Pepê já assinou pelo FC Porto; Projeto caiu e Benfica aperta o cinto. Acaba o forte investimento, reduz os vencimentos e volta a apostar na formação. Emprestados regressam; Sporting conta com a champions para agarrar as pérolas

A qualificação do Sporting para a próxima edição da fase de grupos da Liga dos Campeões vai contribuir decisivamente para que a SAD liderada por Frederico Varandas possa preservar os principais ativos que estão ao dispor da equipa comandada por Rúben Amorim, pelo menos, segundo O Jogo, é essa a intenção dos dirigentes leoninos. De acordo com informações recolhidas pelo nosso jornal, endurecer a postura negocial, solicitando valores elevados, será parte da estratégia a seguir, aliciando os atletas com possíveis revisões de vencimentos, ainda que alguns dos atletas mais jovens, como são os casos de Nuno Mendes ou Matheus Nunes, tenham sido objeto de melhorias salariais recentes. Mas, em Alvalade, entende-se que a entrada da equipa nos grandes palcos permitirá à SAD ficar a salvo da pressão do mercado de transferências, que levou, por exemplo, mais recentemente a que o Sporting tivesse de negociar a saída de Wendel para o Zenit por 20,3 milhões de euros.

Um dos nomes que maior interesse tem suscitado nesta matéria é o de Nuno Mendes, seguido por vários emblemas europeus, desde logo pelo Liverpool, Juventus, Inter de Milão e AC Milan, isto sem esquecer Matheus Nunes e o próprio Pedro Gonçalves. Os dirigentes leoninos acreditam que podem segurar o jovem ativo, à semelhança de outros, pelo menos mais uma temporada, rentabilizando os mesmos e potenciando vendas recorde que levem a um equilíbrio das contas em altura de pandemia. Esta, é certo, coloca ainda incerteza em algumas das contas verdes e brancas, e não só, porém Frederico Varandas e os seus pares olham para o futuro com a pretensão de uma planificação que evite sobressaltos. Mesmo em termos de reforços, a entrada de Paulinho já foi no sentido de ser compensada com receitas provenientes da prova mencionada. A liderança da I Liga, os nove pontos de avanço à entrada da segunda volta para o terceiro classificado, o Braga, dão nesta fase algum conforto para o regresso a prova milionária na próxima temporada. Rúben Amorim, esse, já deu conta da importância da prova, mas também do que a mesma poderá representar, isto antes da deslocação ao Funchal, para enfrentar o Marítimo. “É importante a Liga dos Campeões, como todos aqui sabemos. É muito dinheiro que entra, é sinal que ficámos bem classificados. Essa cooperação com a direção passa por aí. Há o objetivo que a direção propõe e que nós sabemos que o Sporting tem de lutar por isso e que depois nos dá capacidade para segurar os Tiagos Tomás, a juventude toda, de uma forma que, sem a Liga dos Campeões não vamos conseguir de certeza. Há essa cooperação e planeamento, mas mais uma vez relembrar o investimento de início do Sporting e dos outros clubes. Agora fizemos um ajuste porque se calhar não conseguíamos noutra altura fazer esta contratação. Vem daí a cooperação, dos objetivos traçados, do que poderemos conseguir”, disse então.

Projeto caiu e Benfica aperta o cinto. A 11 pontos da liderança, o Benfica também já nem depende nesta altura de si próprio para atingir o segundo lugar do campeonato, que dá acesso direto à próxima edição da Champions. E numa altura em que, segundo o Record, a SAD também já vai preparando o orçamento 2021/22 precavendo o rombo financeiro da possível não participação na liga milionária, o jornal escreve que que Luís Filipe Vieira tem igualmente bem definido um plano que implica um forte apertar de cinto na Luz.

Se, para colmatar a tal ausência de receita na Champions, os responsáveis encarnados planeiam ir buscar o encaixe através da venda de jogadores, o presidente encarnado tem já claras outras medidas mais abrangentes para aquilo que considera ser o melhor para o futuro do clube a curto e médio prazo. A começar desde logo por significativos ajustes no plantel da equipa principal, estando a ser desenhadas as saídas de alguns habituais titulares na presente campanha. Neste capítulo, a ideia passará por aliar o dinheiro da venda à poupança na massa salarial, pois Vieira considera que, perante o arrastar da quebra de receitas – e sem bons resultados desportivos – não é, do ponto de vista da gestão, viável manter uma folha de encargos tão elevada. Os cortes já são expressivos, aliás, nas modalidades.

A aposta na formação, que conheceu um acentuado travão na presente temporada, voltará a ser expressiva e estão já identificados vários nomes de jovens que, pelo menos, terão oportunidade de mostrar serviço na próxima pré-temporada. Para além disso, outros elementos vão ganhar maior protagonismo, pois a ideia da SAD é inverter o que fez no último verão. Isto é: contratar menos e olhar mais para dentro. No arranque desta época, recorde-se, para além do regresso de Jorge Jesus, os encarnados fizeram o maior investimento da história de um clube português, aplicando cerca de 100 milhões de euros na equipa principal. Agora, o paradigma muda.

Uma das medidas já assentes por Vieira no planeamento da próxima época – e já a pensar na redução da massa salarial do plantel principal – passa por fazer regressar vários jovens que estão emprestados. Florentino, cedido ao Monaco, Gedson (Galatasaray), Ferro (Valencia), Tomás Tavares (Farense) e Jota (Valladolid), por exemplo, terão ordem para voltar e maior esperança de ficar... de vez. Ativos com opções de compra, como Vinícius (45 M€, Tottenham), só voltam se não tiverem mercado.

Pepê já não escapa ao FC Porto. De acordo com informações recolhidas pelo jornal O Jogo, o extremo de 23 anos já efetuou os indispensáveis exames médicos e assumiu de seguida um compromisso com os dragões, colocando a assinatura num contrato válido por cinco temporadas, que entrará em vigor no arranque de 2021/22. Até essa altura, o internacional olímpico brasileiro permanecerá em Porto Alegre para tentar ajudar o Grémio a vencer a Copa do Brasil, frente ao Palmeiras, coberto por uma apólice de seguro contra eventuais lesões, até porque os portistas aceitaram pagar 15 milhões de euros pela transferência e ainda entregar ao “Tricolor” 12,5% das mais-valias de uma futura venda. 

O pagamento desta verba será feito de forma parcelada até ao final de 2022, embora o emblema brasileiro esteja a tentar antecipar o dinheiro através das garantias financeiras apresentadas pela SAD azul e branca.

Pepê, recorde-se, é a quarta contratação mais cara da história do FC Porto, só superado pelos 20 milhões de euros pagos por Óliver Torres e Imbula e ainda os 19 milhões de Hulk. Esta temporada soma 15 golos em 52 jogos pelo Grémio, o último dos quais na quarta-feira, ao Santos.