Sporting festejou o 23.º título mas no mínimo vai ter de 'devolver' 2, podendo ser 4. FC Porto é o clube que mais pode lucrar ficando com + 3; Sai Everton para entrar Neres no Benfica; Ataque no Dragão por Vitinha

A Federação Portuguesa de Futebol já tem em sua posse dois pareceres elaborados por investigadores de universidades de Lisboa, Porto e Coimbra sobre a categorização das competições nacionais, que serão votados em Assembleia Geral Extraordinária no dia 29 de junho — em que serão também sujeitos a ratificação os regulamentos de arbitragem e disciplina votados na passada semana em AG da Liga —, uma reunião que pode reescrever a história dos títulos nacionais de futebol. A criação da Comissão Independente para Análise dos Títulos Nacionais (CIATN), em 2018, surgiu na sequência da pretensão apresentada pelo Sporting, que reclamava mais quatro títulos da Liga Portuguesa pelo facto de ter conquistado por quatro vezes (1922/1923, 1933/1934, 1935/1936 e 1937/1938) o Campeonato de Portugal, prova que decorreu entre 1921/1922 e 1937/1938, cujos vencedores, no entendimento dos leões, deviam ver os seus nomes incluídos na lista de clubes campeões nacionais — o Campeonato de Portugal foi a primeira competição oficial organizada em Portugal, em que os clubes se apuravam a partir das competições distritais (em sistema de liga) e o disputavam depois em regime de eliminatórias, a que se juntou, em 1934/1935, o Campeonato da Liga da I Divisão, decorrendo as duas provas em simultâneo, e cujos vencedores constam, atualmente, na lista oficial dos campeões nacionais. Os vencedores do Campeonato de Portugal entre 1921/1922 e 1937/1938 são considerados isso mesmo, vencedores do Campeonato de Portugal, cujo troféu era, de resto, o que é hoje a Taça de Portugal, apesar de quem os ganhou nessa altura não seja, de momento, contabilizado como vencedor da Taça de Portugal, cujo palmarés é hoje apenas contado a partir de 1938/1939. Mas tudo isto pode mudar.

Conforme prometera quando recebeu a exposição apresentada pelo Sporting, a Federação Portuguesa de Futebol entregou a análise e avaliação histórica das competições a um grupo de especialistas — a denominada Comissão Independente para Análise dos Títulos Nacionais (CIATN) —, que quase quatro anos depois entrega os resultados desse trabalho (foi também obtido considerável acervo que os investigadores decidiram entregar à FPF que fica como fiel depositária do mesmo) para que os mesmos sejam discutidos e aprovados pelos sócios da FPF. E, escreve o jornal A Bola, a discussão e aprovação vão dois pareceres. E se um deles for aprovado — a AG da federação pode decidir não aprovar nenhum deles... —, seja qual for, a lista de títulos nacionais será alterada.

O PARECER 1

Elaborado por Amândio J. M. Barros, Manuel A. Janeira e Ricardo C. Pereira (todos indicados pela Universidade do Porto) e Sílvia A. C. Alves (da Universidade de Lisboa), seria o que alterações mais drásticas introduziria no palmarés das duas principais provas nacionais. «Os vencedores do Campeonato de Portugal entre as épocas 1921/1922 e 1933/1934 devem ser considerados como campeões nacionais, bem como os vencedores do Campeonato das Ligas (entre 1934/1935 e 1937/1938) que precede o Campeonato Nacional. Os vencedores do Campeonato de Portugal entre 1934/1935 e 1937/1938 devem ser reconhecidos como vencedores da Taça de Portugal», pode ler-se. Ou seja, o Sporting passará a ter, se for este o parecer aprovado, mais dois títulos de campeão nacional, tal como Benfica, mas os grandes beneficiados seriam FC Porto (+3) e Belenenses (+3). E Marítimo, Carcavelinhos e Olhanense passariam a constar também na lista de campeões nacionais. No que a Taças de Portugal diz respeito, o Sporting ficaria com mais duas, Benfica e FC Porto com mais uma cada um.

O PARECER 2

Da autoria de Francisco Pinheiro (nomeado pela Universidade de Coimbra) é o parecer 2, mais conservador. «O Campeonato de Portugal é prova antecessora da Taça de Portugal e os Campeonatos das Ligas (I e II Liga) antecessores do Campeonato Nacional (I e II Divisão). Devem ser por isso reconhecidos como campeões nacionais os vencedores dos Campeonatos das Ligas (entre 1934/35 e 1937/1938) e como vencedores da Taça de Portugal os clubes que venceram o Campeonato de Portugal desde 1921/1922 até aos dias de hoje», lê-se neste caso.

Ou seja, caso seja este o parecer aprovado pela Assembleia Geral da Federação Portuguesa de Futebol, o palmarés dos títulos de campeão nacional iria manter-se inalterado, mudando apenas os vencedores da Taça de Portugal. Nesse caso, Sporting e FC Porto seriam os maiores beneficiados, com mais quatro taças cada, mas Benfica e Belenenses surgiriam logo atrás, com três cada. E, claro, Marítimo, Carcavelinhos e Olhanense passariam a constar como vencedores da Taça de Portugal.

Tubarão na costa para levar Vitinha. A continuidade de Vitinha no FC Porto está em sério risco, na ressaca de uma temporada em cheio, com a estreia na principal Seleção Nacional pelo meio, que fez disparar a sua cotação no mercado e aumentou o interesse de vários dos principais clubes europeus. Segundo informações recolhidas pelo jornal O Jogo, o nome do médio de 22 anos tem sido mencionado em reuniões que Jorge Mendes vai mantendo regularmente com emblemas de campeonatos mais endinheirados – na semana passada encontrou-se com o Manchester United e com o Barcelona, por exemplo – e a expectativa da sociedade azul e branca é que o valor da cláusula de rescisão, fixada nos 40 milhões de euros, venha mesmo a ser batida. Se a intenção manifestada por alguns deles passar para o papel, os portistas pouco ou nada poderão fazer para evitar a saída do internacional português, com quem até tinham o objetivo de renovar o contrato, no sentido de ajustar o vencimento ao estatuto que conquistou no seio da equipa e, principalmente, aumentar-lhe a cláusula de rescisão.
O salto qualitativo de Vitinha deu-se numa época em que, curiosamente, até esteve na porta da saída. O Wolverhampton havia assumido um compromisso de acionar a opção de compra prevista no contrato de empréstimo do médio até ao fim de junho de 2021, mas a pandemia trocou as voltas aos ingleses, que viram recusada a tentativa de o contratarem a título definitivo com um desconto de 8 M€ em relação aos 20 M€ acordados inicialmente. Vitinha começou paulatinamente a ganhar espaço nas opções de Sérgio Conceição e, a reboque, chegou a chamada à Seleção Nacional, que atirou a sua cotação para um novo nível. O portal transfermarkt avalia-o em 30 M€. Mas só mesmo os 40 M€ convencerão o FC Porto a abdicar de uma das suas principais jóias.

Sai Everton para entrar Neres no Benfica. Everton está muito perto de trocar o Benfica pelo Flamengo, apurou o jornal Record. Desta forma, a saída de ‘Cebolinha’ também torna a contratação de David Neres cada vez mais próxima. O extremo do Shakhtar Donetsk só espera pelo contacto da SAD encarnada para assinar contrato. Tal como o nosso jornal já noticiou, as águias só iriam avançar para a compra do jogador brasileiro caso conseguissem libertar o compatriota, num cenário que, agora, é cada vez mais real. Mas vamos por partes para dar a explicar ambos os processos.
No caso de Everton, o Flamengo fez uma proposta de 13,5 milhões de euros, com bónus acrescidos. O Benfica pretendia reaver grande parte dos 20 M€ pagos ao Grémio em 2020 pela contratação do internacional canarinho, de 26 anos, sendo que os valores em causa aproximam o Benfica desse objetivo. Os responsáveis dos dois clubes vão continuar em conversações, com o Benfica a tentar ‘esticar’ ligeiramente o valor. De qualquer das formas, deverá haver um entendimento total nos próximos dias.
Com o clube da Luz praticamente convencido deste negócio, o Flamengo procura agora entrar em sintonia com Everton, o que também deverá ser uma meta acessível. As questões salariais vão estar no centro das negociações nas próximas horas, sendo que o brasileiro aufere à volta dos cinco milhões de euros brutos em Lisboa. Ainda assim, os responsáveis do ‘mengão’ já sabem que há um fator para facilitar o entendimento com o jogador. Ao contrário do que acontecia há algumas semanas, Everton vê agora com mais agrado a possibilidade de voltar ao Brasil. Numa primeira instância, Everton queria ‘explodir’ na Europa e atuar numa liga de topo. No entanto, o extremo sente agora que pode recuperar o protagonismo no futebol brasileiro e que o levou a representar a seleção do seu país. Isto quando faltam menos de seis meses para o arranque do Mundial’2022. Já David Neres está controlado pelo clube da Luz. O negócio será feito através do desconto de aproximadamente 12 M€ dos 15 M€ que o Shakhtar deve pela contratação de Pedrinho. A questão contratual está apalavrada com o jogador, de 25 anos, que é um dos principais alvos de Roger Schmidt. Ainda assim, o Benfica procura ser célere pois a Juventus mantém pressão no extremo, que pode sair reforçada após ter visto Di María recusar a ida para Turim.