Nesta segunda-feira, Iker Casillas anunciou através das suas redes sociais aquilo já não representava propriamente um segredo: a sua candidatura à presidência da Real Federação Espanhola de Futebol.
Também hoje o FC Porto pronunciou-se, pela primeira vez, em comunicado, sobre a ida de Casillas para a Federação espanhola.
Confira o comunicado na íntegra:
"FC Porto felicita o guarda-redes pela candidatura à presidência da Real Federação Espanhola de Futebol
O FC Porto congratula-se com o facto de Iker Casillas se candidatar à presidência da Real Federação Espanhola de Futebol. O atleta do nosso clube ainda este domingo foi uma das vozes de incentivo que se fizeram ouvir através de vídeo no balneário em Guimarães, sofrendo e vibrando como se em campo estivesse. É, pois, com esta alma de Dragão que nos comprazemos em mais este objetivo ambicioso que Iker traçou para si".
"Dificilmente o Vitória de Guimarães não será punido". O Vitória de Guimarães incorre num castigo de um a três jogos à porta fechada, devido aos alegados insultos racistas protagonizados por alguns adeptos em direção a Marega, e que levaram ao abandono de campo por iniciativa do próprio jogador maliano ao minuto 71. No regulamento disciplinar da Liga há um artigo que menciona punição para insultos de carácter racista por parte dos adeptos: trata-se do artigo 113º, sobre "comportamentos discriminatórios em função da raça, religião ou ideologia".
Em declarações à RR, Lúcio Correia, professor universitário de Direito de Desporto, considera que a lei é injusta para os clubes e avisa que o Vitória de Guimarães dificilmente escapará a uma punição.
"No meu entendimento e naquilo que está na lei, o Vitória de Guimarães será sempre punido. O dever pela segurança do espectáculo é imputado ao clube. A lei é um bocado cruel para o promotor do espectáculo desportivo e um dos problemas que resulta dessa lei é a responsabilidade objetiva dos clubes pelo comportamento dos seus associados. A lei impõe que o promotor tenha de ter um regulamento de segurança que obriga a que todos os espectadores tenham de ter um comportamento em conformidade com a lei, designadamente não entoar ou não apelar a questões de caráter racista. Caso se demonstre, e, para isso, é importante o relatório policial, o relatório do árbitro, o relatório do delegado do jogo, e ainda, o próprio resultado do sistema de vídeo vigilância", sublinha.
Lúcio Correia critica a justiça desportiva em casos desta natureza. Precisa de ser mais célere e mais dura, na opinião do professor de direito do desporto.
"A solução que está aqui em causa e, segundo o que está no Regulamento Disciplinar da Liga, indica um a três jogos de castigo e, depois, uma pena de multa associada. Contudo, dado o crescendo de fenómenos de violência associados ao desporto, a lei tem lá expressamente prevista a perda de pontos com efeitos desportivos nas competições. Um dia, quando houver algo mais grave, as pessoas vão ler a lei e vão perceber que era facilmente evitável se se tivesse tomado este tipo de medidas, que são obviamente drásticas e muito fortes. As pessoas, sabendo que o seu clube podia ser punido com perda de pontos ou com perda da competição, já evitavam. Uma multa paga-se, um espetáculo à porta fechada realiza-se e vai-se assobiando para o lado. Outra coisa que fica aqui muito latente é que a justiça portuguesa, nestes casos, é tudo menos adequada e célere. Temos vários fenómenos de violência que andam de recurso em recurso e que são punidos dois ou três anos depois, com multa ou jogos à porta fechada. É preciso pensar no próprio edifício da justiça desportiva e se, efectivamente, queremos tomar outras ligas como exemplo, como é o caso da inglesa", concluiu.
"Hoje teria feito o mesmo que Marega". Nélson Semedo recordou o episódio que viveu há dois anos no Estádio D. Afonso Henriques onde, tal como Marega, também foi vítima de insultos racistas por parte dos adeptos do clube minhoto.
«Hoje teria agido de maneira diferente. Na altura não era tão maduro. Teria feito exatamente o mesmo que fez o Marega. Teria saído de campo», começou por dizer em declarações enviadas por email ao jornal Público.
O internacional português, que altura representava o Benfica, revelou que na altura foi «muito apoiado» pelos «colegas e por todo o staff» do clube da Luz. «Pela opinião pública nem tanto. Lembro-me de ler um artigo em que criticaram o meu gesto, dizendo que o cliente [os adeptos] tem sempre razão e que a única interação permitida entre um jogador e o adepto é o aplauso. Não estariam certamente à espera que aplaudisse um acto de racismo», recordou sobre as reações ao sucedido.
Para Nélson Semedo, «a primeira pessoa a reagir neste tipo de situação tem de ser o árbitro»: «Na minha opinião, o que o árbitro tem de fazer é terminar o jogo e não esperar que um jogador sofra tanto ao ponto de ter de abandonar a partida.»
O lateral de 24 anos, agora a representar o Barcelona, recordou que o racismo «é um problema global» que não afeta apenas Portugal. «No futebol, os atos de racismo têm sido cada vez mais comuns por falta de punição ou por punição leve por parte da UEFA ou dos responsáveis de cada federação. Os atos de racismo, independentemente de onde ocorram, têm de ser punidos como crime. Infelizmente, o racismo é um problema que está muito presente na sociedade.»
Nélson Semedo louvou a atitude de Marega: «Foi lamentável o que se passou em Guimarães. No futebol, como em tudo na vida, não pode haver espaço para o racismo. O Marega foi muito corajoso por ter saído do jogo.»
As dúvidas sobre o que o Benfica encontrou no balneário do Dragão. Rui Gomes da Silva questiona, na habitual crónica que assina no blogue 'Novo Geração Benfica', por que motivo Luís Filipe Vieira demorou "uns (quase) infinitos dois dias", para denunciar o que tinha sucedido no balneário do Estádio do Dragão, aquando da visita dos encarnados ao FC Porto.
Vieira, recorde-se, confirmou que havia óleo nas paredes do balneário, de modo a impossibilitar que o Benfica pudesse personalizar aquele espaço antes do jogo.
"O presidente do Benfica [demorou] uns (quase) infinitos 2 dias para tornar público o que terá acontecido no balneário do Dragão!", constata o antigo dirigente do clube da Luz. "Porque é que a 'estrutura' não tornou público, de imediato, o óleo no balneário?", questiona.
E vai mais longe: "Se foi esse o cenário com que depararam, e tendo apresentado, com toda a certeza, de imediato, queixa ao Delegado da Liga, porque é que esta não deu conta da abertura do respetivo processo de averiguações? Ou - não sei o que será pior - a Liga não abriu processo ou o Benfica não apresentou queixa? Daqui não saímos!"
Gomes da Silva - assumido candidato às próximas eleições do clube da Luz - criticou também a demora nas críticas à atuação do árbitro. "O Benfica demorou umas (quase) intermináveis 24 horas a fazer um comunicado a queixar-se da arbitragem no jogo do Porto", constatou. "Se o entendimento sobre a atuação de Artur Soares Dias era aquele - com tanta gente que viaja com a equipa, desde o presidente ao 'team manager', passando pelo diretor desportivo, administradores da SAD, vice-presidentes, etc, nós, simples adeptos - temos direito a saber porque é que ninguém denunciou a arbitragem à saída do Dragão, limitando-se o treinador a lamentar a perda de 3 pontos e 1 dente de um jogador?"
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