Nuno Mendes é para vender (leões querem perto de 70M€) e João Mário para segurar em Alvalade; Pizzi farto de ser o culpado no Benfica; FC Porto desmente Sporting (e jornalista) com imagens. Banco leonino levantou-se pelo menos 13 vezes no clássico

O Porto Canal exibiu, ontem, um vídeo do FC Porto com o objetivo de desmentir a versão de que o banco do Sporting se teria levantado apenas um terço das vezes, em comparação com o banco dos dragões, no clássico de sábado, como referiu o responsável pela comunicação dos leões, Miguel Braga, baseando-se numa polémica que estalou durante as conferências de Imprensa pós-jogo. Nas imagens é possível ver os elementos da equipa de Alvalade saltarem daquele espaço por 13 vezes, isto é, mais do que o número atribuído aos portistas (12), e que servira de pretexto para uma questão colocada a Rúben Amorim. Contudo, Francisco J. Marques garantiu, no programa “Universo Porto da Bancada”, que a contagem até pecava por escassa. “A pura verdade é que se levantaram mais de 20 vezes”, afiançou. “Foi criado um enredo, que serviu apenas e só para atingir o FC Porto e as pessoas que aqui trabalham, como o treinador e os suplentes, quando, na verdade, o comportamento dos elementos que estavam no banco do Sporting foi igual. E é normal que assim seja. Mas [ante]ontem tivemos a comunicação do Sporting a cavalgar nesta onda e a mentir. As imagens estão aqui. Levantaram-se ou não? Portam-se assim tão bem? São assim tão meninos de coro? Levantam-se como os outros. Mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo”, acrescentou o diretor de comunicação portista.

Na origem destas críticas de Francisco J. Marques estiveram as declarações de Miguel Braga, responsável pela comunicação do Sporting, no programa “Raio-X Sporting”. “Há um jornalista que faz uma pergunta ao treinador do Sporting, assinalando um facto verificável, que qualquer pessoa que ponha o jogo para trás pode ver, e que é, no fundo, uma mola que existe no banco do FC Porto, que os obriga a saltar o triplo das vezes que saltou o banco do Sporting. Houve um jornalista que teve o trabalho de contar quantas vezes saltou um banco e outro, porque, nestas últimas semanas se tem falado muito que o comportamento dos bancos é, muitas vezes, uma forma de pressionar os árbitros”, afirmou o diretor leonino.

Pizzi farto de ser o culpado no Benfica. A vitória do Benfica diante do Rio Ave, anteontem, ficou marcada pelos festejos efusivos de Pizzi, após o golo que marcou, o segundo e último das águias. Rodeado pelos companheiros, o médio celebrou aos gritos, no que foi uma revolta do internacional português, por um acumular de situações, apurou o jornal Record.

O transmontano não conseguiu deixar de expressar a injustiça que sente por ser mais vezes suplente do que nas épocas anteriores, tendo perdido protagonismo como titular. Ao mesmo tempo, rejeita ser o único responsável pela crise. O jornal diz saber que o jogador, o terceiro na hierarquia dos capitães, se considera frequentemente culpabilizado por adeptos e críticos quando as coisas correm mal à equipa.

Estes foram os principais motivos que fizeram com que Pizzi soltasse emoções, depois do 2-0, que consumou o regresso do Benfica aos triunfos, após quatro jogos sem vencer. Mesmo os colegas sabiam como era importante para o camisola 21 aquele momento, em que mostrou que continua a ser útil e importante para muitas vitórias, mesmo que tal não lhe seja reconhecido.

Um dos elementos nucleares do Benfica nas últimas épocas – foi o melhor marcador em 2019/20 –, Pizzi tem estado longe de integrar o lote das primeiras opções de Jorge Jesus. A cumprir a sétima época de águia ao peito, o médio já foi lançado a partir do banco 11 vezes – um recorde desde que chegou ao clube da Luz. Isto, apesar de nas primeiras temporadas ter estado mais vezes no banco (22, em 2014/15; 13, em 2015/16), como pode ver-se na infografia em baixo. Os jogadores associaram-se a Pizzi, de 31 anos, mostrando que continua a merecer respeito. Ou não fosse ele uma referência. Além de ser dos mais antigos, é o jogador do plantel às ordens de Jorge Jesus que tem mais jogos (316) e mais golos (89) pelo Benfica.

No momento dos festejos do golo, quiseram fazer sentir isso mesmo ao internacional português, nomeadamente o núcleo mais próximo, como Rafa ou Diogo Gonçalves. Antes, após o 1-0, apontado por Seferovic, os festejos foram bem mais discretos, o que não significa menor consideração pelo suíço. Mesmo que tenha desbloqueado o resultado, ninguém correu até ao avançado, limitando-se a fazer uma roda em torno do ‘14’ , que foi titular pela terceira vez consecutiva.

Nuno Mendes para vender. A campanha quase irrepreensível do Sporting na Liga NOS – onde conta com quatro empates e 17 triunfos, deixando-o como o favorito à conquista da prova – tem colocado vários atletas na mira de emblemas de países com outras posses em termos financeiros, abrindo a janela para futuras negociações da SAD no próximo mercado de transferências. É precisamente aqui que entra o nome de Nuno Mendes, que, escreve O Jogo, é o ativo que o elenco liderado por Frederico Varandas vê como transferível na próxima janela de mercado, de modo a contribuir para o equilíbrio financeiro de uma sociedade que, à semelhança de outras, debate seco mos efeitos da pandemia de covid-19.

Porém, tal cenário de transferência, que é visto como altamente provável em Alvalade, implicará sempre valores elevados para aqueles que têm sido os padrões de negócio da SAD, isto à exceção do que aconteceu com Bruno Fernandes, que ingressou no Manchester United há pouco mais de um ano por 55 milhões de euros (M€), acrescidos de mais 25 M€ por objetivos – uma parte deles, na ordem dos 10 M€, concretizáveis. De acordo com informações recolhidas pelo jornal, é intenção dos dirigentes leoninos tentar encostar ao máximo o valor de uma eventual transação ao da cláusula de rescisão, agora fixada nos 70 M€. É certo que poucos são os que olham para esse valor como alcançável, porém o facto do lateral-esquerdo ter apenas 18 anos – ainda é júnior –, ocupar uma posição onde a procura é superior à oferta, dão, no entendimento de Frederico Varandas e seus pares, motivos para acreditar que, incluindo variáveis, os números podem chegar a um patamar próximo do desejado. É que, independentemente da questão que hoje surge como provável de qualificação para a fase de grupos da Liga dos Campeões de forma direta – por via de uma das duas primeiras posições da Liga NOS –, o encaixe financeiro daí proveniente é visto como escasso face aos compromissos da SAD e os referidos efeitos que a falta de outras receitas, como a bilhética ou prémios de participação nas provas da UEFA, têm provocado.

Ora, olhando precisamente para Nuno Mendes e vislumbrando que este pode ser o foco de uma grande venda dos leões no verão, Frederico Varandas avançou para a renovação do vínculo laboral do jogador em dezembro último, até porque a Alvalade já tinha chegado a disposição do Liverpool em pagar 22 M€ pelo atleta, no início da temporada, quando ainda não tinha a projeção atual, em termos de rendimento e presença na equipa principal do líder destacado do campeonato português. No acordo celebrado, além da mencionada cláusula de rescisão de 70 M€, o jogador passou a auferir um ordenado bruto por ano de 400 mil euros, que vai aumentando cerca de 100 mil euros/ano até 2025. O Sporting, mais do que prolongar o acordo com o jogador em termos temporais – dado que em junho último já tinha renovado –, tinha a necessidade de subir a cláusula de 45 M€ para um montante, no mínimo, de 60 M€, isto devido ao assédio de que o lateral-esquerdo tem vindo a ser alvo. Além do Liverpool, emblemas como a Juventus, Inter de Milão, AC Milan ou Real Madrid obrigaram a SAD a acelerar o processo, salvaguardando a sua posição em eventual negociação futura.

SAD disposta a investimento em João Mário. O Sporting caminha a passos largos para a reta final da temporada e, ao mesmo tempo, já olha em direção aos anos que se seguem. E quer no plano imediato, como no de futuro, a SAD quer contar com João Mário, pelo que, de acordo com informações recolhidas pelo Record, Frederico Varandas está disposto a fazer um esforço considerável, tendo em conta as finanças, para assegurar a contratação em definitivo do médio, que está emprestado pelo Inter até final da época. A decisão está tomada e, independentemente de a operação prometer ser complexa, tendo em atenção o investimento que os nerazzurri fizeram pelo médio em 2016 e o elevado vencimento que aufere, o Sporting pretende recompensar a importância de João Mário para o bom momento do clube e a sua influência dentro de campo, onde é titularíssimo às ordens de Rúben Amorim, como fora dele, dada a sua importância para o desenvolvimento dos mais jovens.

Com efeito, para que as intenções dos leões sejam bem-sucedidas, obrigatoriamente terá de haver cedências das partes envolvidas: do Inter, que após ter contratado o internacional português por 40 milhões de euros, mais 5 milhões em objetivos, sabe que dificilmente poderá recuperar o investimento, até pelo facto de João Mário terminar contrato com o clube italiano já no final da próxima época, em 2022; e pelo próprio jogador, que aufere quase 3 milhões de euros líquidos, praticamente o dobro do atual tecto salarial em Alvalade e dos quais, no empréstimo, a SAD suporta cerca de um milhão. A possibilidade de o Sporting se sagrar campeão, com entrada na Liga dos Campeões, ou eventuais vendas de jogadores podem ser fatores a favor dos leões.