17 setembro 2022

Suspeitos de ataque à família Conceição pertencem a uma das claques e têm antecedentes por roubos; Benfica ficou (afinal) em silêncio na reunião de segurança e não se pronunciou sobre incidente onde uma criança foi obrigada a despir uma camisola

São dois membros de uma claque do FC Porto e têm ficha policial por pequenos crimes. Os principais autores do ataque ao carro onde viajava a família de Sérgio Conceição foram identificados pela PSP, que ainda está a efetuar diligências para chegar à identidade de outros envolvidos. Ainda não foram constituídos arguidos.
De acordo com informações recolhidas pelo JN, o ataque foi perpetrado por um grupo de cinco ou seis indivíduos e dois já foram identificados. Serão aqueles que efetivamente apedrejaram o carro em que seguia Liliana Conceição, mulher do técnico, e os filhos Rodrigo (22 anos) e José (sete) e a namorada do mais velho.
Pouco depois das 23 horas, após o jogo dos portistas frente ao Club Brugge para a Liga dos Campeões, que a equipa belga venceu por 4-0, a mulher saiu do parque de estacionamento. Ao passar nas imediações do Museu, o grupo de adeptos começou a insultar a família. Pelo que apurámos, gritaram: “Vão-se embora”; “são uns chulos”. Logo a seguir, o veículo começou a ser apedrejado, deixando a família em pânico.
Os agressores entraram num carro e fugiram, enquanto Liliana Conceição procurava ajuda da PSP. “Pelas 23.17 horas, os elementos policiais no local foram contactados por uma cidadã [Liliana Conceição] a dar conta de que nas imediações do estádio, próximo da estação de Metro Sul (situada a cerca de 200 metros do local onde se encontravam os polícias), a sua viatura havia sido apedrejada por desconhecidos”, adiantou a PSP, que de imediato tentou, sem sucesso, localizar o carro.
Mas a investigação permitiu agora identificar os principais autores. O JN apurou serem residentes no Grande Porto, assíduos frequentadores do Estádio do Dragão, por serem elementos afetos a uma claque do F. C. Porto, e com ficha policial por roubos, furtos e pequeno tráfico de droga. Esse fator foi determinante para conseguir identificá-los.
Os investigadores da PSP analisaram as imagens de videovigilância disponibilizadas pelo F. C. Porto, pela Metro do Porto e de outras entidades situadas nas imediações. A conjugação de todos os vídeos permitiu chegar à matrícula do carro dos suspeitos e obter imagens nítidas destes. Por terem antecedentes, foram rapidamente identificados.
A PSP ainda está a fazer diligências, com audição de testemunhas e recolha de mais prova. A investigação também está a tentar perceber qual foi a motivação dos suspeitos. Para já, não foram recolhidas provas de que o ataque visasse alguém em particular dentro da viatura. Os insultos foram dirigidos a todos e, por isso, a principal tese é que o objetivo fosse agredir familiares do treinador Sérgio Conceição, por estarem insatisfeitos com as recentes prestações da equipa principal do F. C. Porto.

Benfica ficou (afinal) em silêncio na reunião de segurança e não se pronunciou sobre incidente onde uma criança foi obrigada a despir uma camisola . O incidente ocorrido no sábado, no Estádio Municipal de Famalicão, em que uma criança foi obrigada a despir uma camisola do Benfica, não foi, afinal, tema central da reunião de ontem, por videoconferência, da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) com os diretores de segurança dos clubes e sociedades desportivas da I e II Ligas, na qual o organismo liderado por Pedro Proença, que não participou, reforçou “orientações sobre o acesso e permanência nos estádios.”
Segundo O Jogo, o Benfica, que condenara com veemência o episódio, não se pronunciou sobre o tema nesta reunião. Contactado pelo jornal, o clube encarnado não comentou os motivos que levaram o seu representante a não abordar o assunto. Já o representante do emblema minhoto, visado nas críticas nos últimos dias, reiterou que o clube se limitou a cumprir os regulamentos. Segundo soube o diário, os outros clubes que se manifestaram ontem entenderam que este “é um não tema” e a própria Liga, no resumo que fez, através de um comunicado, foi, para já, vaga nas conclusões, remetendo para as diretrizes da Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto (APCVD) e prometendo aprofundar o tema em futuras reuniões “com a APCVD e com as forças de segurança, de forma a que possam ser melhoradas as orientações referentes ao acesso e permanência de adeptos nos estádios.” Até lá, pediu que todos tomassem “boa nota da orientação da Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto, no sentido de a adaptar à realidade de cada clube, efetuando uma avaliação de risco casuística, garantindo o procedimento adequado em cada situação.”
Recorde-se que a APCVD, na sequência do caso, lembrou que “os promotores de espetáculos devem zelar pela segurança dos adeptos, e que o acesso aos recintos não pode estar condicionado ao uso de determinadas peças de vestuário”, desde que estas “não contenham símbolos, sinais ou mensagens ofensivas, violentas, intolerantes, de caráter racista ou xenófobo.”
A APCVD defendeu ainda que, “perante a necessidade de deslocar adeptos para outras zonas ou setores por questões de segurança, deverá ser avaliada primariamente a possibilidade de acomodar tais adeptos (do clube visitado ou visitante) junto das respetivas zonas no recinto desportivo.”

1 comentário:

  1. Naturalmente a PJ ja sabe quem foram os autores do ataque que mandou para o hospital o adepto do Benfica atingido por uma pedra atirada contra a camionete onde viajava, certo?

    ResponderEliminar

Regras dos comentários

O Fora-de-Jogo mantém um sistema de comentários para estimular a troca de ideias e informações entre seus leitores, além de aprofundar debates sobre assuntos abordados nos artigos.

Este espaço respeita as opiniões dos leitores, independentemente das suas ideias ou divergência das mesmas, no entanto não pode tolerar constantes insultos e ameaças.

Assim o FDJ não aceita (ou apagará) comentários que:

- Contenham cunho racistas, discriminatórios ou ofensivos de qualquer natureza contra pessoas;
- Configurem qualquer outro tipo de crime de acordo com a legislação do país;
- Contenham insultos, agressões, ofensas;
- Contenham links externos;
- Reúnam informações (e-mail, endereço, telefone e outras) de natureza nitidamente pessoais do próprio ou de terceiros;

Não cumpridas essas regras, o FDJ reserva-se o direito de excluir o comentário sem aviso prévio.

Avisos:

- Respeitadas as regras, é livre o debate dos assuntos aqui postados.
- Os comentários são de exclusiva responsabilidade civil e penal de seus autores e/ou “reprodutores”, participantes que reproduzam a matéria de terceiros.
- Ao postarem suas mensagens, os comentadores autorizam o FDJ a reproduzi-los no blog;

Não fique Fora-de-jogo nas suas palavras...