Ex-árbitro espanhol diz que não há penalti sobre Coates. Lance da expulsão também analisado; No Dragão comparam decisão de Vieira e BTV à...Coreia do Norte; Alarme no desporto português. Divisões secundárias de futebol, principais modalidades e escalões de formação ainda não veem luz ao fundo do túnel

Francisco J. Marques deixou duras críticas a Luís Filipe Vieira, à BTV e aos comentadores deste mesmo canal. Depois de um rol de imagens de várias figuras do universo benfiquista a elogiar a postura do presidente das águias após a derrota com o Marítimo, que resultou na demissão de Bruno Lage, o diretor de comunicação do FC Porto deixou vários reparos. “A não cobertura das eleições é para fazerem isto, para promover Vieira. Isto nem na Coreia do Norte. O Benfica passou por um momento difícil, despediu um treinador e puseram-no como figura. Um dia em que ganhe coisas grandes, vão pô-lo onde? Isto é tão triste”, atirou.

Alarme no desporto português. O desconfinamento gradual que se tem vivido trouxe um pouco de normalidade a estes tempos de incerteza; porém, só uma atividade é que voltou ao normal... mais ou menos. Falamos do futebol profissional, que retomou logo que possível. As bancadas estão vazias, sim, e há testes quase diários, mas a 1ª Liga é a única atividade do nosso país em que os protagonistas não têm de estar com máscara, nem ter cuidado com o distanciamento social. Mas aqui estamos a falar do patamar mais alto do desporto português, que regressou apenas porque tinha capacidade para suportar os custos inerentes, principalmente no que toca aos testes. Então e os restantes? E as modalidades de pavilhão que estão paradas porque não têm condições para retomarem? O desporto só voltará com o ‘sim’ do Estado, mas é preciso muito mais do que isso.

O primeiro cenário é o Governo dar luz verde ao regresso dos desportos. Aqui, todos os atletas de todas as divisões das muitas modalidades teriam de ser testados várias vezes. Este seria o primeiro e principal problema e, para o explicar, basta fazer algumas contas.

Tendo por base uma equipa, por exemplo, do Campeonato de Portugal – primeira competição de futebol não profissional – que, em 2020/21, tem previsto disputar pelo menos 22 jogos. O preço médio por teste é 65 euros, por isso se cada equipa tiver de testar 30 elementos todos os fins de semana, terá de gastar 42.900 euros só para durante a 1ª fase da época. Quantas equipas do CP terão capacidade para isto? E nas restantes divisões, até chegarmos à última distrital? E nas demais modalidades em que a maioria das equipas são amadoras?

Vicente Moura, antigo presidente do Comité Olímpico de Portugal e profundo conhecedor do desporto português, comentou esta situação e não antevê um futuro risonho. "Todos sabemos por que é que o futebol da 1ª Liga retomou, para os restantes é muito mais complicado. As equipas já tiveram grandes prejuízos e esses ainda vão ser maiores", começou por dizer ao Record.

Por outro lado, se a resposta do Estado for ‘não’, as consequências podem ser ainda mais graves porque podem mesmo significar a ‘morte’, não imediata, mas gradual, de algumas modalidades coletivas de pavilhão. "Portugal é uma potência mundial no futsal e, no andebol, estávamos em grande. O cenário é negro, mas temos de fazer como na economia: encarar tudo isto como um ano zero. Não ambicionar mais, tentar manter o que há", frisa, olhando para o futuro: "Futsal, voleibol, basquetebol e andebol, a par do ciclismo, são as nossas modalidades rainhas e, com isto, podem perder a preponderância que têm hoje. Os miúdos dos escalões dessas modalidades que se veem impossibilitados de as praticar, vão optar por outros desportos, como o ténis, a natação ou o atletismo. E assim poderemos estar a perder talentos."

Colocando o foco nos escalões de formação, a ausência de atividade física que os jovens têm tido devido à suspensão de todas as atividades desportivas traz consequências a nível da saúde que podem ter repercussões muito negativas a médio/longo prazo.

O jornal contactou vários médicos especializados em desporto e todos falaram praticamente dos mesmos problemas. O sedentarismo traz obesidade que, por sua vez, traz diabetes e outras doenças. Esta é a consequência óbvia, mas há uma que os especialistas apontam como ainda mais prejudicial. O desporto é socialização, é competição saudável e é um importante ajudante no crescimento de uma criança. A ausência do mesmo pode causar ‘cicatrizes’ que serão difíceis de sarar.

O ex-árbitro espanhol, Eduardo Iturralde González, fez a análise a dois dos lances no empate do Sporting em Moreira de Cónegos, para o jornal Record. Para o ex-juiz internacional, Halliche é bem expulso e não há penalti sobre Coates.

A primeira ação, num lance entre Halliche e Gonzalo Plata, [2] é realmente cartão vermelho porque o jogador do Sporting tem a bola controlada, está em zona frontal à área e nenhum outro jogador da equipa que está a defender vai poder disputar a bola num momento seguinte. Por isso mesmo, trata-se de um lance corretamente ajuizado pelo árbitro em campo e é mesmo cartão vermelho, além de ser assinalada falta fora da área.

A segunda jogada é aquilo que chamo de penálti de televisão [1], como também se diz aqui em Espanha. Se metermos as imagens em câmara lenta, parece muitíssimo mais do que realmente acontece. Quando falamos destas jogadas, é preciso vê-las na velocidade normal, tal como acontecem. E na imagem em tempo real há um pequeno agarrão da camisola, mas não é persistente. Quando Coates vê que não vai chegar à bola e sente o agarrão de Djavan atira-se para o chão. Para mim é uma jogada de futebol, não é penálti.