04 fevereiro 2021

"Cumpri a lei como sempre fiz", diz juiz que decidiu 'caso Palhinha'. Juiz deixa indiretas sobre o benfiquismo de...António Costa e Cláudia Santos; Médio argentino processou "o Sporting por danos e prejuízos" e exige 500 mil euros; Primeiros valores relativos ao 'negócio Paulinho' têm de ser liquidados esta semana; As exigências de Vieira ao plantel

A derrota com o Sporting no dérbi de Alvalade e o mau momento da equipa – ficou a nove pontos do líder do campeonato – foram alvo de análise por parte de Luís Filipe Vieira num encontro com os capitães de equipa. O presidente encarnado dissecou a situação das águias numa reunião na terça-feira com os líderes do plantel benfiquista, num encontro que contou também com a presença de Rui Costa, administrador da SAD e agora vice-presidente, e de Luisão, diretor-técnico e de performance das águias.
Segundo apurou o jornal O Jogo, Luís Filipe Vieira pretende que a equipa demonstre maior compromisso e determinação, tendo passado essa mensagem às principais referências do grupo benfiquista de forma a que a situação possa inverter-se. O tom e teor da conversa foi, aliás, dentro do que Rui Costa explicitou e transmitiu no mesmo dia na entrevista ao canal do clube. O encontro realizou-se antes de o dirigente falar publicamente, pois Vieira quis passar primeiro aos atletas uma mensagem de exigência que o agora vice-presidente viria a reforçar pouco depois através da BTV.
Assumindo o mau momento e garantindo que “é proibido pensar que o campeonato está acabado”, Rui Costa frisou que esta fase “é para gente de grande caráter”. “É neste momento que vamos ver quem tem capacidade para representar um clube como o Benfica. Vamos ver até final quem são os homens”, atirou, deixando um aviso específico: “Não basta fazer um malabarismo ou um carrinho.”
Tendo em conta que Jorge Jesus está neste momento ainda em casa a recuperar de covid-19, a reunião acabou por não contar com nenhum elemento da equipa técnica, cingindo-se assim, além de Vieira, Rui Costa e Luisão, aos capitães, que, até ontem, e de acordo com informações recolhidas pelo jornal, ainda não tinham transmitido a mensagem a todo o plantel.
Após ter também ele estado com covid-19, Luís Filipe Vieira, já recuperado, decidiu marcar presença em Alvalade, à última hora, tendo ficado bastante desagradado e irritado com a forma como a equipa foi batida. O líder máximo das águias esperava muito mais dos jogadores, atendendo até à classificação e à diferença pontual para o Sporting, que se agudizou com o desaire por 1-0.

Paulinho no Sporting: acordo a dois anos com pagamentos já esta semana. A contratação de Paulinho só terá impacto significativo nas contas do Sporting a partir da próxima época mas, na verdade, os primeiros valores relativos ao negócio têm de ser liquidados até ao final desta semana, como aliás ficou estipulado no acordo de transferência, assinado na segunda-feira.
Segundo o jornal Record apurou, haverá um pequeno acerto de contas preliminar, que consistirá em dois pagamentos. O Sporting terá de fazer entrar 750 mil euros nos cofres do Sp. Braga que, por sua vez, está obrigado a depositar 600 mil euros nas contas da SAD de Alvalade. Na prática, embora seja este o dinheiro movimentado em ambos os sentidos, o referido acerto de contas resultará num saldo positivo para o Sp. Braga de 150 mil euros. O Sporting terá de desembolsar, no total, 16 milhões de euros, tendo a receber 3 M€ por Borja.
O Record escreve, ainda, que o Sporting vai pagar a transferência em quatro prestações iguais, de aproximadamente 3 milhões de euros, ao longo de dois anos, sempre nos meses de setembro e fevereiro. A primeira destas quatro tranches será paga apenas dentro de 7 meses, mas isto não impedirá o Sp. Braga de tentar antecipar já a totalidade do dinheiro através de um financiamento bancário, que de resto é cada vez mais frequente nestas operações.

Federico Ruiz exige 500 mil euros ao Sporting. Depois de recorrer à FIFA e ao TAS, na Suíça, Federico Ruiz vai avançar com um queixa para os tribunais civis, exigindo ao Sporting o pagamento de 500 mil euros pelos 12 meses que, alegadamente, esteve impedido de jogar e pelos cinco meses de ordenados que não foram pagos. “O Sporting colocou um processo ao meu filho Federico, que o impedia de assinar por outro clube. Fomos à FIFA e ao Tribunal Arbitral de Desporto, processámos o clube e ganhámos”, refere o pai do futebolista, irmão de Alan Ruiz (que realizou 34 jogos pelos leões, tendo apontado 7 golos).
“Tinha sido proibido de jogar e nós ganhámos. Agora, Federico processou o Sporting por danos e prejuízos”, revela, ao Record, o pai e representante do jogador, insistindo que o comportamento dos leões foi nefasto para a carreira do filho: “Há um ano tínhamos clube [da Madeira] para o Federico, mas, pelo impedimento do Sporting, não avançámos para não prejudicar o clube. Bloquearam as possibilidade de ele trabalhar, fecharam-lhe as portas, não o deixaram treinar e ele fechou a porta a outras equipas.”
Federico Ruiz, o pai, contabiliza mais um aspeto que terá prejudicado o filho. “O Sporting deve-lhe cinco meses de salários. Ele ainda tinha mais um ano de contrato e não pôde entrar na Academia, para treinar com o Sporting. Agora está sem clube”, lamenta o representante, concluindo: “O Sporting prometeu que ia conseguir clube para o empréstimo, mas não fez nada.”
O Record tentou obter um reação do Sporting às declarações de Federico Ruiz e ao processo em causa, mas o clube escusou-se a comentar o tema.
Federico Ruiz chegou ao Sporting em 2016, incluído no negócio que tornou o irmão, Alan, reforço dos leões, mas nunca envergou a camisola do clube. Após três épocas cedido ao Sintrense, os leões decidiram rescindir “o contrato com justa causa”, porque o jogador alegadamente “faltou em 56 dias sem autorização nem justificação”, segundo explicação oficial de agosto de 2019. “Não é verdade”, contrapõe o pai. Federico Ruiz ganhava 250 mil euros por época no Sporting.

"Cumpri o que está previsto na lei, como sempre fiz e irei fazer no futuro”, garantiu ao CM, Rui Pereira, juiz desembargador que preside ao Tribunal Central Administrativo Sul (TCAS), que decidiu dar efeito suspensivo à providência cautelar apresentada pelo Sporting no caso Palhinha, situação que permitiu que o jogador fosse utilizado no dérbi com o Benfica.
Questionado sobre a celeridade da decisão que tomou, Rui Pereira afirmou: “Recebi o processo às 10h de segunda-feira quando cheguei ao tribunal. Nesse processo já constava um despacho do presidente do TAD [onde o Sporting apresentou recurso do jogo de suspensão aplicado a Palhinha pelo Conselho de Disciplina da FPF] a justificar que não era possível constituir o colégio arbitral até à hora do jogo. Por isso, não podia deixar de decidir. Não o iria fazer depois das 21h30 [hora do Sporting-Benfica]. Foi sempre esta a minha postura. Ou seja, decidirei em termos que a minha decisão tenha eficácia, antes de o dano estar produzido.” No caso Palhinha, Rui Pereira demorou pouco mais de seis horas a determinar o efeito suspensivo da providência cautelar apresentada pelos leões no TAD, que irá começar por determinar se tem ou não competência para analisar o recurso. Se considerar que não, que devia ser o Conselho de Justiça da FPF, estará criado um imbróglio jurídico, cujo desfecho será “imprevisível” segundo especialistas em Direito Desportivo ouvidos pelo CM.
Rui Pereira lidera o TCAS desde junho de 2016. “Já decidi vários processos em substituição do TAD. Casos de Bruno de Carvalho [na altura presidente do Sporting] e Beto Severo [na altura dirigente leonino]. Em ambos decidi pelo efeito suspensivo. Mas também já intervim em casos relacionados com Olhanense e Casa Pia, entre outros. Suspendi a decisão da descida do Casa Pia [da II Liga ao Campeonato de Portugal]. Eu só intervenho nos processos que o TAD me manda.” Quanto à filiação clubística, Rui Pereira diz que é adepto, “mas não sócio”, do Sporting. “As pessoas espantam-se que um juiz possa ser simpatizante de um clube, mas não se espantam que um primeiro-ministro [António Costa] se sente na bancada VIP de um clube [Benfica]. Ou que a presidente do Conselho de Disciplina da FPF [Cláudia Santos] seja uma benfiquista assumida. Isto não espanta ninguém? Raramente vou ao futebol. Quando vou sento-me na bancada ao lado do povo e pago o meu bilhete.” 

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