10 fevereiro 2025

Pinto da Costa quebra o silêncio. Leia o comunicado; Espanhol não dá razão às queixas do Sporting no Dragão; Médico aponta aos "10 meses de paragem" para Bah e Manu

Henrique Jones, especialista em medicina desportiva que durante 15 anos exerceu funções na FPF, perspetiva que Bah e Manu tenham um tempo de paragem próximo dos 10 meses, o que implica que possam só voltar à competição com a próxima época em curso. Mas antes de abordar as lesões dos jogadores do Benfica, entorse do joelho esquerdo com rotura do ligamento cruzado anterior, o clínico fez questão de apontar aquele que pode ser um dos principais motivos para que estas comecem a ser tão comuns.
"É o pesadelo dos futebolistas de alta competição. Há uns meses, no mesmo treino, dois guarda-redes do Boavista [João Gonçalves e Luís Pires] sofreram rotura dos ligamentos cruzados anteriores. Vemos cada vez mais isto acontecer na alta competição, em atletas de topo do futebol europeu. A sobrecarga competitiva é reconhecida por todos como sendo o principal fator. Neste momento, os atletas competem e recuperam da fadiga, não há tempo para fazer prevenção de lesões, não há tempo de fazer recuperação a 100 por cento da fadiga. É natural que as estruturas do corpo mais envolvidas tenham mais risco de rasgar. Com a dificuldade de ter programas de prevenção, com a carga competitiva que existe, nestes casos, vamos ter mais casos. E é preciso referir que há alguns atletas mais propensos a lesões. O Bah é um desses atletas", atirou Henrique Jones, a Record, vincando o que se pode ter passado com Manu, que chegou em janeiro à Luz: "Poderá haver alguma alteração do ritmo competitivo, novo tipo de treino, uma dinâmica diferente. É uma coincidência muito grande, dois atletas, no mesmo jogo terem tido a mesma lesão".
O médico explica que agora os dois jogadores irão ter um longo período de recuperação, que começa pela cirurgia. "Não há atleta nenhum que recupere sem esse procedimento. E agora somos mais cautelosos no regresso à competição. O tempo de paragem, normalmente, situa-se por volta dos 10 meses. Mas depende muito dos degraus de progressão. O atleta cumpre vários degraus, mas a estimativa é por volta dos 10 meses. Há uns anos, havia uma competitividade para os atletas acelerarem a recuperação e chegávamos a ter atletas a treinar aos seis ou sete meses. Mas o que se veio a perceber é que estes atletas tinham um risco aumentado de ter uma nova lesão. É por isso que os cirurgiões, fisiologistas e preparadores físicos tenham uma maior preocupação de não acelerarem o regresso e terem os jogadores em plenas físicas e psicológicas.  É, por isso, que a maior parte dos atletas regressam à competição por volta dos 10 meses", anotou o clínico, que deu conta do risco de re-rotura do ligamento cruzado: "Existe uma percentagem acima dos 40 por cento de atletas que voltam mais cedo do que o habitual e voltam a ter uma re-rotura. E isso é que é de evitar. É preferível demorar a recuperação até estarem aptos, do que estar a acelerar o processo e terem de voltar a parar por um longo período".
Henrique Jones fez ainda questão de assinalar a importância da recuperação psicológico em todo este processo. É que, na fase final da recuperação, alguns jogadores temem a competição, o que afeta o rendimento.
"Chamamos a isso a condição neurocognitiva. Muitos atletas já atingiram um patamar próximo do final da recuperação, mas continuam a ter problemas psicológicos de reinserção nos treinos e nos jogos. É que o se denomina de cinesiofobia [condição onde o indivíduo sente medo excessivo, irracional e debilitante na realização de movimentos]. Esses atletas têm este receio, porque lembram-se de como as coisas aconteceram e têm receio de que possa voltar a acontecer. É importante o trabalho psicológico para ultrapassar este receio, esta limitação neurocognitiva. É importante o atleta estar à vontade e sentir que a sua recuperação está bem para poder voltar. Se acha que não está preparado, há um défice do seu rendimento. Nos últimos tempos de recuperação é importante o apoio físico, mas também é extremamente importante o apoio psicológico", enalteceu o especialista.

Pinto da Costa quebra o silêncio. Num comunicado com cinco pontos, Pinto da Costa quebrou o silêncio dos últimos meses por considerar que se tornou “por demais evidente o objetivo de denegrir o caráter, o trabalho e o legado de quem dedicou longos anos ao serviço do clube”. O presidente honorário dos dragões refutou a acusação de ter deixado apenas oito mil euros nos cofres do clube e defendeu-se dos resultados da auditoria.
“Ao longo dos últimos meses tenho mantido o silêncio perante os ataques que me têm sido dirigidos, procurando, assim, contribuir para a preservação do bom nome do FC Porto e para não suscitar qualquer foco de instabilidade que possa ser visto como causador de insucesso desportivo. Assisti no estádio aos primeiros jogos, tendo recebido inúmeras manifestações de carinho, mas que não foram bem entendidas por alguns. O silêncio deixa, assim, de ser uma opção, numa altura em que se torna por demais evidente o objetivo de denegrir o caráter, o trabalho e o legado de quem dedicou longos anos ao serviço do clube”, começou por escrever.
Pinto da Costa passou depois à defesa pessoal e da sua anterior administração. “Uma das mensagens que mais insistentemente se faz passar, é a de que a administração a que presidi apenas deixou 8 mil euros aos seus sucessores, ficando o clube estrangulado e sem soluções para o futuro. Nada de mais falso, como agora se tornou evidente ”, apontou, antes de justificar. “Investimos e valorizámos um plantel que permitiu à atual administração, apenas na primeira metade da época, um encaixe de 167 milhões de euros. Concretizámos novas parcerias, nomeadamente com a Ithaka, envolvendo a atribuição de uma verba de 65 milhões de euros. Foram ainda as receitas futuras desta nova empresa criada pela parceria com a Ithaka que serviram de garantia para o financiamento de 115 milhões de euros alongo prazo e que foi recentemente contratado. Do passe de Otávio para o Al Nassr, a atual administração vai agora receber mais 20 milhões de euros”, frisou, referindo outras conquistas. “Do legado faz ainda parte a qualificação do FC Porto para o novo Mundial de Clubes, consequência da competitividade internacional dos anos anteriores e interessante oportunidade desportiva e financeira. E deixámos também um estádio e um pavilhão integralmente pagos, bem como um centro de treinos e formação e um museu de última geração”.
No ponto três do comunicado, Pinto da Costa refere-se aos resultados da auditoria forense. “Constato tristemente que as conclusões foram ao encontro do que quem as encomendou pretendia, lançando-se uma série de informações descontextualizadas. Omite-se que as contas foram sempre auditadas pelas maiores empresas internacionais do setor, inclusive pela agora autora da auditoria forense, sem nunca algo ter sido assinalado de irregular ”, explicou, antes de continuar .“Ignorou-se que o recurso às despesas de representação aprovadas pela Comissão de Vencimentos não são de agora. Sempre existiram na SAD, sendo uma prática aceite no universo empresarial e sem que alguma vez tenham sido postas em causa pelos auditores o que, a ter acontecido, seria motivo para imediatamente se corrigirem procedimentos. A prova de que assim sempre aconteceu, é que o atual Presidente do Conselho Fiscal, sendo administrador financeiro da SAD no período imediatamente anterior ao da auditoria, também assim procedeu. Mesmo já depois de ter abandonado o cargo continuou a apresentar faturas para esgotar o saldo que deixou na SAD, por ser entendimento de que tinha esse direito”, acusou.
As comissões nas transferências também motivaram uma longa exposição de Pinto da Costa com críticas implícitas a Villas-Boas. “Também se procurou qualificar como absurdo o pagamento em transferências de jogadores de futebol, não se tendo identificado, contudo, qualquer ilegalidade ou discrepância relevante face à prática de clubes concorrentes. A importância das comissões no sucesso de negócios que têm impacto desportivo não muda através de operações de cosmética, como a alteração do nome das comissões ou a inflação de negócios para que aparentemente não as incluam”, referiu, desejando que “a investigação prossiga para que possa apurar-se se o tão relevante valor referido pela auditoria como indevido se verifica, assumindo-se então as consequências que daí advêm”.
Pinto da Costa versou ainda sobre a polémica com a venda de bilhetes, embora sem grandes detalhes. “Também no campo da bilhética se preferiu a aposta nos episódios mediáticos, face à constatação de que não se pode imputar diretamente à anterior administração qualquer atuação à margem da lei.”
Presidente durante 42 anos, Pinto da Costa lembrou que não é fácil dirigir um clube “com a dimensão e a ambição do FC Porto”. “Implica tomar frequentemente decisões complexas, arriscar, falhar algumas vezes, lidar com as consequências do que não corre bem. Mas não pode ser esquecido que foi o modelo de gestão que liderei que permitiu ao FC Porto os inúmeros sucessos desportivos que lhe são reconhecidos nacional e internacionalmente”, defendeu-se, terminando com um apelo. “Desejo um FC Porto ganhador, no futebol e em todas as modalidades, em Portugal e nas competições internacionais, no presente e no futuro, esteja quem estiver a dirigi-lo”.

Espanhol não dá razão às queixas do Sporting no Dragão. Novo embate clássico, novas críticas dirigidas a João Pinheiro, em especial quando teve de ajuizar dois pedidos de penálti dos leões e deu dois vermelhos, a Matheus Reis e Diomande, em meros segundos.
Iturralde González, ex-árbitro internacional espanhol, diz que Pinheiro decidiu bem na maioria dos lances polémicos... mas não está isento de falhas. O antigo árbitro espanhol crê que o juiz de 37 anos errou na expulsão de Diomande, já que Fábio Vieira “fingiu uma agressão”. “Diomande encosta a sua cabeça á de Fábio Vieira, mas sem intensidade. Devia ter visto, sim, um amarelo, tal como Fábio Vieira por fingir uma agressão que não existiu”, sublinhou. Quanto ao vermelho (acumulação de amarelos) exibido a Matheus Reis pouco antes, por protestos, só os intervenientes sabem o “tom” usado: “Os protestos escutam-se, não se veem. Num vídeo não podes escutar o tom do protesto”.
Quanto às quedas de Gyökeres e Quenda na área do FC Porto, nem num, nem noutro caso, há motivos para penálti: no primeiro lance, o sueco “deixou-se cair” em duelo com Tiago Djaló; no segundo, Zé Pedro “correu muitos riscos” no tackle sobre o esquerdino, no entanto “tocou primeiro na bola”.

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