O difícil sonho do Sporting; Dívidas a fornecedores pressionam vendas em Alvalade. Os milhões a serem pagos a clubes e empresários; Rúben Vinagre é solução quase impossível no Dragão; Vieira bloqueia saída de Florentino; Vieira dá rombo de 225M€ ao Novo Banco

O Fulham mantém o interesse aceso para poder garantir a inclusão de Florentino no plantel de Scott Parker mas voltou a esbarrar na vontade de Luís Filipe Vieira em apenas deixar sair o médio formado no Seixal por um valor elevado. Segundo O Jogo, a mais recente investida do emblema de Londres apontava para um empréstimo de Florentino, com uma taxa de dois milhões de euros e uma cláusula de compra obrigatória de 30 milhões de euros no final da respetiva cedência. O presidente das águias não ficou satisfeito com a oferta e rejeitou o avanço.

Apesar da pouca margem que Florentino aparenta ter nesta fase para ganhar um lugar no onze base das águias, Vieira sente que o internacional sub-21 português é um jogador que valerá acima de 40 milhões de euros, quantia a partir da qual o líder das águias entende ser possível discutir a saída de Florentino. O médio tem contrato até 2024 e uma cláusula de 120 M€.

Esta foi, de resto, a segunda “nega” que o Fulham, promovido este ano à Premier League, levou de Vieira. Antes, os cottagers haviam já tentado contratar Florentino e sido recusados: um milhão de euros pelo empréstimo e 18 milhões de euros para a compra futura. Após estas duas tentativas falhadas, o Fulham pondera agora mais um esforço financeiro para poder apresentar uma proposta mais forte. A liga inglesa, lembre-se, começa no próximo fim de semana e isso pode incentivar os londrinos a acelerar este processo negocial.

Dívidas a fornecedores pressionam vendas em Alvalade. Os resultados financeiros do exercício findo a 30 de junho de 2020, comunicados pelo Sporting, anteontem, à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), apresentam como dado relevante o resultado positivo de 12,5 milhões de euros, porém tal não impede que a SAD liderada por Frederico Varandas esteja pressionada precisamente pelas contas para realizar receitas extraordinárias com a transferência de ativos. Em causa está precisamente o facto de a sociedade que gere o futebol profissional apresentar dívidas a fornecedores correntes – ou seja, que têm de ser pagas em 12 meses – de 55,9 M€, um aumento de 8 M€ face ao período homólogo, em que foram registadas dívidas nesta rubrica de 47,9 M€. Ainda assim, se olharmos para o último relatório e contas trimestral, conhecido em final de maio último, os leões reduziram 6 M€ as dívidas a fornecedores correntes, então fixadas nos 61,9 M€.

Ora, entre os principais credores da Sporting SAD encontram-se, entre clubes, o Braga, precisamente devido à transferência de Rúben Amorim para Alvalade, estando por liquidar 9,8 M€, seguindo-se o Slovan Bratislava, com 4,7 M€, decorrentes da transferência em janeiro último de Sporar. As dívidas a clubes ascendem a 26,5 M€. Já no que diz respeito a empresários/intermediários ou empresas de agenciamento, a Gestifute de Jorge Mendes é quem tem mais a receber da SAD verde e branca, situando-se a dívida nos 3 M€, seguindo-se a D20 de Deco (representante de Raphinha), com 2,4 M€, e a Positionumber (que representa o antigo capitão Bruno Fernandes, além de Luís Maximiano, Gonçalo Inácio e Nuno Mendes), com 2,2 M€ . No total, as dívidas a agentes atingem os 21,5 M€, 7,8 M€ são dívidas a outros fornecedores.

Edwards é sonho muito difícil em Alvalade. A estrutura que comanda os destinos do futebol profissional do Sporting continua a detetar eventuais reforços para a equipa principal e é neste contexto que surge o nome do jovem avançado inglês Marcus Edwards, de 21 anos, que foi uma das principais figuras da última liga ao serviço do V. Guimarães, com quem tem contrato até junho de 2023. Na verdade, o jogador, cujo passe está avaliado em €13 M, de acordo com o Transfermarkt, seria muito bem recebido em Alvalade, mas a Alvalade também já terá chegado a informação de que não vale sequer a pena tentar um início de conversa, uma vez que o talentoso futebolista é visto como peça fundamental no projeto de um Vitória que ganha cada vez maior dimensão, como prova, de resto, a recente contratação de Ricardo Quaresma. Neste sentido, Marcus Edwards é para já um sonho muito difícil para um Sporting que pretende um extremo, um avançado e pode ainda contratar um central e um médio defensivo.

A TVI24 anunciou ontem que os leões viram ser rejeitada uma oferta de 10 milhões por 50% do passe do extremo inglês.

O nome de Rúben Vinagre surgiu nas últimas horas como uma forte possibilidade para colmatar a eventual saída de Alex Telles. Mas essa é uma alternativa que será muito difícil ao FC Porto de garantir, isto se os dragões avançarem. Primeiro porque a venda do atual dono do lugar não é certa e depois porque o lateral do Wolverhampton é um ativo de quem os ingleses não abrirão mão a qualquer preço. Em virtude da sua valorização, Vinagre é visto pelos wolves como um ativo que poderá valer um encaixe assinalável para aligeirar a questão do fair play financeiro. Pese embora a intenção do clube seja, segundo a imprensa inglesa, vender o lateral, não haverá saldos. Vinagre está avaliado em 9 M€ no Transfermarkt, mas o valor pedido andará consideravelmente acima. Para além disso, o lateral foi apontado ao West Ham e tem ainda mercado em Espanha e também em Itália. Na época passada, recorde-se, esteve a um passo do Barcelona.

Vieira dá rombo de 225M€ ao Novo Banco. O grupo económico de Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica, causou ao NovoBanco (NB), entre o início de agosto de 2014 e o final de dezembro de 2018, uma perda de 225,1 milhões de euros. No final desse ano, segundo a auditoria especial ao NB, a dívida total do Grupo Promovalor ao NB ascendia a 760,3 milhões de euros, sendo um dos maiores devedores do NB. 

Em dezembro de 2018, o Fundo de Resolução recomendou ao NB que fosse feita uma auditoria ao processo de concessão e recuperação de créditos ao grupo de Vieira.

A auditoria revela que o Grupo Promovalor deu ao NB as perdas mais elevadas em 2018, quando a dívida foi objeto de uma reestruturação: no final de 2018, o NB perdeu 115,6 milhões de euros com o Grupo Promovalor, um aumento de 500% face à perda de 19,3 milhões de euros ocorrida entre agosto de 2014 e junho de 2016.

No essencial, os prejuízos causados pelo grupo de Vieira ao NB resultam, segundo a auditoria, de dois fatores: imparidades e desvalorização de dívida que fora convertida em Valores Obrigatoriamente Convertíveis (VMOC), no âmbito de uma reestruturação da dívida realizada em 2011, e desvalorização dos ativos imobiliários que colateralizavam, como garantia, alguns créditos que foram con- cedidos pelo BES e herdados pelo NB. Neste caso, estão em causa créditos relativos aos projetos de maior dimensão em Portugal, que abrangem terrenos em fase de licenciamento ou por desenvolver e urbanizar, um hotel no Brasil e um edifício de escritórios em Moçambique.

A dívida bancária do grupo foi alvo de várias reestruturações a partir de 2011, devido à crise financeira. A auditoria não refere se o NB fez uma auditoria à concessão e reestruturação de créditos ao Grupo Promovalor, como recomendou o Fundo de Resolução. O CM tentou obter um comentário de Vieira, mas, até ao fecho da edição do jornal, não conseguiu.