Toupeira do Benfica espiou dez casos em investigação pela justiça; Tolerância zero de Vieira apanhou de surpresa algumas pessoas do próprio clube; A lesão de Rafael Leão

O  Benfica decretou tolerância zero às manifestações que, em seu entender, coloquem em causa o bem nome do clube, avançando com queixas na Justiça. Nesse sentido, foi criado o gabinete de crise, anunciado por Luís Filipe Vieira, numa declaração sem direito a perguntas, após o encontro com o Aves, sábado passado.

Segundo o jornal Record apurou, a revelação do presidente dos encarnados apanhou de surpresa algumas pessoas do próprio clube, por desconhecerem a criação do tal gabinete de crise. No entanto, sabe o diário, essa equipa será formada por elementos de estrutura encarnada, sendo certo que haverá um reforço da área jurídica. Esses elementos vão continuar a desempenhar as suas funções habituais, mas agora com um novo foco: o gabinete de crise.

No fundo, os encarnados vão monitorizar todas as manifestações de pessoas e entidades que, no entender deles, possam beliscar o nome do clube, ‘disparando’ com queixas-crime. Quem levantar suspeições ou fizer acusações terá de provar no tribunal.

Desde que rebentaram todos os casos a envolver o Benfica ou os dirigentes do clube, os encarnados têm-se queixado de alguma lentidão por parte da Justiça, mas também de alguma dualidade de critérios. As queixas contra Francisco J. Marques e o Porto Canal pela divulgação dos emails não tiveram a resposta que o clube da Luz pretendia, pelo que estes processos que se preparam para dar entrada nas entidades competentes têm mesmo esse propósito de pressionar a Justiça a atuar. O advogado do Benfica, recorde-se, chegou mesmo a falar em tom irónico depois das primeiras buscas ao Estádio da Luz. "Até que enfim que vieram. Perante as insinuações feitas relativamente a factos fraudulentos praticados pelo Benfica, todos queríamos que a PJ cá viesse para verificar em pormenor se era verdadeiro", disse João Correia.

O técnico de informática do Instituto de Gestão Financeira e de Equipamentos da Justiça (IGFEJ) colocado em prisão preventiva no âmbito da operação e-toupeira é suspeito de ter acedido a um total de 10 processos que envolvem o Benfica, FC Porto e Sporting. Há centenas de acessos a partir dos computadores no Tribunal de Guimarães e a partir da sua própria casa. Em causa estão os processos relativos aos “vouchers”, à devassa informática e violação de correspondência e ainda as queixas contra os rivais azuis e brancos, escreve o JN.

A investigação apurou este dado mediante as conclusões de uma auditoria do IGFEJ que começou, inicialmente, por tentar saber quem acedia ao inquérito do caso dos emails, no qual o Benfica e vários dos seus responsáveis são suspeitos de corrupção desportiva. Paulo Gonçalves, responsável jurídico da SAD encarnada e homem de confiança do presidente, já foi constituído arguido neste processo, no âmbito do qual, em outubro do ano passado, foram realizadas buscas no Estádio da Luz e à casa de Luís Filipe Vieira, entre outros.

De acordo com informações recolhidas pelo JN, a referida auditoria detetou acessos de José Augusto Nogueira Silva, funcionário judicial do setor informático do IGFEJ, a inquéritos que decorrem desde o ano de 2015. São 10 no total. Tudo começou com o caso da oferta de “vouchers” a árbitros e observadores nos jogos do Benfica. Depois, passou para o caso dos emails, quando o clube da Luz começou a ser investigado por força das denúncias do FC Porto. De seguida, o interesse alargou-se ao inquérito nos quais se investiga a devassa informática de que foram alvos os responsáveis e funcionários do Benfica. Por último, também os inquéritos que resultaram de queixas apresentadas contra o FC Porto, a SAD, o diretor de Comunicação, Francisco J. Marques, e o Porto Canal.

Recorde-se que o Benfica, nomeadamente através do advogado João Correia, chegou a afirmar publicamente que os processos em que é denunciante não estavam a ter andamento na justiça.

Rafael Leão é baixa confirmada para o jogo com o Chaves. O jovem vê-se assim traído pelo esforço realizado na última jornada, frente ao FC Porto, onde se lesionou e acabou por terminar o encontro em sacrifício, escreve o Record.

Chamado a render Doumbia ao minuto 44, o avançado entrou praticamente sem aquecer e marcou logo na primeira vez que tocou na bola, tendo realizado um sprint para responder à solicitação de Bryan Ruiz, o que lhe permitiu bater Casillas. Tendo entrado a frio, o avançado sentiu de imediato uma picada após do esforço. Foi por isso que, ao intervalo, realizou exercícios adicionais de aquecimento e foi massajado, prontificando-se para disputar a segunda parte e evitando assim que Jesus fosse obrigado a fazer duas substituições forçadas.

Apesar do incómodo, o jogador, de 18 anos, completou os 90 minutos, mas a verdade é que o esforço acabou por ter um preço, já que terminou em sérias dificuldades. Este custo acabou por confirmar-se na quarta-feira, quando Rafael Leão falhou a receção ao Viktoria Plzen, devido a lesão muscular. Ontem, no boletim clínico divulgado pelo Sporting, foi revelada a informação de que o camisola 93 não viajou para Chaves devido a uma tendinopatia na coxa esquerda.

Dada a situação, de resto, o internacional sub-21 deve falhar também a viagem à República Checa, onde o Sporting vai tentar carimbar a passagem aos quartos-de-final da Liga Europa. Os leões, recorde-se, partem já amanhã para Praga – logo, é pouco provável que Jorge Jesus arrisque levar o avançado, principalmente agora que Bas Dost está recuperado.