Pote deve falhar os 2 derbis; Aursnes é o jogador com mais utilizações esta época no Mundo; Ex-Sporting deixa aviso ao Benfica; Há 5 anos Jota Silva jogava na distrital e agora está na seleção

Trabalhar e nunca desistir dos sonhos resume bem a rápida ascensão de Jota Silva, a grande novidade na convocatória de Roberto Martínez para representar a seleção portuguesa nos amigáveis com a Suécia e a Eslovénia. Em 2019, o avançado do V. Guimarães representava o Sousense, na Divisão de Elite do futebol distrital da AF Porto, teve uma lesão grave que pôs em risco a carreira, mas agora está em grande forma e regista 12 golos em 31 jogos com a camisola vimaranense que lhe valeram a confiança das quinas.

Quando anunciou o nome de Jota Silva, de 24 anos, o selecionador destacou a ascensão de um avançado que nunca representou Portugal nas seleções jovens. “É um exemplo”, considerou o treinador espanhol, sublinhando ainda a “versatilidade” do jogador, apelidado de “Grealish” por causa das semelhanças físicas com o craque do Manchester City.

Quem o conhece, nunca duvidou da capacidade de chegar longe mesmo que tenha começado a jogar como lateral. “Era defesa esquerdo, mas conseguia ser sempre o melhor marcador. Era um talento selvagem. Subiu para extremo e, por necessidade nos juniores, fixou-se como ponta de lança e, aí, aos 19 anos, fez a melhor época. Também deu um importante salto físico, porque era sempre dos mais pequenos. Mas logo aí percebemos que ia dar jogador”, contou, ao JN, João Cunha, coordenador da formação do Sousense, onde o avançado se formou. O sucesso dentro de campo também vem de fora. “Vem de uma família muito educada e trabalhadora, que lhe passaram esses valores. Além disso, tem uma capacidade de dar a volta fora do normal, quando as coisas não funcionam”, acrescentou.

Desde cedo já se notava que Jota Silva possuía um talento especial e era um jovem sedento por aprender mais. “Tinha muita qualidade e sabia estar. Era muito fácil de treinar, queria sempre aprender mais e evoluir. Todos os treinos eram momentos de aprendizagem e de competição. ‘Picava’ os colegas a dizer que ia marcar mais golos que eles e tirava a camisola para festejar. Era a forma dele puxar pelos outros”, revela Tiago Silva, treinador de Jota nos juniores do Sousense.

Mas nem tudo foi fácil. Em 2016, fraturou gravemente um pé e a carreira esteve em risco. Felizmente, a operação e a recuperação foram bem sucedidas. “A dedicação dele à recuperação exemplificam bem como ele é. Das 14 às 18 horas tinha fisioterapia e às 19 horas vinha para o Sousense e voltava a fazer fisioterapia. A vida dele era casa, hospital, Sousense, casa. Durante seis meses!”, destacou João Cunha.

A forte personalidade também combina com um lado extrovertido fora de campo. “Estava sempre na brincadeira com os colegas, escondia as sapatilhas deles... pregava imensas partidas, era muito divertido. E nunca esqueceu os amigos, aparece muitas vezes nos jogos e nos jantares”, sublinhou Tiago Sousa.

Pote deve falhar os 2 derbis. As lágrimas que correram pelo rosto de Pote, após o 1-0 em Bérgamo, apontado por si, deixavam um forte rasto de preocupação: percebendo-se que chorava sobretudo por falhar o regresso à Seleção Nacional, na pausa FIFA que se inicia após o jogo de domingo, diante do Boavista, o médio-ofensivo, de 25 anos, também fazia soar os alarmes para outras contas, no caso os dois importantes duelos que abrem abril, ambos diante do rival Benfica.
E apesar de apenas hoje se conhecer a real extensão da lesão muscular, tudo indica, na coxa direita, a dor sentida no momento do golo frente à Atalanta era já o primeiro sinal de que o corpo tinha cedido; ontem, ainda em solo italiano, as indicações dadas pelo futebolista junto do corpo clínico concluíram que o problema poderá não ser tão grave como se pensava, apontando-se, à data, para uma paragem perto das três semanas, ou pouco mais. Que implicações tem, mesmo assim? Para já, afasta Pote da jornada 26 da Liga, da convocatória de Roberto Martínez e deixa-o em risco para a visita dia 3 de abril à Luz, embate da segunda mão das meias-finais da Taça de Portugal, após o 2-1 conquistado na primeira mão, em Alvalade; dias depois, a 7 ou a 8 (data ainda por ratificar), disputar-se-á novo dérbi, em casa do Sporting, esse da ronda 28 do campeonato e onde o transmontano de Vidago também ainda não pode reservar lugar. 

Ex-Sporting deixa aviso ao Benfica. Adversário de boa memória para o Benfica, o Marselha é a equipa que se segue no caminho na Liga Europa. O sorteio ditou o confronto nos quartos de final com o atual sétimo classificado da Ligue 1, num regresso a França depois de já o Toulouse ter ficado para trás no play-off. E olhando mais à frente o grupo de Roger Schmidt sabe que em caso de qualificação poderá enfrentar Liverpool ou Atalanta – mais um antigo campeão europeu, a exemplo de encarnados e marselheses, ou a equipa que eliminou o Sporting, respetivamente. Porém, para lá chegar, é preciso ultrapassar um conjunto que está a crescer desde a mudança de treinador, face à chegada de Jean-Louis Gasset (o terceiro da época).
Laszlo Boloni, que liderou o Sporting ao título em 2001/02 e comanda atualmente o Metz, da Ligue 1, avisa para os perigos do Marselha e antevê uma eliminatória equilibrada, ainda que admita que “o Benfica tem uma ligeira vantagem sobre o Marselha”. “É um pouco mais favorito, mas não vai ser fácil”, afirmou ao jornal O Jogo, considerando, a propósito do facto de o Benfica ter eliminado no play-off outro emblema do sul de França, que “esta equipa é mais forte do que o Toulouse”. “Penso que está a um nível superior”, salienta Boloni, realçando ainda o peso de a segunda mão ser disputada no Vélodrome: “O Estádio da Luz tem um bom ambiente, mas não podemos esquecer também a força do público do Marselha.”
“Acredito que o Benfica pode qualificar-se, mas temos de entender que a este nível nenhum adversário é fácil. São duas equipas com plantéis que têm bons jogadores e muita experiência. Penso que estão equiparados. Vai ser uma boa eliminatória”, antevê o treinador romeno de 71 anos, que avisa ainda para a qualidade do setor ofensivo do conjunto agora comandado por Jean-Louis Gasset. “O Marselha tem um bom ataque, com jogadores interessantes e com velocidade”, adianta, elegendo aquele que considera ser o futebolista mais perigoso do emblema francês: “É difícil escolher, porque têm um plantel com bom nível e de qualidade, mas podemos destacar Aubameyang, é um jogador que está sempre em destaque e tem uma grande vivacidade.”
A torcer para que o Sporting, que comandou entre 2001/02 e 2002/03 conquiste o título – “Penso que pode ser campeão, torço por isso”, confessa – Laszlo Boloni realça que as constantes mudanças de treinador, algo pelo qual o adversário das águias passou esta temporada, não são produtivas para uma equipa, mas que a escolha da Direção em JeanLouis Gasset, anterior selecionador da Costa do Marfim, foi proveitosa. “Na minha opinião nunca é bom trocar de treinador a meio da temporada e dos campeonatos. O Marselha já vai no terceiro treinador da época [após Marcelino García Toral, com sete jogos, e Gennaro Gattuso, com 24 partidas], mas o certo é que o trabalho com Gasset tem dado frutos. Está a ser uma vantagem para o clube e para a equipa”, defende ao nosso jornal, explicando: “Talvez a cultura e a filosofia dos dois treinadores anteriores não tenha sido bem assimilada e o grupo tenha tido dificuldade em adaptar-se. Agora, com um treinador francês, estão a conseguir colocar melhor em campo a filosofia do treinador”.

Aursnes é o jogador com mais utilizações esta época no Mundo. Faltam mais de dois meses para o final da temporada, mas a época já vai longa para Aursnes. O polivalente do Benfica é o jogador com mais partidas a nível mundial desde o início da temporada, contabilizando jogos oficiais, particulares e compromissos de seleções. Feitas as contas, são 56 jogos no total: 50 ao serviço do Benfica (seis foram na pré-época) e mais seis pela Noruega.

Embora some menos minutos do que Tavernier, lateral que defrontou as águias na quinta-feira os dados da FIFPRO indicam que o camisola 8 das águias tem mais 3 presenças do que John McGinn, médio do Aston Villa. A polivalência do norueguês, de 28 anos, ajuda a justificar estes números. Se na época passada fixou-se como médio ala, em 2023/24 tem ocupado as laterais. Foi adaptado à direita devido à prolongada lesão de Bah.

Na esquerda deve-se à falta de adaptação e rendimento dos jogadores que passaram por aquela posição desde o início da temporada: Ristic, Jurasek, Morato (adaptado) e, mais recentemente, Carreras.

A lista dos jogadores mais utilizados, elaborada pela ‘Player Workload Monitoring’ da FIFPro, deixa evidente uma preocupação que se prende com a sobrecarga dos atletas e o consequente bem-estar. O número de jogos de Aursnes vai ao encontro da justificação dada para renunciar à seleção da Noruega. “Quero mais tempo e liberdade para dar prioridade a outras coisas que não o futebol”, explicou Aursnes, que somou 20 internacionalizações.