Varandas não desiste do projecto e quer cumprir mandato; "Coates está triste e com a confiança em baixo"; Rui Pinto anuncia que vai continuar em prisão preventiva e deixa 'ameaça'. "Felizmente terei em tribunal o palco ideal para contar muito do que sei..."

Tonel, antigo central que fez 178 jogos pelos leões, lamenta o mau momento de Coates mas realça a experiência do defesa uruguaio.

"É notório que está a atravessar um momento difícil, não há que escondê-lo. Está triste e com a confiança em baixo. Há fases assim, em que tudo corre mal. Não há uma fórmula certa para resolver a situação. Entendo que uma forma de defender o jogador é fazer uma pausa, até porque o Sporting tem boas opções, como o Neto. Penso que seja apenas uma fase passageira, porque é um jogador experiente, internacional uruguaio, e já não tem 18 anos. Rapidamente vai regressar à normalidade", analisou Tonel ao jornal Record.

Varandas não desiste do projecto e quer cumprir mandato. O copo transbordou, a panela de pressão rebentou mas o presidente, esse, não desarma e, mesmo perante a enorme contestação, perfeitamente visível, audível e que podia ter mesmo ganho outros contornos após o final do jogo, mantém-se perfeitamente convicto de que o projeto delineado é o correto e pretende levá-lo até ao fim, leia-se, até final do mandato iniciado há um ano, escreve A Bola.

Frederico Varandas, claro está, foi o principal alvo da ira dos adeptos, da contestação dos sócios e das claques que, por entre assobios, insultaram clara e diretamente o líder dos leões, exigindo a sua imediata demissão perante o atual quadro do futebol do clube.

A derrota com o Famalicão, claro está, no epicentro de uma contestação que, ainda assim, sublinhe-se, não é de agora e apenas tem vindo a subir de tom, sendo que na segunda-feira podia mesmo ter ganho contornos mais graves - a tentativa de invasão à garagem, porém, foi prontamente travada pelas forças policiais.

Já na última partida em Alvalade, igualmente com uma derrota, diante do Rio Ave, naquele que acabou por ser o último jogo de Marcel Keizer no comando técnico do Sporting, foram muitos os assobios e críticas às decisões da direção do emblema de Alvalade. Nessa altura, porém, Frederico Varandas nem estava presente.

Na última segunda-feira, contudo, o presidente estava na tribuna, não escondeu o desconforto pelo resultado e, claro está, pela reação dos adeptos, mas ontem fez saber, internamente, que tem plena convicção e forças para levar o projeto delineado em frente. E, apesar dos maus resultados e da realidade periclitante do futebol profissional, mantém igualmente confiança na estrutura escolhida, com Hugo Viana na direção do futebol e Beto como team manager. O ambiente, esse, é que nunca esteve tão tenso como agora.

Rui Pinto anunciou esta quarta-feira, através do Twitter, que vai continuar em prisão preventiva. O pirata informático falou num "episódio revelador de terrorismo". "A manutenção da medida de coação de prisão preventiva é simplesmente apenas mais um episódio revelador do terrorismo judicial de que venho sendo alvo", pode ler-se no tweet.

O pirata informático, detido em prisão preventiva em Portugal - foi preso a 22 de março, ma Hungria - é bastante contundente nas críticas que faz: "É contra esta podridão que eu tenho lutado e é por isto que sou um alvo a abater. Felizmente terei em tribunal o palco ideal para contar muito do que sei...", pode ler-se.

Expressões como "preso político", "proteção da grande corrupção e evasão fiscal" são utilizados numa extensa declaração em que revela nunca ter sido ouvido por quem devia: "Nestes últimos seis meses nunca fui abordado por qualquer inspetor da polícia judiciária ou procurador do Ministério Público especializado na investigação de crimes financeiros ou de corrupção".

Rui Pinto revela ainda que fez diversas denúncias anónimas através da plataforma de denúncias anónimas do DCIAP em 2017 e 2018, mas que nenhuma mereceu ainda investigação, recordando ter oferecido "total disponibilidade para colaborar" com as autoridades portuguesas nos moldes em que o fez com França e Bélgica. "O Ministério Público [...] foi claro ao referir expressamente que apenas pretende a minha colaboração numa lógica de autoincriminação e não para investigar crimes cometidos por terceiros".

Considerando que em Portugal o Ministério Público está a transformar-se "num perigo para o equilíbrio da democracia", Rui Pinto escreveu que o MP pratica o "cúmulo de ocultar e ignorar elementos de prova incómodos".