Sporting: Domingos e Sá Pinto não se falavam; Domingos não perdoa Godinho Lopes e quer ser indemnizado

Segundo avança O JOGO, esta terça-feira, Domingos Paciência e Sá Pinto tinham uma relação difícil e tensa e nem falavam um com o outro. Tudo desde os tempos de selecção, numa altura em que ambos disputavam um lugar...como jogadores.

Assim o distanciamento entre as alas profissional e de formação acentuou-se pela deliberada falta de comunicação entre os dois técnicos, algo que desagradava e muito à SAD leonina.

Toda a informação partilhada entre os sectores era feita por terceiros, o que desagradava à cúpula dirigente a operar em Alcochete, que lamentava ainda o facto de nenhuma das partes dar um passo em frente em prol de um melhor relacionamento. Contudo, a preocupação ia mais além: os planos futuros passavam por na próxima temporada promover o Coração de Leão a líder da formação B, onde teria forçosamente de desenvolver um laço estreito com o treinador dos seniores. Para piorar o cenário, a equipa técnica dos sub-19 queixava-se de que Domingos recrutava juniores para o seu grupo sem aviso prévio, por vezes indiferente ao calendário do escalão jovem, o qual proibiu de actuar em Alvalade sob o argumento de poupar a relva.

Do outro lado, o campo afecto ao antigo goleador do FC Porto apontava ambição desmedida ao antigo avançado do Sporting, acusando-o de se servir do prestígio e conhecimento aprofundado do universo leonino para criar um clima adverso ao técnico principal e assim, um dia, lhe ocupar a posição.

Certo é que o clima se deteriorou e passou a entrar no domínio público quando se notou a ausência de Domingos de um desafio dos juniores no Torneio NextGen, em Mafra, presenciado por um vasto contingente técnico e dirigente dos verdes e brancos. Caiu mal, até por se saber da (legítima) presença sempre que possível do treinador do Sporting nos jogos de juniores do FC Porto, onde milita o seu filho, Gonçalo.

Se as nuvens negras já pairavam, quase trovejou uma tempestade na Academia em vésperas de uma recepção ao Nacional da Madeira. Domingos deu ordens expressas para que Sá Pinto fosse impedido de assistir ao treino da equipa. O técnico dos sub-19 sentiu-se alvo de suspeição - é amigo de Pedro Caixinha, timoneiro dos insulares e de quem foi auxiliar no Leiria - e não tornou desconhecido o seu desagrado. Era indisfarçável a falta de confiança prevalente.

Agora que realiza o sonho de comandar a formação principal do Sporting, Sá Pinto decerto não pedirá informações ao seu antecessor. Nunca foram, não são e dificilmente algum dia se tratarão por amigos.

Entretanto o mesmo diário avança que ao contrário do que foi anunciado no comunicado colocado ontem no sítio oficial do Sporting, ainda não há acordo para a rescisão de contrato com Domingos Paciência e restantes elementos da equipa técnica. O treinador não gostou da forma como o processo se desenrolou e por isso pretende receber na totalidade o valor dos salários até Junho de 2013, altura do final do vínculo actual. A indemnização é de cerca de 700 mil euros.

Domingos, soube O JOGO, sentiu-se traído, pois, no domingo, Godinho Lopes e a estrutura da SAD tiveram uma reunião com a equipa técnica onde foram redefinidos os objectivos do Sporting para o que resta da Liga, com enfoque na conquista da Taça de Portugal e da terceira posição, que dá acesso à Champions. Os dois concordaram que os leões precisariam de recuperar cinco pontos ao Braga nas próximas 11 jornadas - sendo que o último jogo, precisamente frente ao rival directo, serviria para anular o atraso actual. Além disso, houve também concordância entre ambos ao constatarem que sete dos 12 jogos que faltam serão disputados em casa. E que o Sporting até acumula mais pontos (quatro) na segunda volta do que em igual período da primeira (dois).

Godinho Lopes deixou a reunião pouco convencido e decidiu aí que iria mudar de treinador. Não informou Domingos da decisão nessa altura e o técnico, ontem de manhã, deu o treino na Academia. No final da sessão foi informado da decisão da SAD de dispensar os seus serviços. Nessa altura, já os jogadores tinham todos saído e o técnico nem sequer se pôde despedir deles.