me muito prazer esta aposta do Benfica", começou por dizer.
Nélson Oliveira considerou ainda que o mau rendimento na Europa não pode ser associado aos miúdos do Seixal, lembrando que antes desta aposta o clube também não tinha resultados significativos na Liga dos Campeões.
"A aposta na formação é isso mesmo, assumir riscos. Mas é importante mesclar com experiência. E não se pode falar de falta de investimento no Benfica, porque só o De Tomas custou 20 milhões de euros... Os resultados europeus são dores de crescimento, que não podem ser vistos à luz da juventude da equipa. Não se pode associar a falta de resultados na Europa aos miúdos. Até parece que sem eles o Benfica ia a meias-finais da Champions, ou passava a fase de grupos...", lembra o avançado.
"A ida ao mercado faz falta mas a base deve ser a formação. Quando vês os jovens em finais da Youth League, a jogar com os melhores clubes da Europa e a vencer, quando vês as seleções dominadas por jogadores do Benfica a conseguirem belíssimos resultados, alguém pode dizer que não há qualidade?"