11 outubro 2016

Contexto e Adaptação

No futebol atual cada vez mais se fala de adaptação. Quando um sul-americano vem para a Europa um dos primeiros temas de conversa será sempre sobre a sua adaptação à Europa, a novos esquemas táticos, a um futebol mais geométrico, a um futebol mais tático, com menos espaço para pensar e decidir bem, onde a velocidade e a força física não conseguem resolver sempre os problemas do jogador. Já nos acostumamos a isto, todos os anos ouvimos isso, sempre que vem um sul-americano ou um qualquer jogador que tenha jogado em terrenos distantes da Europa.

Apesar disso não é só essa adaptação que conta. Dentro de um país um jogador pode ter rendimentos distintos consoante o clube que representa. Assim a adaptação depende sempre do contexto.

O exemplo mais óbvio é o do maliano Moussa Marega. O avançado chegou a Portugal em 2014, vindo da Tunísia e na primeira temporada faturou por 8 vezes. Na temporada seguinte, no Marítimo de novo, fez 7 golos conseguindo uma transferência para o Porto, onde marcou apenas por uma vez, frente ao Benfica.

No final da temporada já se dizia que Marega não tinha qualidade, que era um jogador físico mas muito tosco e desajeitado, que deveria ser prontamente vendido pelo Porto. Eis que esta temporada o jogador é emprestado ao Vitória de Guimarães, treinado pelo competente Pedro Martins. Estava tudo à espera que de novo Marega não rendesse mas o maliano surpreendeu tudo e todos, contabilizando por esta altura 7 golos em 6 jogos nesta primeira fase da temporada. São números surpreendentes é certo, mas que comprovação que a adaptação e o contexto da mesma é fundamental para podermos explicar as alternâncias de rendimentos de um jogador.

A Marega desde cedo que se reconheceram capacidades físicas muito fortes mas dizia-se sempre que faltava algo ao jogador. O que faltou sempre foi um modelo tático que potenciasse as suas qualidades. Marega no Marítimo jogava algo afastado do resto da equipa e a maioria dos golos acabavam por surgir através de bolas atiradas pelo ar e de lances dentro de área, onde as suas caraterísticas se evidenciam ainda mais. No Porto faltou de novo um modelo que o potenciasse, para além disso o momento que o clube do norte passava não era o mais favorável e os desaires em conjunto com o mau futebol praticado fizeram com que o maliano nunca conseguisse apresentar o seu futebol. Agora em Guimarães, com um modelo pensado em si, com uma equipa que assume as transições como forma preferencial de chegar à baliza e que conta com uma forte organização, Marega destaca-se.

Isto vem provar que é muito mais fácil brilhar em modelos bem estruturados, organizados e pensados pelos técnicos do que em modelos algo desgarrados. E sim, o contexto irá sempre facilitar a adaptação.

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