05 março 2011

Flashes do debate leonino

Num registo "à americana", onde o tempo é contado para cada intervenção, o jornalista Paulo Garcia, da SIC, vai tentando desvelar as linhas base dos 6 projetos.

Pedro Baltazar: «Momento mais negro da história do clube»

Pedro Baltazar foi o primeiro a falar no debate entre os candidatos à presidência do Sporting, na SIC Notícias. E nas alegações iniciais foi claro.

"Tenho a consciência de que este é um dos momentos mais negros da história do Sporting."

"As razoes mais revelantes para votarem em mim, prendem-se com o facto de estar ligado ao Sporting há muitos anos e ter uma vasta experiência".

Depois partiu para uma explicação do seu projeto financeiro.

"Vamos pensar em resolver os problemas do Sporting e para lidar com a equipa pouco competitiva que temos. Quero ter alguns números da SAD, de qualquer modo vamos exigir dos bancos aquilo que já está efetivamente tratado com medidas concretas", explicou.

"Há um fundo que está suspenso na CMVM, que está preparada para Angola para gestão dos clientes desses bancos. Um fundo de 15 milhões. Rapidamente tem de ser acionado. Os salários estejam assegurados por esse fundo", disse.

"As receitas de bilheteira dão para pagar alguns dos passes adquiridos. Parto do pressuposto que o fundo vai ser ativado e na minha lista vamos garantir que a entrada imediata dos 15 milhões para trazer jogadores. José Eduardo Bettencourt saiu porque a avaliação dos ativos não correu bem", garantiu.

Quanto à hipotética remuneração, palavras concretas: "Serei remunerado com vitórias. Acho que é um mau princípio serem remunerados."

Bruno Carvalho: «Comigo haverá uma gestão vitoriosa»

Bruno Carvalho apelou ao voto no debate televisivo na SIC Notícias. E começou a fazê-lo nas alegações iniciais.

"Temos de ter a capacidade de iniciar um novo ciclo no Sporting. O clube tem que voltar a ter garra. Estamos convictos que esta é uma altura determinante do clube. Comigo haverá uma gestão vitoriosa, que não sofre pressões constantes."

Na altura de abordar o seu projeto, o candidato foi direto ao assunto: “Conforme disse no meu programa, uma das coisas fundamentais, em termos de restruturação, é tratar das finanças. Como houve pouca adesão por parte dos sportinguistas, o BES e o Millenium avançaram. Com isso corremos o risco de ficar com 37 por cento da SAD e estes investidores com o resto. Crucial é manter para nós, pelo menos 51 por cento da SAD. Mas mais do que isso, somos a candidatura que apresentou parceiros, com um fundo de 50 milhões de euros, que servirão para contratações.”

O candidato foi mais longe, destacando que começará a trabalhar de imediato com a Banca, caso seja eleito: “Nessa altura em que for presidente, vamos fazer negociações com a banca e acabar com o que é mais dramático em termos de finanças - a promiscuidade entre credores e membros da SAD. Enquanto forem as mesmas pessoas a decidir de um lado e de outro, algo está mal. Não entendo como se podem reunir com bancos a tratar de assuntos que são sigilosos.”

Questionado sobre os 50 milhões que promete ter para investir no clube, Bruno de Carvalho foi claro: “Os 50 milhões vêm de investidores que vamos apresentar na próxima semana e que decidiram fazer uma aposta forte num clube com a nossa grandeza. Não só garanto isso como já os tenho a trabalhar na nova equipa.”

Depois adiantou que a pressão da dívida está a dificultar a vida do clube: “O real problema do Sporting é parar com a pressão do serviço da dívida. Temos de não nos endividar mais e trazer para junto de nos parceiros que garantam junto dos bancos que estamos vivos, algo que tem falado nos últimos tempos. A primeira coisa que farei no dia 27 é terminar com uma situação caótica junto dos bancos.”

“Vou ser um presidente remunerado que ganhará muito menos que 40 mil euros. Acho que há regras para isso, os jogadores é que devem ser remunerados”, rematou.

Zeferino Boal: «Temos de mudar de paradigma»

Zeferino Boal explicou as razões que lhe levaram a candidatar-se às eleições presidenciais do Sporting, logo nas alegações iniciais.

"Tenho 30 anos de sócio. Estamos a viver uma situação negra. Tinha de dizer basta. Temos de mudar de paradigma. No passado tive coragem em criticar a anterior direção, portanto tinha o dever com o sócios de avançar com uma solução."

"Quero dar um sinal de que o Sporting está vivo. Temos de mudar completamente o rumo do Sporting."

Depois foi tempo de começar a revelar as suas propostas, com ataques a Godinho Lopes.

"No período de Godinho Lopes o passivo do clube aumentou e os investimentos no futebol não têm sido recuperados. Nós temos nos últimos anos prejuízos de 20 e 30 milhões que não podem continuar. Temos de reduzir drasticamente despesas a 30 por cento, suportados por resultados desportivos", explicou.

No que diz respeito à política desportiva, confiança total no seu projeto: "O Sporting tem de vender todos os anos jogadores no valore de 10 a 13 milhões de euros. Sporting é recuperável e tem condições para recuperar. O futebol tem consumido todos os recursos do Sporting e eu foi um dos céticos em relação às SADs, as pessoas não sabem o que é o Sporting, os adeptos não conhecem o organigrama do Sporting, não sabem o que é a SAD o que é o resto do universo do clube."

"Antes só tínhamos problemas de tesouraria, agora temos problemas de tesouraria e não temos ativos para fazer face a esses problemas. São precisos 13 milhões para se fazer face a tesouraria", garantiu.

Quanto à hipotética remuneração em caso de vitória, palavras claras: "Serei remunerado. Mas sou contra remunerações superiores, por exemplo, ao Presidente da República. Hoje não faz sentido haver presidentes não remunerados."

Dias Ferreira: «Temos que mudar urgentemente»

Dias Ferreira, no debate televisivo da SIC Notícias, começou por aludir à paixão pelo clube, ainda nas alegações iniciais do debate.

"Candidato-me pela paixão que tenho pelo Sporting. Estou muito preocupado o atual momento do clube."

"Sporting nasceu sob o desígnio de ser um dos melhores clubes europeus e que está a definhar. Esta situação afecta o futebo e o ecletismo, que nos deu muitos títulos mundiais. Há que mudar urgentemente."

Depois foi tempo de arrancar para uma defesa de honra, depois da elaboração de Zeferino Boal.

“Dizem que sou responsável por estes erros todos, mas não é assim. Saí do Sporting em 1988 e regressei em funções dos órgãos sociais no último mandato. Não me pode imputar responsabilidades executivas. Se tive alguma foi em 1999, na SAD, com o Paulo Abreu e preparámos uma equipa que nesse ano foi campeã nacional após um longo jejum”, explicou

“Não devemos falar muito em finanças, porque achamos que isso condiciona o projeto desportivo. Já disse claramente que o Sporting só sai da situação financeira em que está com sucesso desportivo. É o único caminho. Não há ninguém com passivo a ser pago em tantos anos que se aguente assim. Essa é a mentalidade que temos de mudar com brevidade. O clube não é uma empresa. Todas as pessoas dizem que o clube tem de ser gerido como uma empresa e muito menos é um grupo de empresas”, garantiu depois.

“Relativamente ao lado financeiro, o que me preocupa são os objetivos financeiros. Os dirigentes do Sporting, que toma a gerência da administração de uma empresa. A preocupação é se ‘há dinheiro na caixa’, para definir essa situação, há um modo fácil de resolver. Se as pessoas ligadas à candidatura estão preocupadas, o importante é que os órgãos sociais do Sporting não sejam proclamados apenas na noite das eleições”, disse.

Quanto à questão da praxe, relativa à remuneração como presidente, palavras breves: “Não serei remunerado, mas isso não significa que critique quem o será.”

Abrantes Mendes: «Sabem que não sou conformista»

Abrantes Mendes, candidato às eleições leoninas, no debate televisivo da SIC Notícias, apontando a sua grande experiência no clube.

"As pessoas não me conhecem de agora. Tenho grande tradição no clube quero que o Sporting regresse aos bons momentos."

"Sabem que não sou conformista e que não me resigno. Aquilo que apresento, vou cumprir. Tenho um grande amor pelo Sporting."

Godinho Lopes: «Sou competente e credível»

Godinho Lopes revelou ter conhecimento do atual conhecimento financeiro do Sporting, afirmando que tem "competência" para melhorar a situação do clube.

"Sinto-me completamente disponível para servir o Sporting. Tenho consciência de que sou competente e credível. Sou apaixonado pelo Sporting. Tenho um projeto ganhador, com gente credível e competente."

"Conheço o momento que o clube atravessa. O ecletismo vai continuar a ser aposta do clube. Com Luís Duque e Carlos Freitas, o Sporting vai voltar a ganhar. Um dos obejtivos é melhorar a auto-estima de todos os sportinguistas."

Apontado como o “candidato da Banca” às eleições do Sporting, Godinho Lopes começou o debate da SIC Notícias exatamente por procurar anular essa colagem.

“Não deixa de ser engraçado – e ao mesmo tempo contraditório – ser acusado de ser o ‘candidato da Banca’, mas também ouvir que sou ‘despesista’”, afirmou Godinho Lopes logo de entrada.

“Cada candidato tem o seu estilo e forma pessoal de abordar os temas. Mas, para mim, não fazia sentido avançar para estas soluções sem conhecer em detalhe os números do clube. Falei com José Eduardo Bettencourt uns dias depois da sua demissão e perguntei-lhe se poderia ter acesso às contas. Ele disse que sim e através de Filipe Nobre Guedes pude obter as informações que julguei necessárias para, em primeira instância, equacionar candidatar-me”, referiu.

Godinho Lopes fez questão de acentuar a ideia de que não é benéfico para o clube ver avançar pessoas que não sabem, ao pormenor, qual a realidade do clube. “Não fazia sentido ter tido uma carreira sustentada na minha vida privada e agora aparecer como aventureiro ser saber os dados. Os números do passivo são ligeiramente diferentes daqueles que têm sido ditos nos últimos dias. Não nego que cada candidato tenha a sua credibilidade, mas entendi que era importante chamar a atenção do problema que o clube vive antes de alguém avança”, disse.

O candidato garante que avançou não por sugestão da Banca, mas por entender que o devia fazer. “Só decidi por modo próprio. Sou duro a negociar. Não tenho dois chapéus. Reuni com a banca e não só. Fiz os encontros necessários para poder responder à reestruturação financeira que penso levar a efeito. É preciso abater 73 milhões de euros à dívida, tendo em conta as verbas que o clube vai receber em breve. Aliás, o Sporting clube ficará sem dívidas com os 18 milhões que a Câmara de Lisboa vai pagar”.

Quanto às soluções para encontrar os 40 milhões de euros que diz serem necessários para o arranque da próxima temporada futebolística, Godinho Lopes assegura que já as tem e que, mesmo que perca as eleições, as colocará ao serviço do clube.

“As soluções passam por garantir várias coisas. Sou responsável. Entendi que continuar a viver com receitas adiantadas não era solução, daí ter ido à procura de outras que, mesmo que perca, serão disponibilizadas a quem vencer.”

A terminar, Godinho Lopes assegurou que não será um presidente remunerado. “Não serei remunerado, mas não me faz confusão que alguém seja”, afirmou.
in,record.pt

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