Atl. Madrid faz marcha-atrás por Gelson Martins; "Luís Filipe Vieira estava com medo de ser preso"; Empréstimo obrigacionista do Sporting terá limite de 40M€

Luís Filipe Vieira terá pedido para ser ouvido no âmbito dos processos E-Toupeira, E-Mails e Operação Lex. Uma revelação feita por Francisco J. Marques, esta terça-feira, no Porto Canal. De acordo com o diretor de comunicação dos dragões, esta 'jogada' do presidente do Benfica ter-se-á devido ao facto de este "ter medo de ser detido".

"No dia 29 de março de 2018, através do seu advogado, Luís Filipe Vieira fez um requerimento em que se diz perseguido pelas notícias… E depois diz: 'Por estas razões o requerente considera urgentíssimo apresentar-se presencialmente perante vossa excelência, de modo a prestar declarações assim como colaborando na descoberta da verdade o mais rapidamente possível, quer sobre estes autos ou outros casos ou processos…' Os três processos, não é difícil perceber que são E-Toupeira, E-Mails e Operação Lex.

Depois, requere-se que, ele e o advogado, 'sejam notificados com o mínimo de antecedência razoável, ambos se comprometem a estar no dia e local designado para o efeito'. E prossegue: 'A este propósito, há que referir, que tendo-se presente o exposto, não pode haver razões fundadas para não se considerar que o requerente não se apresentará voluntariamente, pelo que qualquer futuro no sentido da limitação da liberdade pessoal do requerente com o alegado fim de que ele se furte a estar ao dispor das autoridades, não poderá ser considerado ileal'…".

Francisco J. Marques faz ainda uma analogia com o caso do antigo presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, quando este se apresentou no DIAP e DCIAP para prestar declarações.

"O que isto quer dizer? Que Luís Filipe Vieira estava com medo de ser preso e fez o que Bruno de Carvalho fez na semana passada. Só que fez isto com uma agravante. Queria ser ouvido, queria ser ouvido sobre tudo… Estava com medo de ser preso… Engraçado que depois deste requerimento nunca quis ser ouvido e andou a gozar com o Ministério Público. Convém recordar que no dia em que o Ministério Público aceita que outros administradores da SAD fossem lá para a SAD ser considerada arguida, ele teve alta no hospital."

O empréstimo obrigacionista do Sporting não deverá exceder os 40 milhões de euros. Segundo o Record, é este o limite definido pela administração da SAD e já do conhecimento do sindicato bancário que está a preparar o lançamento da operação. Os leões terão de reembolsar uma oferta obrigacionista de 30 milhões de euros até 26 de novembro, a mesma que foi adiada em maio. O novo empréstimo será colocado no mercado em data própria, na certeza de que tal não terá, necessariamente, de acontecer antes desse dia, uma vez que, sabe o nosso jornal, o Sporting tem garantidas as condições para o referido reembolso independentemente do refinanciamento já negociado. Neste, para lá dos 30 milhões que, direta ou indiretamente, servem para fazer face ao valor contratado em 2015, o Sporting admite financiar-se com mais 10 milhões de euros em obrigações, até ao limite de 40 M€, o que dependerá, também, da procura.

A SAD tinha a possibilidade, assegurada desde abril, de fazer “uma ou mais emissões até ao montante máximo de 60 milhões de euros”, como foi comunicado então à CMVM, “a realizar [até ao final de 2018] mediante ofertas públicas de subscrição de obrigações ordinárias, com uma maturidade não superior a 4 anos e valor nominal unitário de 5 euros”. O objetivo do valor adicional seria financiar “atividade corrente, designadamente cumprimento de serviço de dívida e tesouraria, no montante inicial de 15 milhões de euros”. O contexto hoje é diferente e, apesar dos sinais de alarme, a equipa de Frederico Varandas entende que a situação de tesouraria do Sporting está estável e controlada. Os detalhes do empréstimo obrigacionista foram trabalhados quase a partir do zero e estão a ser ultimados (desde logo, a taxa de juro), mas já não há dúvidas de que a operação avançará em novembro e terá a suportá-la um conjunto de bancos mais alargado e de maior peso do que estava reunido anteriormente. 

O At. Madrid faz marcha-atrás por Gelson Martins. Perfeitamente informados sobre os mais recentes desenvolvimentos na investigação à invasão a Alcochete – nomeadamente o depoimento de Bruno Jacinto, que implica Bruno de Carvalho neste ato terrorista –, a formação madrilena decidiu fechar a porta a eventuais negociações com Frederico Varandas, dando um enorme passo atrás no desejo do presidente leonino em inflacionar a transferência.

Assim, e segundo o jornal Record percebeu junto de fonte bem colocada em todo este complexo processo, os colchoneros decidiram baixar os valores da oferta inicial – colocada em cima da mesa ainda durante as negociações mantidas com Sousa Cintra –, fixando a proposta por Gelson Martins em valores a rondar os 10 milhões de euros, bem longe dos 22 milhões inicialmente oferecidos por 70 por cento do passe do jogador, aos quais se juntavam mais 10 milhões de euros em variáveis. No entanto, esta oferta foi recusada pelos leões, que fizeram uma contraproposta de 50 milhões de euros.

Agora, a estratégia do At. Madrid passa por deixar correr este processo, mesmo que isso implique ir a tribunal. Se Frederico Varandas aceitar os 10 milhões que os colchoneros estão dispostos a pagar por Gelson Martins, fica tudo resolvido no imediato; caso contrário, e face às mais recentes notícias sobre a invasão a Alcochete, o departamento jurídico dos rojiblancos entende que a justa causa do jogador nunca teve tanta força como agora e, por isso, os riscos de perder nos tribunais são substancialmente menores.

Contratado pelo At. Madrid com o espectro de grande esperança para o futuro do clube, Gelson Martins tem mostrado algumas dificuldades na adaptação ao futebol espanhol. O jogador tem merecido algumas oportunidades dadas por Diego Simeone, mas ainda não conseguiu convencer o treinador colchonero da sua utilidade no onze. A concorrência que tem de enfrentar, nomeadamente a do francês Lemar, não tem facilitado a adaptação do internacional português que, esta temporada, soma apenas três jogos, ainda sem golos. 

É também devido a este facto que o At. Madrid prefere jogar na expectativa, aguardando que o Sporting dê os próximos passos nas conversações. Do lado colchonero, escreve o Record, existe a total convicção de que Gelson Martins não implicará um investimento na ordem dos 100 milhões de euros – a indemnização que o Sporting exige – e que, se este caso for decidido nos tribunais, a razão será dada ao jogador e, por consequência, ao clube madrileno. Nesse sentido, e apesar do rendimento não estar a impressionar, os responsáveis colchoneros acreditam que Gelson Martins vai explodir e o possível retorno neste negócio será extremamente elevado.