16 outubro 2024

MP quer Benfica suspenso. FPF abre inquérito, Sporting exige punição e FC Porto pondera pedido de indemnização. Ainda a questão: "Continuará a instituição Benfica acima da lei?"; Benfica paga 12M€ a Schmidt; “Palmeiro tem falta de campo e de balneário”

A futura saída de Hugo Viana para o Man. City e a sua substituição por Bernardo Palmeiro, que se tornará diretor-geral do Sporting, constitui, na opinião de Pedro Palma Ferro, a alteração daquele que tem sido o paradigma desde a chegada de Rúben Amorim.
“A saída do ainda diretor desportivo, seu fiel amigo e companheiro [de Amorim], precipitará, em meu entender, a saída do treinador”, apontou, ao jornal Record, o consultor desportivo, que identifica os desafios que Palmeiro terá em vista.
“Não anda no futebol há dois dias, mas falta-lhe balneário, falta-lhe campo. Terá que gerir com pinças a relação com a equipa”, frisa, reforçando: “Sancho Freitas e Bernardo Palmeiro têm sido os homens mais próximos de Frederico Varandas no que ao processo de transferências interno diz respeito. Um dos dois nomes teria que surgir obrigatoriamente após a confirmação da saída de Hugo Viana.”

MP quer Benfica suspenso. A Benfica, SAD foi acusada pelo Ministério Público (MP) de corrupção ativa e fraude fiscal, como o seu antigo presidente, Luís Filipe Vieira, e Paulo Gonçalves, ex-assessor jurídico da sociedade benfiquista. No âmbito da investigação do processo dos emails, o Ministério Público, que ilibou Rui Costa, atual líder do clube da Luz, deduziu acusação também à SAD do V. Setúbal e a antigos dirigentes sadinos – neste caso por corrupção passiva e fraude fiscal –, que terão participado num esquema cujo mentor foi Luís Filipe Vieira. O objetivo do antigo presidente benfiquista seria garantir que o V. Setúbal favoreceria o Benfica em campo através de pagamentos que o MP frisa serem “operações simuladas”.
Face ao que entende ser “o grau de ilicitude dos factos”, a acusação pede a condenação das SAD de águias e sadinos com “as penas acessórias de ‘suspensão de participação em competição desportiva por um período de 6 meses a 3 anos’”, tendo em conta o Artigo 4.º da Lei n.º 50/2007, de 31 de agosto. Já em relação a Luís Filipe Vieira, Paulo Gonçalves e restantes dirigentes envolvidos aponta a “proibição do exercício de profissão, função ou atividade, pública ou privada, por um período de um a cinco anos”.
No despacho, o Ministério Público assume que “não se coletou qualquer indício que apontasse para o conhecimento e/ou envolvimento” de Rui Costa e Domingos Soares de Oliveira, dupla que à data fazia parte do Conselho de Administração e que passou a ser testemunha no caso – também José Eduardo Moniz e Nuno Gaioso, antigos administradores, foram ilibados.
Ao mesmo tempo que o processo corre na justiça penal, também na justiça desportiva o caso está a ser investigado. De acordo com informações recolhidas pelo jornal O Jogo, a Federação Portuguesa de Futebol tem um processo de inquérito aberto, analisando as acusações de que as águias são alvo e os indícios existentes.
O MP realça que “durante o ano de 2016”, Luís Filipe Vieira e Paulo Gonçalves, assim como Fernando Oliveira e Paulo Grencho, “elaboraram um plano que passava pela disponibilização de fundos, ou de outros ativos com valor desportivo” pela sociedade benfiquista “a favor” da homóloga, num esquema que viriam “a executar pelo menos até ao ano de 2019” – nesse período, as equipas defrontaram-se na Liga em seis ocasiões, com quatro triunfos do Benfica, um empate e uma derrota, estes em 2016/17. O despacho alega ainda que Vítor Hugo Valente, que assumiu em 2018 a liderança da SAD do V. Setúbal, “tomou conhecimento dos contornos e pormenores do acordo em causa, a que aderiu”. “Com tais atribuições pecuniárias, a SLB SAD visava vir a obter, por parte da VFC SAD, uma atuação a favor dos seus interesses”, frisa o documento, sublinhando que as águias procuravam “a obtenção de resultados favoráveis às suas pretensões desportivas em momentos oportunos”, ou seja, nos confrontos com os sadinos, e referindo também o interesse em jogos com os “rivais diretos” do clube da Luz, e dando conta do posicionamento do Vitória favorável ao Benfica em assembleias gerais da Liga. O MP considera que tal plano ditou uma “dependência económica e financeira” da SAD sadina em relação à sociedade benfiquista, sendo que o Vitória e os seus representantes “aceitaram praticar todos os atos necessários à concretização dos interesses” do Benfica. Mais, frisa que perante a “situação económica débil” da SAD vitoriana as contrapartidas benfiquistas tinham uma “importância fundamental” para que esta sociedade “conseguisse (...) cumprir com as obrigações” que poderiam impedir a sua participação em competições desportivas ou inscrever jogadores. Para prosseguir com esta relação, defende o Ministério Público, as duas SAD procederam à “elaboração de contratos que formalizavam operações simuladas”.
A acusação explicita depois diversos procedimentos tendo em vista o plano para “injetar dinheiros” da sociedade benfiquista na sua homóloga e dá como exemplos os casos de Bruno Varela, que rescindiu em 2016 e foi contratado no ano seguinte por 100 mil euros, Willyan Barbosa, Luís Felipe, Marcelo Hermes e Daniel dos Anjos. O MP entende que os negócios entre as SAD geraram “uma vantagem patrimonial” para os sadinos “no valor de pelo menos 1.645.808,49€” e para os encarnados “no valor de 899.582,83€”.
Magalhães e Silva, advogado de Luís Filipe Vieira, entende que“não há prática de crime no caso”. Em declarações à CNN Portugal, frisou: “Esta é uma situação inteiramente semelhante em relação ao que aconteceu em Itália entre a Juventus e a Fiorentina e na Alemanha entre o Bayern e o Dortmund. Se estivessem cá seriam perseguidos criminalmente. O Ministério Público entende que esta situação é crime, eu entendo que não é, foi apenas a maneira através da qual o Benfica beneficiou de facilidades relativas a jogadores em formação e já formados. O V. Setúbal resolveu os problemas que tinha coma Segurança Social e como pagamento aos jogadores e pôde manter-sena I Liga ”, justificou.

Sporting exige punição. O Sporting reagiu em comunicado aos desenvolvimentos no caso dos emails, em que o Ministério Público pretende a suspensão do Benfica das competições desportivas em caso de condenação.
«Perante os últimos desenvolvimentos referentes a mais um processo judicial relativo a comportamentos contrários à verdade desportiva, a Sporting Clube de Portugal - Futebol, SAD não pode deixar de reforçar a importância de se garantir que, pelo menos desta vez, a imagem e a regularidade das competições desportivas portuguesas não sejam as únicas partes afetadas», pode ler-se no documento.
«A Sporting Clube de Portugal - Futebol, SAD vai continuar a acompanhar de perto a evolução do processo judicial em causa, colaborando ativamente com as autoridades competentes para que os responsáveis sejam punidos e este tipo de comportamentos erradicados de vez do desporto nacional», lê-se igualmente no comunicado oficial.

FC Porto pondera pedido de indemnização. O FC Porto é parte interessada no processo no caso dos emails que resultou na acusação do Ministério Público à SAD do Benfica e ao antigo presidente Luís Filipe Vieira, por corrupção e fraude fiscal. Os dragões já se tinham constituído assistentes no processo e vão decidir em breve os próximos passos, à semelhança do que aconteceu na Operação Pretoriano, outro processo em que o FC Porto se constituiu assistente e no qual vai pedir indemnização de €5 milhões aos arguidos. O gabinete jurídico do FC Porto poderá aderir à acusação do Ministério Público, acusar outros factos sobre o processo e pedir, igualmente, uma indemnização.

"Continuará a instituição Benfica acima da lei?". O pirata informático Rui Pinto reagiu nas redes sociais: «A acusação conhecida e os resultados que produzirá serão de importância fulcral não só para o processo de credibilização do futebol português, mas também da própria Justiça. Continuará a instituição Benfica acima da lei? Ou será este o ponto de viragem? Só o tempo o dirá.»

Benfica paga 12M€ a Schmidt. As negociações entre o Benfica e Roger Schmidt para chegar a um entendimento tendo em vista a rescisão de contrato estão nesta fase no bom caminho. De acordo com informações avançadas pela CNN Portugal, o acordo entre as águias e o técnico alemão poderá cifrar-se em valores a rondar os dez a 12 milhões de euros, sendo que o pagamento da indemnização ao ex-treinador benfiquista poderá ser feito em duas ou três tranches.
Rui Costa, presidente do Benfica, avançou há cerca de mês e meio para a demissão de Roger Schmidt do cargo na sequência do mau arranque de campeonato, fruto de uma derrota e um empate em quatro jogos, o que ditou uma distância de cinco pontos para o líder Sporting.
Schmidt tinha contrato válido até 2026 e com um ordenado que iria subir até ao final do vínculo, o que implicaria o pagamento, em caso de reembolso total, de cerca de 20M€.

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