14 outubro 2021

"Não descarto cenário de arquivamento seguido de triunfal regresso de Vieira"; O passado de Rui Costa em Milan. “A forma de trabalhar era um modelo para os jogadores”

Luís Filipe Vieira aguarda desenvolvimentos no âmbito do processo Cartão Vermelho, caso no qual foi detido em julho até ser presente a um juiz de instrução criminal. O ex-presidente das águias procura agora defender-se e está focado nessa matéria, sendo que, recentemente, não afastou a possibilidade de voltar ao Benfica, admitindo que estará sempre por perto do clube que liderou durante quase 20 anos.
Carlos Barbosa da Cruz, antigo dirigente do Sporting e advogado de profissão, não descarta um possível regresso de Luís Filipe Vieira ao Benfica e atenta nas matérias que o Ministério Público vai reunindo neste caso para sustentar esta lógica, sublinhando ter a sensação de que a história entre Benfica e Luís Filipe Vieira "longe de estar esgotada, ainda vai proporcionar próximos e emocionantes capítulos".
Até porque o advogado de profissão diz que descortina na "narrativa indiciária do Ministério Público debilidades probatórias patentes". "Como descortino na narrativa do Ministério Público debilidades probatórias patentes, nem sequer descarto o cenário de um arquivamento, seguido de um triunfal regresso do filho pródigo", assinala Carlos Barbosa da Cruz.
Em artigo de opinião que assina nas páginas do Record, o antigo dirigente do Sporting critica a forma como Luís Filipe Vieira declarou que vinha trabalhando enquanto liderou o Benfica.
"Como sabem, quando cá estava ouvia toda a gente mas também dizia que quem decidia era eu. A democracia a mais faz mal e a democracia neste clube faz mal. Por não haver democracia é que crescemos como crescemos", afirmou Luís Filipe Vieira quando se deslocou à Luz, em palavras que Barbosa da Cruz critica.
Para o ex-dirigente leonino estas palavras são reveladoras de uma "visão presidencialista dos clubes, num modelo de heliocentrismo, supostamente iluminado".
"Como pode Luís Filipe Vieira dizer que decidia sozinho? Ou perdeu a noção da realidade (já aconteceu com outros presidentes...) ou eram cometidas diárias ilegalidades no clube e na SAD, nunca denunciadas ou sequer descortinadas pelos órgãos de fiscalização e pelos auditores".
Na sequência das declarações de Luís Filipe Vieira várias têm sido as reações de adeptos ligados ao Benfica mas não só que têm criticado a posição assumida pelo ex-presidente.
No discurso de tomada de posse como 34.º presidente do Benfica, Rui Costa lembrou Luís Filipe Vieira ao mesmo tempo que deixou a garantia de que tudo fará para "o Benfica ganhar". De igual modo, o 'maestro' revelou que arrancou agora "um novo ciclo" na vida do clube lisboeta.

“A forma de trabalhar era um modelo para os jogadores”. Rui Costa chega à presidência do Benfica 20 anos depois de ter trocado a Fiorentina pelo Milan, onde ficou até 2005/06, regressando depois à Luz. Ariedo Braida, antigo diretor-geral e diretor-desportivo dos rossoneri, aborda ao jornal O Jogo o percurso escolhido agora pelo antigo futebolista e, admitindo alguma surpresa, salienta o peso do Milan nesse caminho. “Já foi diretor-desportivo do Benfica e agora é presidente. Não pensava que pudesse um dia tornar-se presidente do clube, mas é uma pessoa inteligente e pode ser o que quiser”, frisa ao jornal o agora diretor-geral da Cremonese, e um dos responsáveis então pela sua contratação, salientando, contudo, que os rossoneri deixam marcas: “Há uma relação com o Milan. Há vários antigos jogadores do clube nesse caminho, como o [George] Weah, que é presidente do seu país, a Libéria, ou [Kakhaber] Kaladze, que é presidente da Câmara Municipal de Tbilissi, na Geórgia, no seu país. O Milan é mais do que um clube, é uma grande escola de vida. Além do lado desportivo há também um lado profissional e com outras perspetivas para além do futebol.”
Revelando que já ao serviço do conjunto transalpino Rui Costa “tinha curiosidade” pelo lado do dirigismo, Ariedo Braida – também ele um antigo futebolista, tendo disputado quer a Serie A quer a Serie B, onde chegou a ser o melhor marcador –, sublinha as figuras de então do emblema rossonero. “Ele, como outros, tinha grandes referências, como [Adriano] Galliani, [Silvio] Berlusconi e eu. O Milan teve um grande presidente [Silvio Berlusconi]. Havia ali uma forma de trabalhar que era um exemplo para os jogadores”, atira.
Considerando que Rui Costa “pode ser um grande presidente” do Benfica, “um grande clube”, Braida deixa um conselho para que o 34.º líder máximo das águias possa ter êxito. “Que trabalhe como ele sabe, como a pessoa que é. Sabe muito de futebol, penso que necessita de trabalhar da forma como fez sempre”, atira, reforçando que “Rui Costa conhece muito de futebol, mas tem cultura e sabe também muito sobre a vida”.
Lembrando a final da Taça dos Campeões Europeus ganha em 1990, em Viena, ao Benfica, por 1-0 – “com um golo de Rijkaard”, sublinha –, a partir da qual “ficou uma grande amizade”, o então dirigente do emblema de Milão realça que Rui Costa “é uma pessoa maravilhosa” e deseja muita sorte ao seu antigo jogador. “Fico feliz por ele. Quero enviar-lhe um abraço e fico agora à espera de um convite para ir a Lisboa ver um jogo do Benfica”, lançou, brincando.

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