Rui Costa leva Benfica ao topo europeu das vendas; "O Benfica festeja vendas, os outros festejam títulos"

A recente venda de João Neves, por 59,9 milhões de euros, que pode garantir ainda mais dez milhões, permitiu à SAD encarnada atingir os 448,72 milhões de euros de receita nas transações de jogadores com Rui Costa na presidência. Um valor que deixa o clube da Luz na liderança da faturação das vendas de atletas desde outubro de 2021, quando o ex-jogador assumiu o comando das águias.

Neste período, que vai do mercado de inverno de 2021/22 até à atual janela de verão (2024/25), os encarnados amealharam 448,72 milhões de euros, em operações com mais de 70 futebolistas, segundo o site “Transfermarket”.

Nesse ranking, o Benfica é seguido pelo Chelsea (446,36 milhões), Ajax (400,52 milhões), Manchester City (383,97 milhões) e Atalanta (343,19 milhões de euros).

Apesar de significativa, a venda de João Neves não entrou no pódio dos negócios na era do atual líder. A maior venda foi a de Enzo Fernández – 121 milhões para o Chelsea, em janeiro de 2023 –, seguindo-se a de Darwin Nunez, que rumou ao Liverpool por 75 milhões, no verão de 2022, mas já rendeu mais dez milhões entretanto. Gonçalo Ramos, cedido ao PSG, em agosto de 2023, garantiu uma faturação de 65 milhões de euros, já que os franceses exerceram a opção de compra obrigatória em novembro passado. A operação admite ainda mais 15 milhões de euros em objetivos variáveis.

João Félix, vendido por 127,2 milhões ao Atlético de Madrid, e Ruben Dias, transferido para o Manchester City por 69,8 milhões, completam o “top 5” das maiores vendas da águia, mas não entram nestas contas, pois o presidente era Luís Filipe Vieira.

"O Benfica festeja vendas, os outros festejam títulos". A saída de João Neves ainda deixa mágoa no coração de muitos benfiquistas. Aquele que era o 'menino bonito' da plateia da Luz saiu para o Paris Saint-Germain. Diogo Luís, antigo jogador encarnado, chama a atenção para aquilo que o Benfica fará com o dinheiro que recebeu, lembrando que os adeptos de futebol festejam títulos e não valores de vendas.

"Muita gente diz que é um grande negócio, sem dúvida, em termos de investimento, é um grande investimento que entra na Luz, é um grande montante", começou por realçar o ex-lateral, dando conta da interpretação que deve ser feita sobre "um grande investimento" em futebol.

"A questão do grande investimento no futebol é diferente de um bom negócio em outras empresas. Um bom negócio no futebol tem depois de ser convertido em rendimento desportivo", salientou Diogo Luís.

"E a verdade é que nós olhamos para os últimos anos, desde 2019/20, e o Benfica vendeu 515 milhões de euros, no mesmo período, o Sporting vendeu 273 e o FC Porto 327", contou, explicando que os rivais do Benfica têm mais títulos nesse período.

"O FC Porto tem 10 títulos. Quatro Taças de Portugal, dois campeonatos, três supertaças e uma Taça da Liga. O Benfica tem um campeonato e duas supertaças. O Sporting tem dois campeonatos, uma supertaça e duas taças da Liga", mencionou o ex-futebolista, em declarações na CNN Portugal.

"O Benfica foi o que vendeu mais. Eu não acredito que os adeptos do Benfica festejem vendas, mas a verdade é que vendes para converter isso em algo", relatou Diogo Luís, numa altura em que há críticas à forma como João Neves saiu da Luz e Renato Sanches chegou: "Jorge Mendes dá com uma mão e tira com a outra".

"O que eu vejo é que o Benfica tem vendido muito e bem. Mas isso tem sido convertido em mais custos", avisou o ex-jogador encarnado, salientando que "não se tem convertido em rendimento desportivo, não se tem convertido em melhor futebol".

"Tem sido convertido, sim, desde 2019/20 até 2024/25, para gastar mais", criticou Diogo Luís, lembrando que não são conhecidas melhorias no centro de estágio nos últimos anos.

"O Seixal não foi melhorado desde que saiu o Luís Filipe Vieira, no Estádio meteram umas luzes, é verdade, fica um ambiente diferente, mas não houve um investimento louco", referiu Diogo Luís.

Nesse cenário, o ex-jogador encarnado disse que "o Benfica hoje festeja vendas, os outros festejam títulos". "O Benfica vende e muito bem, mas converte essas vendas em custos e não em investimento, em investimento que depois possa dar fruto", sublinhou.

"O bom negócio tem de ser utilizado para gerar investimento e para gerar rendimento desportivo. Aí, sim, será um bom negócio", concluiu o antigo jogador de futebol.