Se o Sporting for campeão “não foi graças a Varandas, foi apesar de Varandas”; FC Porto vai pedir despenalização de Luis Díaz se o CD avançar com castigo. Especialista em direito desportivo, considera que o FC Porto "tem legitimidade para recorrer"; "Estamos a mudar o pneu do carro em andamento", diz Jorge Jesus

Depois da vitória por 3-1 sobre o Estoril, Jorge Jesus voltou a lembrar o surto de covid-19 que abalou o plantel do Benfica, dizendo que está obrigado a ir trocando vários jogadores em cada partida para que todos possam voltar a um elevado nível de competitividade.
O treinador do Benfica admitiu que a equipa tem oscilado a nível exibicional fruto das semanas de trabalho afetadas pelo vírus."Por isso é que hoje mudei em relação ao último jogo. Pus cinco jogadores novos. A equipa agora treina, mas temos jogos em cima de jogos. Andámos dois meses sem treinar, a equipa perdeu competitividade e intensidade. E a forma de melhorar é metendo cinco jogadores novos hoje, no próximo jogo outros cinco. É como se estivéssemos a fazer uma pré-época, dando competitividade aos que tiveram muito tempo sem treinar. É um trabalho que estamos a fazer em cima do jogo, a mudar o pneu do carro em andamento. Mas vamos ficar cada vez melhores", referiu.

O FC Porto vai avançar com um pedido de despenalização de Luis Díaz caso o Conselho de Disciplina da FPF determine alguma suspensão do jogador, que foi expulso contra o Sp. Braga na sequência de um lance envolto em polémica. A garantia foi dada por Francisco J. Marques, diretor de comunicação dos dragões, no Porto Canal. 
"Se depois do Conselho de Disciplina ver as imagens e, mesmo assim, entender penalizar o Díaz, o FC Porto tratará de pedir a sua despenalização. Vamos acreditar que o Luis Díaz não seja castigado, que se perceba que o lance teve consequências infelizes para o defesa, mas que não se justicava de forma alguma o vermelho. Se houver castigo, algo que deverá ser conhecido sexta-feira, logo se verá", frisou Francisco J. Marques.
 
"FC Porto tem legitimidade para recorrer do vermelho a Luis Díaz". Lúcio Correia, especialista em direito desportivo, considera que o FC Porto "tem legitimidade para recorrer do cartão mostrado a Luis Díaz" no jogo com o Sporting de Braga.
O "caso Palhinha", que continua a aguardar desfecho, serve de argumento. "Abre um precedente enorme e toda a gente pode ir à procura da retirada de cartões", entende Lúcio Correia ouvido pela RR.
O especialista defende que, "de uma vez por todas, tem de haver uma decisão jurisprudencial orientadora para evitar que toda a gente se sinta legitimada para tal". "O FC Porto pode naturalmente recorrer do castigo aplicado pelo Conselho de Disciplina, mas isso não significa que seja certo de que se tenha outro caso Palhinha”, acrescenta.
Lúcio Correia considera que é urgente uma clarificação e reformulação dos regulamentos. A definição de prazos mais curtos para a tomada de decisões de foro disciplinar pode até passar, admite, pela redução de instâncias de recurso.
"Vivemos um tempo algo estranho. mas o desporto precisa de outros prazos, talvez de menos instâncias para decidir. Os prazos têm de ser muito curtos, porque ninguém vai perceber que uma decisão de casos Palhinha, Luís Diaz ou de outro clube qualquer, possa demorar nove, 10, 11 meses. Ninguém percebe isto”, observa o professor de Direito do Desporto, Lúcio Correia, em entrevista à Renascença.

Se o Sporting for campeão “não foi graças a Varandas, foi apesar de Varandas”. Numa das mais empolgantes épocas do Sporting nos últimos anos, a equipa de Alvalade construiu uma rara vantagem relativamente aos rivais, contabilizando mais oito pontos do que o FC Porto e 11 do que Benfica e SC Braga. A formação de Rúben Amorim está, por isso, bem lançada para colocar fim a um longo jejum de títulos. 
Alexandre Godinho, ex-vice-presidente leonino, na direção de Bruno de Carvalho, considera que “só um ‘milagre’ tira este título ao Sporting”. No entanto, os méritos devem ser creditados, de acordo com o ex-dirigente, a Rúben Amorim. 
“Ganhando, fico feliz como sportinguista. E creditarei o mérito a Rúben Amorim e ao grupo que logrou construir. Mas sem falsas hipocrisias: não foi graças a Varandas. E sim: apesar de Varandas!”, exclamou, num texto partilhado nas redes sociais. 
O ex-dirigente, recorde-se, manteve-se sempre ao lado de Bruno de Carvalho, tornando-se numa voz crítica da direção liderada por Frederico Varandas. Reservado nessas críticas, Alexandre Godinho faz agora ouvir a sua voz, depois de palavras imputadas a Beto Severo, que terá sugerido que Bruno de Carvalho “está eufórico para ir ao Twitter falar mal” do Sporting.  
"Numa altura destas, há sportinguistas, com responsabilidade acrescida, que ainda conseguem ter espaço nas suas preocupações para destilar este tipo de ódios a alguém que tanto deu de si a uma instituição e de retorno teve tanto, e irreparável, prejuízo pessoal”, reage Alexandre Godinho. 
São ecos de divisão no universo leonino, ainda que o bem supremo – o título do Sporting e o fim de jejum – se sobreponha a qualquer ‘fação’ leonina. 
O Sporting conseguiu uma das melhores primeiras voltas da sua história, ainda não perdeu, na presente edição da I Liga, e conseguiu em Barcelos, diante do Gil Vicente, mais uma vitória com alma, conseguida nos últimos minutos, após reviravolta. 
Rúben Amorim não assume o título como objetivo, mas já não é possível disfarçar que a formação de Alvalade é a favorita à conquista do campeonato, contrariando todas as expectativas, dado o investimento elevado feito pelo Benfica e o estatuto de campeão em título que o FC Porto ostenta.