PJ suspeita de mais duas toupeiras do Benfica; Svilar é para emprestar; FC Porto enviou 15 documentos para o DIAP. "Quem não deve não teme"

O Ministério Público confirmou na quarta-feira a instauração de um inquérito à segunda parte do jogo de futebol entre Estoril e FC Porto, disputada em 21 de fevereiro, que resultou de uma queixa anónima recebida pela Procuradoria-Geral da República e entretanto remetida para o DIAP de Lisboa. Esta quinta-feira, Francisco J. Marques, diretor de comunicação do FC Porto, revelou que hoje mesmo a SAD portista enviou para o DIAP de Lisboa 15 documentos que considera suficientes para "o esclarecimento do que aconteceu" na transferência de 784 mil euros do FC Porto para o Estoril.

"Quem não deve não teme. Hoje mesmo foi enviado para o DIAP, em Lisboa, uma exposição a que se juntaram 15 documentos com todo o esclarecimento do que aconteceu. Volto a recordar que a reunião de que falava a notícia d' A Bola não existiu em dia algum. Depois falava em transferência de 730 mil euros como contrapartida pela derrota. Houve de facto uma tranferência de 784 mil euros referente ao pagamento de dívidas vencidas. Na altura essa noticia falava também de um talão de depósito? Onde está esse talão", disse, o diretor portista antes de enumerar os documentos enviados pelo FC Porto ao DIAP.

"Para o DIAP seguiu o contrato do Tozé com o FC Porto, empréstimo e de cedência definitiva; aquisição de Carlos Eduardo e cedência definitiva; o contrato de aquisição de Licá, empréstimo e cedência definitiva. Seguiu também a informação relativa à fatura e todo o seu trajeto, as informações da entrada de dinheiro da receita do Liverpool e de um contrato de direitos televisivos; seguiu também a lista de todas as entidades a quem o FC Porto pagou além do Estoril. E há pagamentos ao America do México, Feirense, Alberto Bueno, que rescindiu; Corinthians, Watford, Gent (Depoitre), Victor Garcia, que também rescindiu e recebeu. Nesse dia, a 14 de fevereiro foram feitos 3,9 milhões de euros em pagamentos. Esses movimentos foram remetidos com as provas de todos pagamentos. Foi tudo enviado para o DIAP e também para a Liga de Clubes".

Svilar deverá ser emprestado na próxima época. Segundo o Record, esta é uma decisão que está neste momento tomada pela SAD benfiquista e tem por base a ideia de será prejudicial para o jovem belga arriscar ter mais uma época – neste caso, 2018/19 – com poucos minutos de competição, numa altura em que tem apenas 18 anos. Na Luz há unanimidade no que diz respeito ao tema: o talento do guarda-redes tem de ser lapidado em competição regular.
De acordo com as informações recolhidas pelo diário, até agora os responsáveis encarnados ainda não informaram formalmente o atleta desta decisão, até porque desejam que este mantenha o foco no que resta disputar do campeonato. Para além disso, Luís Filipe Vieira e seus pares não querem arriscar que o camisola 1 possa vir a desmotivar-se nesta altura, pelo simples facto de saber que poderá ser cedido na próxima época.
No entanto, o Record sabe que não só o empresário do jogador como também outros agentes já foram ativados no sentido de começar a trabalhar este cenário. Neste momento, a possibilidade com mais força passa pelo empréstimo a um clube estrangeiro, onde possam existir (pelo menos, na teoria) garantias de que o Svilar terá minutos com regularidade e assim poderá crescer e ir limando os erros que o levaram a deixar a titularidade, depois de ter rendido Júlio César, a meio de outubro passado.
A ideia de 'libertar' o jovem está naturalmente ligada também à contratação de Vlachodimos, que na próxima época chegará com o intuito de assumir as redes sem contestação. Para além disso, há ainda Bruno Varela, atual titular na baliza benfiquista, estatuto que manterá até final da época. Uma vez que Paulo Lopes deverá terminar a carreira, não está ainda totalmente posta de parte a possibilidade de chegada de um reforço para a posição. No entanto, por esta altura não existem negociações com nenhum alvo nesse sentido.

A Polícia Judiciária suspeita da existência de pelo menos mais duas toupeiras, infiltradas no sistema de justiça, que atuaram no interesse do Benfica. Uma auditoria do Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça detetou acessos ao inquérito dos emails, no programa Citius, não só a partir de tribunais do distrito de Braga, de onde são dois oficiais de justiça suspeitos, mas também de tribunais na zona Centro do país, escreve o JN.
Esta será uma das linhas do rumo futuro da investigação, depois de, no fim dos interrogatórios no Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa, terem sido aplicadas as medidas de coação de prisão preventiva ao funcionário judicial, José Nogueira Silva, e de proibição de contactos do assessor jurídico do Benfica, Paulo Gonçalves, com os demais arguidos na Operação E-Toupeira.
De acordo com informações recolhidas pelo JN, interessará à investigação apurar quem ao certo acedeu a informação em segredo de justiça sem para tal estar legitimado – até porque poderão existir outros circuitos de fuga de informação. Mas os indícios já reunidos são já suficientes para concluir pela existência de um esquema de circulação de informações confidenciais inseridas no sistema informático Citius com origem em José Nogueira Silva e Júlio Loureiro (funcionário do Tribunal de Guimarães) e terminando em Paulo Gonçalves, o que permitiu antecipar as diligências.
Os tribunais a partir dos quais terão sido descobertos acessos ao caso dos emails, pendente no Departamento de Investigação e Ação Penal do Ministério Público de Lisboa, situar-se-ão entre Aveiro e Santarém.
No caso concreto de José Nogueira Silva, foi apurado que terá utilizado as credenciais de acesso da procuradora Ana Paula Vitorino, a coadjuvar Maria José Morgado, procuradora-geral distrital de Lisboa. Em comunicado, a Procuradoria-Geral da República esclareceu que aquela magistrada é “completamente alheia ao sucedido, não é, nem nunca foi, suspeita ou visada na investigação”.
Outra linha da investigação prende-se com o envolvimento e imputação do ilícito de corrupção ativa ao Benfica, enquanto pessoa coletiva. As autoridades creem que, até por força da grande proximidade com o presidente Luís Filipe Vieira, Paulo Gonçalves não atuava por sua exclusiva conta e risco, quer na obtenção de informações confidenciais, quer no pagamento aos funcionários judiciais de contrapartidas como bilhetes para jogos no designado “anel VIP” do Estádio da Luz, camisolas e artigos de merchandising. Recorde-se que, na situação de Nogueira Silva estão em causa também conversas relativas à possível contratação de um sobrinho para trabalhar no Museu Cosme Damião. Contudo, o Benfica garante que tal situação não ocorreu.