15 outubro 2020

Pinto da Costa garante que Lucas Veríssimo só não é Dragão porque o FC Porto não quis. Falou ainda dos argumentos de Telles para pedir a saída. A luta pelo regresso do público, as contas, o filho, o Apito Dourado, Rui Pinto e muito mais

Pinto da Costa deu uma entrevista à TVI, onde abordou vários assuntos da atualidade do FC Porto. 

O que lhe falta fazer? Não penso no que falta fazer. No FC Porto há sempre coisas para fazer. Ainda agora quando me candidatei me diziam que já tinha feito tudo, mas eu não fiz nada. Quem fez foi o FC Porto. Ainda tenho coisas que gostava de fazer, por exemplo a cidade desportiva que temos no pensamento e já na ação, e gostava que no dia em que eu sair o FC Porto esteja sólido e unido. O que é feito não é por mim nem por ninguém, é por todos.

É o último mandato? Nunca digas nunca. Já disse algumas vezes que seria o último, depois que não me recandidataria, mas por coisas diversas, acabei por não sair, como foi por exemplo quando era necessário

O que o pode levar a sair? Chegar ao fim do mandato e sentir que já não sou necessário.

Objetivo principal é devolver boas contas ao FC Porto? Isso é evidente e não tenha dúvidas nenhumas que as vamos alcançar. A falência técnica de que se fala existe porque somos obrigados a apresentar as contas secundo certos parâmetros. O nosso plantel está avaliado em 76M€ e neste último mercado fizemos 126M€. Então como é possível?

Entre os negócios que fez, vendeu Alex Telles. Ficou satisfeito? Nunca fico satisfeito quando sai um bom jogador. Olhe, o Hulk foi um grande negócio, mas fiquei desgostosíssimo… Mas há momentos em que não temos outra solução. Uma semana ou duas antes, a irmã do Alex Telles, que é empresária dele, mostrou vontade de uma saída. Isto não é nenhuma inconfidência, foi público. Ele vei-o pedir para sair para o Manchester United. Tentei que ele não fosse, mas ter um jogador que assume perante mim e perante outros diretores que quer ir embora, é complicado ficar.

Sente dificuldades em renegociar contratos? Com o Alex Telles nem foi um problema de renegociar, o argumento dele para ir embora era que o atual selecionador só convocava jogadores de 3 ou 4 campeonatos.

O que acha do papel dos empresários? Um bom empresário é bom para o futebol. Um mau empresário é prejudicial para toda a gente, até para os jogadores. Há empresários que quando querem ganhar tanto como os jogadores. Olhe, o Fábio Silva foi um bom negócio para o FC Porto. Ele tinha uma cláusula de rescisão de 10M€ e acabou por renovar e saiu por 40M€. O FC Porto acabou por receber 30M€ ao invés dos 10M€ que poderia receber. Há empresários que têm possibilidade de meter jogadores em grandes clubes, que outros não chegam lá…

Lucas Veríssimo, estava na agenda do FC Porto… Não vem porque o FC Porto não quis. Nós tivemos vários centrais em observação, o Lucas Veríssimo foi uma das últimas opções e o Sérgio Conceição quis ficar com o Pepe, o Mbemba, o Sarr e o Diogo Leite, uma vez que o Marcano ainda não está pronto.

Bazuca financeira. Para nós não chega nada. Só nos sugam. Ficámos fora da Liga dos Campeões, este ano aconteceu com o nosso rival, curiosamente com o clube que foi eliminado por quem nos eliminou a nós. Veja lá a ironia… Não ir à Champions é uma exceção para nós, a seguir ao Real Madrid e ao Barcelona somos quem tem mais presenças. Foi um acidente. Nas contas que vamos apresentar, seria normal que estivessem as vendas da época passada, época que deveria ter acabado em junho. Se não fosse a pandemia, as vendas de 126 tinham entrado nas contas que vamos apresenta e bastava isso para equilibrar as contas. A época foi fechada mais tarde e o que contabilizámos vai entrar nas próximas contas.

Fair play financeiro da UEFA. Obriga-nos a mais atenção, mas estou convencido que vamos sair, ainda este ano. Bastava uma época de transferências normal, o que vendemos dava para cobrir as contas que vamos apresentar, com prejuízo. Seria normal que as vendas que fizemos entrassem nessas contas.

Responsabilidade pessoal nas contas. Tenho responsabilidade pessoal em tudo o que acontece porque sou o presidente. Estou preocupado, mas seguro que não teremos problemas no futuro. Bastava época de transferência normal, em vez de prejuízo tínhamos as contas corretas.

Modelo económico diferente. Temos de ter um equilíbrio entre compras e vendas e temos de ter opções. Isso possível. O problema é mais profundo do que as contas de hoje e amanhã. Quando se é afastado da Liga dos Campeões, ou se aguenta o prejuízo ou se vende um ativo, como o Benfica fez. E não estou a criticar. No ano passado, entendemos não vender, aguentar o prejuízo para sermos campeões. Conseguimos a dobradinha, valorizámos o plantel e fizemos as transferências. Hoje no futebol, não digo bem ou mal, quando se negoceia um contrato com um jogador a primeira palavra falada é ‘net’, valores líquidos. É a primeira palavra que os jogadores aprendem. Onde está o mal para os portugueses? FC Porto se pagar 1 milhão de euros a um jogador, tem de pagar de impostos 1,4 milhões...

Tem-se batido pelo regresso dos adeptos... Eu não tenho medo dos adeptos, quero que as pessoas venham ao estádio. Se estou a falar do presidente do Sporting? Eu não falei. O senhor é que está a falar.

É um estigma que existe sobre o futebol não haver público nas bancadas? Eu acho que é incompreensível. As famílias não podem, por exemplo, vir aqui jogos nos camarotes, mas podem estar todas juntas num restaurante ou num cinema.

Ainda ataca o centralismo de Lisboa? Queixo-me menos, porque há mais. Não podemos entrar em guerras que não valem a pena. Sou defensor, como toda a gente sabe, da regionalização.

Sozinho na luta por gente nos estádios? Quando falo com alguém dão-me razão. Quando foi a final da Taça estavam lá altas figuras da nação deram-me razão. Não podem estar meia dúzia de pessoas nestes camarotes? Tem lógica estar tudo vazio?

Quanto perdeu o FC Porto com os jogos à porta fechada? 29 milhões é o custo de não termos receitas.

Rui Pinto. Quem? O dos emails? Não tenho opinião… Não estou dentro do assunto, não sei se é herói ou criminoso. Mas uma coisa é estranha: há muita gente, com responsabilidades no país, que o considera um herói, por denunciar essas irregularidades. Quem as pôs cá fora é um herói, quem as deu a conhecer é condenado, como foi o funcionário do FC Porto que fez isso.

Denúncia no Porto Canal. Se Rui Pinto for considerado um herói, espero que o nosso funcionário seja duplamente herói.

Críticas a António Costa. Há essa ideia de que eu critico Antonio Costa. Quando falo nele não é globalmente. Tenho a maior cordialidade com ele nos encontros que temos, ainda há pouco o encontrei aqui num restaurante. Em termos governamentais, é obvio que não posso estar de acordo com todas as ações. A mim não me compete publicamente questionar ou julgar a ação do Primeiro Ministro. Numa altura em que o País está num grande crise, temos de estar unidos e entendo que está a fazer um grande esforço para salvar o País. Mas na política do que é o futebol discordo totalmente. Desde o início da pandemia, o FC Porto pagou quase 20 milhões de impostos. Não é um perdão fiscal que peço. Mas em Itália baixaram 30 e tal por cento os impostos… Não era injustiça. O FC Porto tem 572 funcionários, pessoas que vivem do salário que ganham no FC Porto.

Qual a ligação do seu filho ao FC Porto? O meu filho foi dirigente do FC Porto há muitos anos, pediu a demissão, pois, quem está no ativo, não pode estar na política e ele aceitou um convite para fazer parte de uma lista e foi eleito como vereador da CM Porto. Hoje não tem nenhuma ligação ao FC Porto, a não ser a de associado, há 52 anos, que entrou no dia em que nasceu. Hoje, na sua atividade, é empresário de futebol. Não faz negócios connosco, nem pode fazer.

Tem uma mancha negra nestes quase 40 anos. Ainda pensa no Apito Dourado? O que é a mancha negra? Uma suspeita é uma mancha? Toda a gente está com a mancha negra, hoje em Portugal suspeita-se de tudo e todos. Não penso agora, nem me preocupou nunca. Começou no Minho e acabou em Leiria, percebeu-se logo pela geografia. Quando ouvi as acusações, fiquei logo descontraído, nunca me preocupou. Fui ilibado em todos. Toda a gente sabe que fiz a minha vida particular e familiar de forma igual. Por isso é que me rio quando dizem que é uma mancha negra. Nunca me preocupou. Nunca senti que olhassem para mim de outra forma. Até pelo contrário. No início do Apito Dourado, neste sítio onde estamos, na apresentação do livro ‘Largos Dias têm 100 anos’, a minha surpresa foi a presença de Ramalho Eanes e do Fernando Martins, presidente do Benfica. A pessoa que mais admiro e que os portugueses mais respeitam, o general Ramalho Eanes, sem eu lhe pedir ou lhe ter dito algo, apareceu aqui para demonstrar a sua solidariedade.

Inimigos. No dia em que não ganhemos nada aí seremos amigos de toda a gente… A partir do momento em que fomos campeões europeus tudo mudou. Os nossos principais inimigos estão na comunicação social. O centralismo de Lisboa é um estado de alma do próprio país.

3 comentários:

  1. Agora tira 20 % de comissões e outros 20% das partes pertencentes a outros clubes e mecanismo de solidariedade. São logo 25 M e mais os obrigacionistas que não pagaste mais 30M

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  2. Um terço da equipa é de meprestados logo não valorizam, mais uns milhões perdidos daqui a 2 anos...

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  3. Este Pintinho é mesmo mentiroso!

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