Sete casos de Covid em Alvalade podem desfalcar também na Europa. Liga 'defende' existência de jogo com o Gil Vicente. DGS vai decidir; Pinto da Costa aconselha Vieira a desligar-se do apoio de António Costa e atira: “Raramente vejo políticos no futebol, tirando no camarote presidencial do Estádio da Luz”

De manhã foram confirmados três casos positivos de Covid-19 no plantel sportinguista, que tiveram como consequência imediata o cancelamento do jogo com o Nápoles; já da parte da tarde foram confirmados mais quatro casos, que tinham sido inconclusivos de manhã. No total, segundo A Bola, o plantel do Sporting tem sete casos confirmados de Covid-19, situação que lançou o alerta na Academia. De tal maneira que o departamento médico irá novamente hoje submeter o plantel, a equipa técnica e todo o restante staff que lida com a equipa principal a novos testes.

Na véspera do jogo com o Nápoles, e como manda o protocolo, o plantel leonino foi submetido a testes. Os resultados chegaram ontem de manhã e confirmaram a existência de três jogadores infetados, nomeadamente Nuno Santos, Borja e Rodrigo Fernandes, e de mais quatro casos inconclusivos. Alertados, os responsáveis clínicos solicitaram imediatamente novos testes, cujos resultados foram conhecidos da parte da tarde, e confirmaram que os quatro casos que tinham dado resultado inconclusivo, afinal, também estavam positivos. Falamos dos guarda-redes Luís Maximiano e Renan, do médio Pedro Gonçalves e do defesa Gonçalo Inácio.

Sete casos confirmados a gerar preocupação no departamento médico sportinguista que, escreve o jornal, solicitou para o dia de hoje a realização de novos testes a todos os elementos da estrutura que lidam de perto com a equipa principal.

Confirmados os casos, os joga- dores em causa ficaram automaticamente em isolamento — o Sporting, tal como sucedeu durante o período de confinamento, dará todo o acompanhamento aos atletas —, e não vão ser opção para Rúben Amorim na estreia na Liga, sábado, frente ao Gil Vicente — refira-se que na equipa gilista há mais 11 casos de Covid-19, num total de 15. E a presença destes sete jogadores, quer no importante jogo da Liga Europa, agendado para dia 24 (Viking e Aberdeen medem forças dia 17), quer na segunda jornada da Liga, em Paços de Ferreira, também não está garantida. Tudo dependerá sempre da Direção-Geral da Saúde e dos testes a que estes jogadores forem submetidos no futuro. Se, num futuro próximo, estes jogadores testarem duas vezes negativos há a possibilidade de a DGS dar luz verde para que possam ser reintegrados no plantel antes de cumprir os 14 dias de isolamento que manda o protocolo, embora não tenha sucedido isso, por exemplo, com Vietto e Battaglia, os dois primeiros casos do plantel.

Importa agora perceber o que diz o Plano de Retoma do Futebol Profissional para 2020/2021 (que obedece, naturalmente, às orientações da DGS). No ponto 12 pode ler-se:

1. O jogador com Covid-19 é equiparado a jogador portador de doença, não havendo qualquer exceção;

2. Em caso de jogadores com Covid-19 serão sempre aplicadas as leis de jogo, nomeadamente, a Lei 3 das Leis de jogo (n.º mínimo de 7 jogadores, 1 guarda-redes e 1 capitão);

Ou seja, se as equipas de Gil Vicente e Sporting tiverem, cada uma, sete elementos (um deles guarda-redes) terão de jogar, não existe motivo para suspensão. Claro que poderiam sempre acordar o adia- mento, sendo vontade de ambos — recorde-se que na época passada, antes da pandemia, colocou-se essa questão no V. Setúbal-Sporting, por causa de um vírus que dizimou o plantel sadino, mas o jogo realizou-se porque não houve entendimento entre as partes e, assim, a Liga nada pôde fazer —, mas a Liga está contra esse cenário e só terá uma cara na defesa do protocolo. Se criticou publicamente a suspensão do Feirense-Chaves e do Ac. Viseu-Académica na Liga 2, por entender que foram decisões contrárias ao plano de retoma acordado com a DGS — diz que só os casos positivos devem ser isolados, mas sem obrigatoriedade de isolamento coletivo das equipas — não faria sentido de- fender o contrário para o Sporting-Gil Vicente ou outra partida, desde que reunidas as condições previstas no documento. Mas a última palavra será sempre da DGS, em articulação com as autoridades de saúde locais e regionais, mediante a avaliação de risco para cada jogo.

“Raramente vejo políticos no futebol, tirando no camarote presidencial do Estádio da Luz”. O jornal O Jogo ouviu várias personalidades a respeito da não presença de público nos jogos de futebol e um deles foi Pinto da Costa, que aproveitou para dar um conselho a Vieira, não evitando algumas 'bicadas'.

1.ª A polémica do apoio de António Costa a Luís Filipe Vieira gerou várias declarações de políticos nada abonatórias para o futebol. Esse ponto de vista dos políticos explica de alguma forma, por exemplo, a ausência de público nos estádios? Há uma birra do Estado para com o futebol?

A ausência dos políticos do futebol não é uma realidade. Basta ver que, para acompanhar a Seleção, o povo português, que a ama, não pode estar presente, mas o Presidente da República, o primeiro-ministro e alguns ministros nunca perdem a oportunidade. Não levo a ausência de público nos estádios para uma birra dos políticos, levo mais para incompetência, tanto do Governo como da responsável pela Direção-Geral de Saúde. Só por incompetência é que se pode permitir, como agora em Santarém, uma praça de touros cheia, ou espetáculos em recintos fechados lotados e, nos estádios, nem sequer pessoas nos camarotes. Mas como esperar compreensão de uma senhora que defendeu, na televisão, que o uso da máscara era prejudicial para os seus utilizadores? Com um Governo responsável, esta senhora teria sido imediatamente demitida.

2.ª O futebol profissional deve assumir a sua quota-parte de responsabilidades nessa alegada necessidade de um distanciamento higiénico dos responsáveis políticos?

Não sinto que haja essa promiscuidade. Raramente, vejo políticos no futebol, tirando no camarote presidencial do Estádio da Luz. Nalguns jogos, parece que está a haver uma reunião do Conselho de Ministros. Se há promiscuidade, não é propriamente no futebol. Só ali.

3.ª Como entende o apoio do primeiro-ministro à recandidatura de Luís Filipe Vieira?

O primeiro-ministro já esclareceu que esse apoio não é dado na condição de governante, mas sim enquanto cidadão e benfiquista. Nessa qualidade, compreendo que o faça, porque lhe dará popularidade, sabendo-se que Luís Filipe Vieira será, obviamente, reconduzido, mais do que pelos seus méritos, pela falta de qualidade dos opositores. Os sócios do Benfica sabem bem que, estando ou não de acordo com a atual gestão, dirigir um clube como aquele é bem diferente de vender hambúrgueres ou batatas fritas. O que me parece é que, para Luís Filipe Vieira, não será benéfico ligar a sua candidatura ao apoio de António Costa. E explico: arrisca-se a que o António Costa fique na história como o homem que asfixiou os clubes de futebol e matou as outras modalidades. Estamos na linha da frente entre os países com maior carga fiscal da Europa, e mesmo sabendo que não temos receitas, por não nos ser permitido ter público, o Governo não baixa, nem suspende parcialmente, os altos impostos que caem sobre os clubes. Ainda agora, a Itália baixou os impostos de 50% para 33%, justamente porque os clubes italianos enfrentam a mesma dificuldade. Por isso, repito: não sei se, para o candidato, será bom ter como apoiante o responsável pela destruição e falência portugueses.