Caso Palhinha motiva exposição do CD ao Conselho Superior dos tribunais; "Senti a diferença na cultura de exigência de FC Porto e Sporting. Se empatavas em Braga, no autocarro não se ouvia um pio [no regresso ao Porto]. No Sporting, perdemos um jogo em Portimão e vinham para cima [Lisboa] a cantar e a ouvir música como se nada tivesse acontecido”"

Augusto Inácio, figura emblemática do Sporting, afirmou que os leões estão abaixo do FC Porto ao nível da “cultura de exigência”, clube pelo qual foi campeão mundial e europeu.

Numa viagem ao passado, o antigo jogador, treinador e dirigente do Sporting deu uma ‘aula’ de “liderança”, aprendida no balneário... portista.

“Senti uma grande diferença no FC Porto e no Sporting, até na cultura de exigência. Se empatavas em Braga, no autocarro não se ouvia um pio [no regresso ao Porto]. No Sporting, perdemos um jogo em Portimão e vinham para cima [Lisboa] a cantar e a ouvir música como se nada tivesse acontecido”, comparou.

Inácio, que venceu a Taça Intercontinental e a Taça dos Clubes Campeões europeus em 1987, ao serviço do FC Porto, elogiou os “grandes balneários” dos dragões, insistindo que “o balneário ganha campeonatos”.

“O FC Porto fazia contratos com jogadores mais velhos só para estarem no balneário, não contavam para estar no campo. Tinham a mística”, explicou, em conversa com António Simões, na Cultura Tática, da SportTV.

Augusto Inácio acabaria por regressar ao Sporting, como treinador, levando os leões à conquista do campeonato em 1999/2000. “Tive que arranjar vários líderes num balneário onde havia 12 nacionalidades”, revelou.

Ainda como jogador, Inácio deixaria o Sporting, clube do coração, para assinar pelos dragões. Questionado sobre o clube de Alvalade pelo treinador portista, Pedroto, deu uma resposta profética: “Disse que dentro de três meses ia mudar de treinador. É quando sai o Allison e entra o Oliveira como treinador-jogador”.

“Percebi mais tarde que não interessava que o Inácio ficasse ali [no Sporting]. Era um peso pesado do balneário, titular, um dos capitães, depois do Manuel Fernandes”, reforçou.

Ao recordar o momento em que trocou de clube, Inácio apresentou números. No Sporting, recebia “1100 contos”. Pediu “2000 contos”, valor recusado pelos leões. Após abordagens de Vitória de Guimarães e Portimonense, “aparece o FC Porto com uma proposta de 5000 contos por ano”.

“Passado um mês de estar no FC Porto, o João Rocha [presidente do Sporting] liga-me. Já me dava os 5000 contos por ano. Se o FC Porto não quisesse o Inácio era outra história, mas eu não podia voltar com a palavra atrás”, concluiu.

Caso Palhinha motiva exposição do CD ao Conselho Superior dos tribunais. O Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) fez hoje chegar uma exposição ao Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais, sobre a aceitação da providência cautelar que permitiu o sportinguista Palhinha defrontar o Benfica.

Fonte ligada ao processo, confirmou à agência Lusa que esta exposição deu hoje entrada neste órgão de gestão e disciplina dos juízes da jurisdição administrativa e fiscal, quatro dias depois de o Tribunal Central Administrativo do Sul ter dado provimento a uma providência cautelar ao cumprimento do castigo imposto ao médio do Sporting, por ter completado uma série de cinco cartões amarelos.

Palhinha acabou por ser utilizado pelo treinador ‘leonino’ Rúben Amorim, na vitória frente ao rival Benfica, por 1-0, no dérbi da 16.ª jornada da I Liga, na segunda-feira, a partir dos 61 minutos, depois de ter começado o encontro no banco de suplentes.

Nesse mesmo dia, face à decisão do Tribunal Central Administrativo do Sul de suspender a eficácia do castigo de um jogo de suspensão a Palhinha, o CD da FPF contestou a argumentação do Sporting.

O órgão federativo explicou que o Sporting “optou por fundar o seu pedido de providência cautelar apenas numa alegação genérica sobre a inconstitucionalidade do sancionamento em processo sumário, alegadamente por não se garantir o exercício do direito de defesa”.

“O que muito se estranha, porquanto a SAD empregadora do jogador participou na aprovação do Regulamento Disciplinar que assim desenhou esta forma de processo. Ainda mais surpreendente se torna tal alegação, quando, no caso, já existe uma decisão de recurso na sequência do direito de defesa exercido pelo agente desportivo. Ou seja: o requerente está a reagir a uma decisão administrativa de segundo grau, em que lhe foi garantida plena pronúncia sobre os factos e a sua qualificação jurídica”, referiu o CD.