Árbitros voltam atrás, apitam este fim de semana, mas entregam pedidos de dispensa. "Aplicar aos árbitros, de forma direta ou indireta, expressões como 'polvo', 'padre', 'diácono' ou 'apito dourado'", pode originar a greve; Conheça outras exigências para evitar a paragem

A APAF, através de um comunicado publicado na rede social Facebook, anunciou que "os árbitros C1, assistentes e estagiários decidiram por unanimidade entregar pedidos de dispensa que terão efeito a partir do prazo regulamentar". Na prática, não haverá paralisação neste fim de semana, mas a mesma pode ser uma realidade dentro de 20 dias, visto que o pedido de escusa, agora confirmado, é válido após esse período.

O organismo que representa os árbitros portugueses explicou que, todavia, foram apresentadas condições para que não haja paralisação findo o período de 20 dias. A lista de pressupostos apresentada é a seguinte, conforme se pode ler no comunicado. "Total ausência de insinuações, da parte de clubes e agentes desportivos, que coloquem em causa a honra e o bom nome dos árbitros; por clubes e agentes desportivos entendem-se os seus dirigentes, treinadores, jogadores e demais funcionários, os meios de comunicação próprios e aqueles que promovem nas redes sociais; O período de 20 dias com total ausência de insinuações deve abranger todas estas pessoas e meios. Para que não restem dúvidas, entendemos por insinuações: acusar os árbitros de errarem de forma propositada; acusar árbitros de prejudicarem sempre o mesmo clube; referirem-se, direta ou indiretamente, a qualquer ato não provado de corrupção; aplicar aos árbitros, de forma direta ou indireta, expressões como «polvo», «padre», «diácono» ou «apito dourado», entre outras infelizmente utilizadas por diversos clubes já esta época", acrescenta.

A questão legal que considera o "pedido de escusa" válido após 20 dias da sua apresentação, conduziu a esta decisão. Por um lado, haverá árbitros para os jogos do fim semana, por outro lado arranca um período de conversas dos árbitros com a Liga que tem o prazo máximo de 20 dias. Se até lá não forem satisfeitas as exigências feitas esta quarta-feira pelos árbitros, então sim haverá greve aos jogos das duas provas profissionais. "Durante estes 20 dias exigimos reuniões da APAF e cinco árbitros com o presidente e Direção da Liga, com o objetivo de definir e aprovar um corpo regulamentar que reforce a punição de quem não cumpre as normas éticas e disciplinares a que estão obrigados todos os agentes, tal como sucede, por exemplo, na UEFA", lê-se.

"Mas ninguém pode ficar com dúvidas: se muita coisa não mudar nos próximos 20 dias, os árbitros não continuarão disponíveis para aceitar que a sua honra e bom nome continuem a ser sistematicamente postos em causa por quem tem por obrigação defender a integridade das competições profissionais", lê-se no comunicado no qual a APAF pede "uma reflexão urgente para bem do futebol português".

A finalizar, a APAF anunciou a criação de um gabinete jurídico e que comunicará estas decisões à Liga ainda esta quinta-feira. "Nesse sentido, a APAF e os árbitros resolveram criar um gabinete jurídico específico, destinado a acompanhar e analisar todas as declarações públicas nos diversos órgãos de Comunicação Social, de forma a responsabilizar civil e criminalmente toda e qualquer pessoa que coloque em causa a honra e o bom nome de qualquer agente da arbitragem. A APAF oficiará esta quinta-feira a Direção da Liga no sentido de marcar, de forma urgente, a primeira reunião de trabalho com vista a definir e fazer aprovar regulamentos disciplinares que punam verdadeiramente quem não respeita os agentes de arbitragem", finaliza.