31 março 2020

O guarda-redes apontado ao Benfica; O jovem que pode valer milhões no Dragão; Quem tramou Rafael Leão? A mensagem para Bruno de Carvalho ao regresso travado pelo pai. Ainda a possibilidade Benfica. "Não ficou no Sporting porque foi apertado"

Quando rescindiu contrato com o Sporting, Rafael Leão tinha cinco jogos e dois golos na equipa principal. Jorge Jesus não precisou de muito tempo para tirar a pinta ao craque hoje com 20 anos. "Ele faz-me lembrar o Jordão", comparava o técnico, em fevereiro de 2018.
Três meses depois, a história do Sporting mudou. Na sequência da invasão à Academia de Alcochete, onde vivia, Rafael Leão rescindiu no último dia do prazo legal (14 de junho) para o fazer podendo invocar o ataque, e foi também o último de nove jogadores a deixar o clube.
A 18 de março, o agora avançado do Milan conheceu a decisão do Tribunal Arbitral do Desporto (TAD): terá de indemnizar o Sporting em 16,5 milhões de euros. O prazo da defesa para pedir a anulação do acórdão na Relação termina esta sexta-feira, 3 de abril.
A notícia caiu como uma bomba no círculo mais próximo de Rafael Leão, mas não foi propriamente uma surpresa para o Sporting. Tanto Frederico Varandas como Sousa Cintra e, até, Bruno de Carvalho sempre acreditaram que se havia um processo de rescisão para ganhar era este.
O acórdão do TAD, ao qual o jornal Record teve acesso, ajuda a perceber porquê. Já depois de rescindir com o argumento do ataque à Academia, e quando estava de férias, o jovem jogador regressou ao local e enviou uma mensagem a Bruno de Carvalho, que veio a revelar-se comprometedora por indiciar que talvez existissem condições para continuar no Sporting. "Obrigado. Estamos juntos Boss", escreveu na referida mensagem.
O colégio arbitral do TAD penalizou este comportamento, ao julgá-lo incoerente, e concluiu que não havia "impossibilidade de subsistência da relação laboral desportiva", isto é, fundamento para a justa causa.
Rafael Leão esteve muito perto de se tornar jogador do Benfica – Luís Filipe Vieira só desistiu da ideia quando Sousa Cintra chegou à Comissão de Gestão – e a própria transferência para o Lille teve um capítulo dramático, que é mencionado no acórdão do TAD, e não por acaso. "Logo após operar a resolução contratual, rescinde o novo contrato entretanto celebrado com outro clube para regressar novamente à anterior entidade patronal", transcreve o documento. O ‘outro clube’ era o Lille e a ‘anterior entidade patronal’ era o Sporting. Ou seja, Leão rescindiu com o… Lille e negociou com Sousa Cintra o regresso a Alvalade.
Este é o capítulo mais rocambolesco da história. Leão comprometeu-se com o Lille, mas o contrato não foi registado de imediato na Federação Francesa de Futebol devido a questões relacionadas com o fair play financeiro da UEFA. A 31 de agosto de 2018, uma sexta-feira, a inscrição estava feita mas ainda não tinha sido validada. E assim, em cima do fecho do mercado, a vontade de Leão em ficar no Lille estava reduzida a zero.
Sousa Cintra e o amigo (e ex-técnico) Tiago Fernandes foram buscá-lo a França e voltaram no mesmo dia. Já em Lisboa, Leão reuniu-se com Cintra, assinou a rescisão com o Lille e chegou a acordo para voltar ao Sporting. Só que, quando os advogados já tratavam de finalizar o contrato, o pai do jogador, António Leão, irrompeu pelo escritório de Sousa Cintra, parou tudo e saiu com o filho dizendo que voltariam no dia seguinte. Nunca o fizeram.
Levado para um hotel, Rafael Leão mudou de ideias durante a madrugada e decidiu voltar atrás. Mas teve de ser rápido, sob pena de não poder jogar até janeiro: era preciso trocar cartas com o Lille e com a FFF para clarificar que o pedido de rescisão enviado horas antes, afinal, não valia. O TAD passou a fatura.
Se as decisões do TAD não forem anuladas na Relação, o Sporting receberá de Rafael Leão 16,5 milhões de euros e terá de pagar ao jogador 40 mil euros por assédio moral. Em causa estão várias publicações de Bruno de Carvalho nas redes sociais , bem como processos disciplinares abertos e arquivados quase de imediato, atos que, na leitura do TAD, configuram "situação de assédio".
O colégio arbitral considerou que o Sporting violou o "dever de segurança" por não ter garantido "o isolamento dos seus atletas", quando foi avisado da invasão da Academia "com cerca de 10 a 12 minutos de antecedência", mas refere que para efeitos de rescisão com justa causa "não basta qualquer incumprimento contratual grave e culposo, sendo ainda necessário que o mesmo torne impossível a subsistência da relação laboral", o que não terá ficado provado com Rafael Leão.
Pequena loucura de Vieira. "Vou fazer uma pequena loucura que se calhar não devia. Mas vou. Há 25 anos brincaram connosco mas não brincam mais". As palavras são de Luís Filipe Vieira e remontam a 11 de junho de 2018, num assembleia geral do Benfica.
Vieira lembrava o famoso Verão Quente de 1993 (quando Paulo Sousa e Pacheco trocaram a Luz por Alvalade) e preparava-se para contratar um ou mais jogadores que tinham rescindido com o Sporting (Rafael Leão já era associado aos encarnados, Gelson Martins foi falado e existiram rumores sobre Bruno Fernandes que o próprio desafiou o Benfica a esclarecer, em entrevista ao Record). 12 dias depois dessa AG, Bruno de Carvalho foi destituído e Sousa Cintra assumiu o futebol dos leões. Vieira recuou. "Eu tinha a certeza – a certeza! – que ele não me ia lá buscar jogador nenhum", contou Cintra ao jornal, em outubro de 2018.

"Não ficou no Sporting porque foi apertado". Sousa Cintra resgatou Bas Dost, Bruno Fernandes e Rodrigo Battaglia e esteve muito perto de também convencer Rafael Leão a regressar. Aliás, convenceu-o. O problema não foi o avançado.
"O rapaz chegou a assinar a carta para o Lille. Ele queria o Sporting. Era uma questão de minutos. Estava já na ponta final. Só que os advogados demoraram um bocado de tempo a fazer o contrato. Depois o pai, o tio e o empresário vieram cá e fizeram aquela cena toda. Foi uma grande novela", lamenta Sousa Cintra, contactado pelo Record, antes de explicar o que aconteceu exatamente quando estava em reunião com o jogador nos seus escritórios.
"Apareceu cá o pai a bater à porta, um barulho do caraças. Foi uma cena triste. O filho era maior e vacinado, podia perfeitamente ter assinado, como era seu desejo. Disseram-me que vinham no dia seguinte. Ainda me lembrei de falar com o empresário [à data, Nélson Almeida] para saber o que eles queriam. Mas não apareceram mais", explica o responsável pelo futebol do Sporting durante a Comissão de Gestão. "Ele estava todo animado. As outras pessoas é que o levaram a fazer o que ele fez. Ele não continuou no Sporting porque foi apertado", acrescenta Cintra.
O ex-presidente da SAD revela ainda que acabou por não reforçar mais o ataque nessa janela de transferências, com vista à temporada 2018/19, porque contava com Rafael Leão... para jogar. "Fiquei com muita pena de ele não ter assinado com o Sporting. Considero-o um jogador fantástico. Contava com ele. Inclusive, disse-lhe que não contratei outro avançado na altura porque estava a contar com ele, para ele poder jogar. Se não, teria contratado outro avançado. Expliquei-lhe bem isso e ele estava de acordo", descreve ainda Cintra, convicto de que Leão, se tivesse ficado em Alvalade, teria deixado uma marca importante na equipa e no clube. "E um dia, quando saísse do Sporting, saía pela porta grande, como aconteceu com o Bruno Fernandes."

Diogo pode valer milhões no Dragão. Diogo Leite pode ser uma peça importante no reequilíbrio das contas da SAD do FC Porto. O jovem central, formado no clube, tem muito mercado e deve sair no defeso de verão, permitindo o encaixe de mais-valias fundamentais para o clube. O Valência surgiu como estando de olho no vencedor da Youth League da época passada, mas a verdade é que o interesse não é de agora. De acordo com O Jogo, o emblema culé esteve muito perto de fechar a contratação de Diogo Leite no mercado de janeiro. As conversações estavam adiantadas, existia um princípio de acordo entre todas as partes e o negócio só não se concluiu porque estava pendente de um outro, do lado dos espanhóis, que também caiu por terra. Por outras palavras, o Valência fecharia a transferência do defesa portista depois da saída de um dos seus centrais [Garay, Mangala, Diakhaby e Gabriel Paulista], o que acabou por não acontecer. Os valores não são conhecidos, mas seriam abaixo da cláusula de rescisão, que é de 40 milhões de euros.
Diogo Leite, contudo, continua na agenda do Valência, que pretende renovar parte do setor defensivo para 2020/21. O central portista está bem referenciado junto do treinador Albert Celades, que há muito segue o internacional Sub-21 português. Aliás, o técnico trabalhou nas seleções jovens espanholas e conhece perfeitamente vários jogadores desta geração. O principal problema neste momento é a indefinição que existe no futebol devido à pandemia e que terá, inevitavelmente, consequências no poderio financeiro que os clubes vão ter para abordar o mercado de transferências. Em todo o caso, o Valência não está sozinho na corrida. Southampton, Feyenoord, Sevilha, Besiktas, Ajax, Bordéus e Borússia de Moenchengladbach enviaram, no ano passado, propostas pelo central, mas Sérgio Conceição nunca se mostrou disponível para o perder.

Apontado como alternativa a Vlachodimos. Depois do negócio falhado por Perín, mais um guarda-redes surge na rota da águia. A imprensa turca avança que as águias estão de olho no guardião do Trabzonspor Ugurcan Çakir, situação que ganharia força com a possível partida de Vlachodimos.
Aos 23 anos, o turco é o titular indiscutível no líder do campeonato, tendo disputado 33 jogo esta temporada e sofrido 39 golos.
O internacional turco está também a ser muito requisitado em Inglaterra e tem sido frequentemente observado por clubes como Arsenal, Tottenham, Liverpool e Leicester.

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