VAR já deixou escapar 13 penaltis. 5 eram a favor do FC Porto; Benfica diz que bola bateu na...perna de Luisão; "O meu melhor golo seria ser campeão" - Bas Dost

O discurso de Bas Dost não engana: o internacional holandês quebra o preconceito de que os pontas-de-lança são jogadores ‘egoístas’, fazendo sempre questão de colocar o coletivo à frente do individual.

No entanto, golos são mesmo o maior ‘alimento’ de um avançado e, neste capítulo específico, Bas Dost não foge à regra. Na temporada transata, o holandês assumiu-se como o melhor marcador do Sporting (36 golos em 41 jogos) e da Liga (34 em 31 jogos) e discutiu a Bota de Ouro com Lionel Messi praticamente até à derradeira jornada dos respetivos campeonatos.

"Todos os anos quero marcar mais do que na época passada. Mas também sei que estamos a falar de um número grande… [37 golos em 2017/18 – 36 pelo Sporting e um pelo Wolfsburgo] Para ser honesto, esta época não quero saber quantos golos é que marco. O meu melhor golo seria ser campeão. Isso é o mais importante para mim", sublinhou Bas Dost, que esta temporada já contabiliza 14 golos em 21 jogos.

De forma a deixar bem claro o seu ponto de vista, o internacional holandês faz questão de dar um exemplo que sustenta a sua argumentação: "Atenção: entro em campo sempre com a intenção de marcar golos. Isso é uma certeza. Mas, por exemplo, na semana passada, contra o Paços de Ferreira, ganhámos por 2-1, não marquei e no final do jogo fiquei muito feliz. Não marquei, mas isso não me importa para nada. Sabes porquê? Porque ganhámos! Fazemos tudo em nome da conquista do título. Porém, uma coisa é certa: normalmente, para seres campeão tens de ter um avançado que marque muitos golos... Mas na minha forma de ver as coisas, primeiro vem a equipa e depois venho eu. Sempre", sublinhou.

Luisão esteve envolvido no lance ocorrido aos 45 minutos, em que os dragões reclamam penálti, alegando que o central cortou a bola com o braço, após centro de Marega da direita. Ora, entre os encarnados há convicção de que o corte foi com a perna, escreve o jornal Rcord.

No final do encontro, esse lance foi conversado entre os elementos afetos ao Benfica e o protagonista terá explicado que, quando tentou intercetar o centro, escorregou. A sua intenção, fez então saber, foi evitar cometer falta que colocasse em xeque a equipa numa altura importante, em cima do intervalo.

O Benfica, de resto, tem essa visão do lance, pelo que considera correta a decisão de Jorge Sousa em não assinalar qualquer infração.

A introdução do videoárbitro (VAR) não acabou com os erros grosseiros no futebol português. As dúvidas dos intervenientes e dos adeptos, aliás, são cada vez mais densas. Nos jogos dos três principais clubes, por exemplo, o Tribunal de O Jogo detetou 26 más decisões em lances em que o VAR podia e deveria ter agido. Mais de metade (15) ocorreu no interior das áreas, sendo que 13 trataram-se de grandes penalidades que o sistema criado para ajudar os juízes de campo deixou escapar (as outras duas foram mal assinaladas). Os números resultam apenas das jogadas em que a decisão dos elementos que compõem o painel de arbitragem do nosso jornal foi unânime, uma vez que muitas outras foram alvo de discordâncias.

No deve e haver nos lances passíveis de pontapé de penálti, o FC Porto surge, nesta recolha, como o mais prejudicado dos três clubes que seguem nos primeiros lugares da classificação. Os dragões já se queixaram publicamente de oito grandes penalidades negadas pelo videoárbitro, mas só cinco recolheram unanimidade por parte de Jorge Coroado, José Leirós e Fortunato Azevedo. A mais recente surgiu na sexta-feira, no clássico com o Benfica, que foi o menos afetado dos três pela falta de ação do VAR. Os encarnados foram penalizados por duas ocasiões, menos uma que as do vizinho da Segunda Circular em 13 jornadas. O Sporting, contudo, apenas pode lamentar ter perdido pontos por culpa de lapsos do sistema em uma ocasião, na receção ao Braga, enquanto o parceiro no primeiro lugar da classificação (FC Porto) já foi “castigado” em duas (Aves e Benfica).

Por serem os lances em que a liberdade de ação é maior por parte do VAR – os foras de jogo estão dependentes de uma primeira avaliação do juiz de campo –, as grandes penalidades são os lances mais discutidos pelos três grandes. Não se pense, contudo, que estes só acumularam prejuízos. Na receção ao Belenenses, o FC Porto beneficiou, segundo o Tribunal de O Jogo, de erros de julgamento em dois lances ocorridos na própria área, que teriam colocado os homens do Restelo na marca dos 11 metros. Ao Sporting aconteceu o mesmo na deslocação a Guimarães e ao Benfica na visita ao... Dragão.

Além de penáltis por assinalar, em 13 jornadas já se viu quase todo o tipo de erros por parte do VAR. Vermelhos por exibir, golos que deveriam ter sido anulados por irregularidades anteriores na jogada, grandes penalidades mal assinaladas ou foras de jogo que passaram despercebidos. Por isso, sobra a questão: os erros caíram assim tanto?