Ainda à espera de uma proposta para sair do Werder Bremen que lhe valha um grande contrato, o avançado fala sobre o arranque da Liga portuguesa e do treinador que o orientou nos juvenis do FC Porto. Ainda sobre o Mundial, Almeida diz-se lisonjeado pela célebre frase de Ronaldo, quando o dianteiro foi substituído - "assim não ganhamos, Carlos".
A Liga portuguesa 2010/2011 inicia-se hoje. Como avalia, daquilo que tem visto, as pretensões dos habituais candidatos ao título nacional?
O Benfica parece-me ter uma boa equipa, mas perder apenas o Di María era uma coisa, ao perder também o Ramires para o Chelsea o caso pode mudar de figura. Ainda não vi jogar o Sporting, mas sei que a equipa tem feito alguns bons resultados. O FC Porto tem um treinador jovem e que conhece o clube.
Chegou a trabalhar com André Villas-Boas...
Nos juvenis do FC Porto, era ele adjunto. Gostei muito de trabalhar com ele.
Nota-lhe semelhanças com José Mourinho?
É ingrato para todos, esse tipo de comparação. Ninguém é clone de ninguém. Mas ter uma boa escola ajuda muito. E Villas-Boas aprendeu com o melhor.
No início de uma nova época que balanço faz deste ano de Mundial?
Um balanço muito positivo. Fisica-mente, estive muito bem ao longo da época. Uma época que revelou, julgo, um jogador mais maduro, provavelmente na altura de dar um salto de forma a continuar a evolução noutros campeonatos. Gostava de fazer ainda mais uns anos de estrangeiro e depois, então, regressar a Portugal. Mas ainda é muito cedo para se falar de tudo isto.
A imprensa dá conta de um possível interesse do Real Madrid na sua contratação. Que há de concreto?
Neste momento, de concreto não há nada. Os jornais falam dessa possibilidade, mas não passa daí. Não me chegou nenhuma proposta de nenhum clube.
Já foi jogador de José Mourinho. Pensa que poderia interessar ao treinador?
Não sei. Fui, de facto, jogador de José Mourinho, ele conhece-me, foi ele quem primeiro apostou em mim e me trouxe para as luzes da ribalta. Foi buscar-me aos juniores e levou-me para a equipa principal. É, portanto, um treinador muito importante na minha carreira e com quem, claro, gostaria muito de voltar a trabalhar. Quem não gostaria de trabalhar com Mourinho?
Também se coloca a hipótese de um possível regresso a Portugal. É viável?
Só encaro essa possibilidade se for para um dos grandes e mesmo assim julgo que seria uma hipótese de difícil concretização. Neste momento, não está nos meus planos regressar a Portugal. Pode ser que até aconteça, mas não está nos meus planos.
O que está, então, nos seus planos, sendo que tem apenas mais um ano de contrato com o Werder Bremen?
Não escondo que sempre quis ir para outra liga. E sobre isso já falei com os dirigentes do Bremen o que tinha a falar.
Seja em Espanha ou não, pode então dizer-se que a sua saída do Bremen é certa?
Sinto-me bem aqui, estou feliz mas tenho de aguardar com calma e depois, mediante o que aparecer, avaliar o que é melhor para mim e para o clube.
Mas pode dizer-se que o mais provável é não jogar a próxima época na Liga alemã?
Sim, digamos que é uma forte possibilidade. E vejo abertura da parte dos dirigentes do Bremen.
Ou seja, está na altura de fazer um grande contrato?
Há que saber esperar pela melhor oportunidade, mas, sim, julgo que terá chegado essa altura. No entanto, como disse, não estou stressado e, se tiver de ficar mais um ano neste clube, empenhar-me-ei como sempre.
Tem preferência por uma liga?
Gostaria muito de jogar na inglesa e na espanhola. Neste momento e nesta fase da minha carreira preferia a espanhola. Gostava muito de jogar naquele campeonato.
As expectativas que levou para o Mundial foram cumpridas?
Do ponto de vista pessoal, sim, foram bem cumpridas. Colectiva-mente, tínhamos equipa para ir mais longe e fazer mais.
A equipa poderia ter sido mais arrojada?
Tínhamos equipa para fazer isso.
As ordens foram poucos ambiciosas?
Não discuto ordens de nenhum treinador. Uma equipa limita-se a cumprir as ordens do treinador.
Não escondeu que não concordou com a sua substituição. Porquê?
Fiquei triste, mas acato as decisões. E fiquei triste porque queria dar tudo, ajudar a equipa, sentia que o podia fazer e, nessas circunstâncias, tirarem um jogador do campo é cortarem-lhe as pernas. Naqueles momentos, o jogador pensa muita coisa, mas tem de acatar a decisão do treinador e dar força ao companheiro que vai entrar.
Fazia sentido continuar em campo?
Eu acho que fazia sentido, mas o seleccionador é quem sabe.
Cansado não estava, certo?
Sim, cansado não estava.
Foi por sentirem que tinha cumprido as ordens de Queiroz que Cristiano Ronaldo remeteu os jornalistas para o seleccionador após a derrota no jogo com a Espanha?
Entendi essa frase como absolutamente normal e sem qualquer intenção de provocar uma polémica com o seleccionador. É uma frase normalíssima.
E a frase de Ronaldo, dita quando foi anunciada a sua substituição, 'assim não ganhamos, Carlos', também é normal? E concorda com Ronaldo?
Naquela altura a equipa estava bem, tinha moral, vinha de um jogo que correu muito bem, sentia que podia vencer os espanhóis. Fico muito lisonjeado por Cristiano Ronaldo ter dito isso quando foi anunciada a minha substituição. Foi sinal de que eu estava a jogar para a equipa. Naquela fase a equipa estava a sentir que, mais tarde ou mais cedo, poderia resolver o jogo.
E também sentiram que poderiam ter ganho ao Brasil?
Se acelerássemos um bocadinho podíamos vencer o jogo.
Esta selecção foi considerada inferior a outras que a antecederam. Mas alguns dos jogadores discordam. Deco, por exemplo, e sei que concorda com ele, disse, antes da prova, que esta selecção é melhor do que a de 2006. Continua achar o mesmo?
Do ponto de vista técnico temos jogadores mais capazes do que a de 2006. O que falta a esta selecção é maturidade e experiência. São dois ou três os jogadores que podem trazer essas mais-valias fundamentais à equipa.
Antes da prova, vaticinou um grande Mundial para Cristiano Ronaldo. Enganou-se. As exibições irregulares dele na selecção começam a ser regra.
Todos precisamos dele, mas não há um único jogador que mantenha sempre o mesmo nível. Ele não esteve, de facto, no seu melhor mas também é verdade que jogou para o grupo e houve momentos em que fez a diferença.
A selecção é um espaço onde estão jogadores que trabalham ou trabalharam em grandes clubes, com grandes treinadores e que conheceram muitos balneários. Como é o desta selecção?
É fantástico. É um excelente grupo.
E existe a disciplina necessária? Com Mourinho, por exemplo, Ronaldo teria dito o que disse durante e no final do jogo com a Espanha?
Cada treinador tem os seus métodos de trabalho. Toda a gente sabe que Mourinho é um mestre da disciplina. Mas, repito, as frases de Ronaldo foram normais.
Foi um Mundial com alguns casos. O caso Nani foi mal gerido?
Não sei. A verdade é que se tratou de uma lesão provocada por um pontapé de bicicleta. O Nani caiu mal e lesionou-se num ombro. Essa lesão aconteceu ainda no estágio em Portugal, mas quer ele quer o staff entenderam que podiam resolver o assunto.
Foi o jogador que insistiu em viajar para a África do Sul?
Não sei se insistiu. Sei que falou com os médicos e que, juntos, decidiram que ele iria. Mas a verdade sobre o caso Nani é só uma; tratou-se de uma lesão.
As declarações de Deco criaram mossa no grupo?
Cada um é livre de dizer o que pensa. Quando se joga numa posição que não é a nossa, o jogo pode correr-nos mal. E, de facto, não estava a correr bem. O Deco pediu desculpa pelo que disse, talvez por ter entendido que se excedeu.
Deco não gostou apenas de ter sido mandado para outra posição. Também criticou a abordagem ao jogo com a Costa do Marfim. Foi a abordagem certa?
Não vou dizer quem tem razão - se o Deco se o seleccionador. Estamos perante duas pessoas fantásticas.
Foi o seu primeiro Mundial. Na sua opinião, a organização do evento esteve à altura da prova?
Esteve. Correu muito bem, mesmo em matérias mais delicadas, como a segurança, a organização respondeu muito bem. Foi uma experiência inesquecível.
Marcada pelas vuvuzelas e por uma bola estranha.
As vuvuzelas eram muito incomodativas. Relativamente à bola, a questão é mais grave porque ela é parte fundamental do jogo. Era uma bola muito complicada, que ganhava trajectórias difíceis.
Diego Forlán foi um justo vencedor do título de melhor jogador do Mundial de futebol?
É inegável que ele teve um papel muito importante na selecção do Uruguai, mas eu teria escolhido o Mesut Özil .
E qual foi a revelação?
O Fábio Coentrão.
Fonte: dn.pt
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