05 novembro 2016

Messi era a contratação de sonho de Pinto da Costa. Líder dos dragões só admite ganhar ao Benfica. Deixa ataque a João Pinheiro. Fala sobre os mexicanos. Diz quem foram os jogadores que mais pena lhe deram vender. Fala das fantasias de Jorge Mendes

Pinto da Costa concedeu uma longa entrevista à ESPN e falou dos 34 anos que leva de presidência. No que respeita ao mais atual, destaque para a posição que marcou, ao lado de Luís Gonçalves, suspenso oito dias por ter sido expulso no final do empate em Setúbal. “A equipa vinha de uma boa série de vitórias, interrompida por factos estranhos ao jogo e à verdade. Há um penálti claríssimo, que ainda ninguém disse que não foi, transformado em amarelo ao Otávio.
Foi o corolário de uma arbitragem lamentável que sucede em toda a parte, infelizmente”, atirou, em semana de um Clássico em que só admite a vitória, como frisou a 235 sócios, na Assembleia Geral de quinta-feira. “O FC Porto vai entrar só com um pensamento e objetivo: ganhar. E só admitimos uma coisa: ganhar. Se todos pensarmos assim e não existirem profissionais do assobio, nós vamos ganhar”, sublinhou.
Voltando à entrevista, numa verdadeira operação de charme para toda a América Latina e para os muitos milhões de hispânicos que vivem nos Estados Unidos e têm acesso aquele canal. “Desde Cubillas, que têm sido imensos os que por aqui passaram. O Lucho, o James, o Falcao ou o Jackson, deixaram todos história. Como nos demos bem, sobretudo com a forma profissional que sempre atuaram mantemos essa aposta, por exemplo com o Herrera, que é o nosso capitão” lembrou.
O mexicano foi um dos jogadores por quem o FC Porto teve propostas para vender no último defeso – M€30 oferecidos no último dia do mercado, de acordo com Pinto da Costa –, mas que, por estratégia ficou. “Além do valor futebolístico, tem a mística do FC Porto. Durante 90’, estejam as coisas a correr bem ou mal, transmite força à equipa. É muito importante até fora do campo junto dos mais novos. Entendemos ser importante ter uma referência como ele quando estamos a lançar jovens de 19 e 20 anos. Ele ajuda a fazer a transição de uma geração para a outra. Considero o Herrera um jogador fundamental”, sublinhou.
Layún também mereceu elogios .“Joga sempre e até no meio-campo já foi utilizado. É muito profissional. Damos muita importância não só ao valor desportivo – e é indiscutível que o tem – mas também ao carácter e todos os mexicanos são exemplo disso. O embaixador do México em Portugal vai muitas vezes ao Dragão ver os jogos”, revelou, sem se esquecer de Corona, que gostaria de ter no clube por muitos anos. “Tem grande talento. É um jovem que ainda não está completamente formado. Tem um potencial enorme. Vai ser um grande jogador, tem melhorado constantemente, vai ser indiscutível na seleção mexicana e, espero, muitos anos, no FC Porto”, atirou.
Pinto da Costa não consegue encontrar uma boa explicação para o facto de não haver muitos mais mexicanos no futebol europeu, sobretudo em comparação com os argentinos, brasileiros ou colombianos. “Se tivesse, no FC Porto, a capacidade financeira de outros clubes, estariam lá mais mexicanos, porque têm valor e carácter. Vamos continuar, sempre que for possível, a investir em jogadores do México, da Colômbia, do Uruguai, de onde temos o Maxi que é um exemplo de abnegação e entrega ao jogo. É um tipo de atleta que, pessoalmente, me interessa muito”, admitiu, explicando que detetar os talentos antes dos tubarões europeus é fundamental para conseguir negócios como o de Falcao, comprado por 5,5 milhões e vendido dois anos depois por 40 milhões. “Aprovado o carácter do jogador há que comprar bem, dentro das nossas possibilidades. Se aparecer um Real, um Chelsea ou um Bayern de Munique não temos hipóteses. Por isso temos de os detetar antes dos outros. Depois de comprado há que vender bem. E que seja bom para o jogador também”, atirou.

Saídas mais difíceis. A caminho dos 35 anos de presidência no FC Porto, Pinto da Costa já comprou e vendeu centenas de jogadores. Desafiado a revelar aquele que mais lhe custou ver sair, o líder dos dragões pensou bem e fez uma escolha talvez improvável. “Foram tantos... Mas digo o Fernando Couto para o Parma, porque tinha o espírito do clube. Foi dos que mais me custou. Representava a mística da equipa. Mas não tínhamos o direito de lhe cortar as asas. Depois também vi sair alguns com muito desgosto. O Hulk e o Moutinho, também custaram muito. Talvez esses três”, admitiu.
Mas há mais jogadores que, caso o FC Porto tivesse outra capacidade financeira, não teria transferido. “Se pudesse não teria vendido muitos... O James nunca teria saído, assim como o Falcao. Mas era impossível”, lembrou, recuando alguns anos para explicar que os dragões não podem segurar quem querem. “Recordo-me até do Artur Jorge em 1987. Depois de ganhar a Taça dos Campeões Europeus saiu para o Matra Racing, que já nem deve existir. Mas o contrato era muito bom para ele”, frisou, destacando o grau de satisfação dos clubes que compram no Dragão. “Não há nenhum clube que diga que o enganamos cedendo um mau jogador como sendo bom. São todos titulares nos grande clubes”, atirou.
Mas, afinal, onde está o segredo para ser o presidente com mais títulos em todo o mundo? Pinto da Costa fala em saber escolher para cada cargo pessoas “competentes e que tenham paixão” pelo FC Porto. “O FC Porto assenta em quatro pilares: rigor, competência, ambição e paixão. Felizmente tenho conseguido gente assim”, considerou.

As “fantasias” de Jorge Mendes. Empresário de jogadores e fundos de investimento. Pinto da Costa admite que ambos são importantes, mas com regras... “Os agentes fazem o mercado funcionar, são úteis, mas muitas vezes, com medo de perder os jogadores criam-lhes ilusões a dizer que têm o Real Madrid ou Barcelona para eles e não têm nada”, atirou, antes de falar concretamente de Jorge Mendes. “Entrou nalguns clubes importantes, conseguiu ter gente como o Mourinho, que lhe abriu muitas portas. Tendo o Ronaldo no Real, aquela porta serve para muitas transferências. Soube criar um bom conjunto de relações privilegiadas que lhe permitiram fazer muitos negócios. Mas, como outros, muitos negócios não passaram de fantasia e papel”, acusou. Quanto aos fundos, pede transparência. “Não tem explicação não poder haver fundos a aplicar dinheiro no futebol. Uma coisa são fundos em que não se sabe a origem do dinheiro – que pode ser ilícito – outra é quem forma uma sociedade transparente, em que se conhecem os donos, para investir. O senhor Abramovich é russo, tem uma fortuna imensa, e mete milhões num clube inglês. Porque é que um clube que não seja propriedade de um milionário não pode recorrer a fundos para melhorar a sua equipa? Não pode ser é para lavar dinheiro, tem de se saber de onde vem o dinheiro”, sublinhou.

Comprava Messi em vez de... Ronaldo. Se Pinto da Costa tivesse fundos ilimitados no Dragão o primeiro jogador que comprava seria Messi. “É um génio”, atirou. “É diferente de Ronaldo. O único grande jogador que podia comparar-se a ele era o Di Stéfano. Talento como o do Messi não há”. justificou.
Messi e Ronaldo na mesma equipa não é incompatível, mas muito difícil, na opinião de Pinto da Costa. “A diferença da forma de jogar é tal que não vejo bem como se pudessem enquadrar na mesma equipa. O Ronaldo tem sido de uma eficiência tremenda. Os madridistas só vão dar real valor quando deixarem de o ter.”

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