20 setembro 2016

Raramente JJ assume as culpas nos desaires. "Ao dizer aquilo, da forma como disse, ele procura retirar as atenções e a pressão de cima dos jogadores", defende um dos seus ex-jogadores

A última semana foi um carrossel de emoções para Jorge Jesus. Após uma excelente exibição em Madrid, que terminou em derrota nos instantes finais diante do Real, o Sporting perdeu (3-1) com o Rio Ave. Isto depois de, na véspera, ter dito que o seu plantel "não" é o melhor da Liga, mas que "a diferença está no treinador". No rescaldo do desaire, Jesus não assumiu responsabilidades, culpando a equipa por não ter apresentado a intensidade que pretendia - "os golos sofridos foram quase todos com alguma deficiência coletiva da equipa em termos de posicionamento [...] Não soubemos ser a equipa que normalmente somos".
Um discurso, aliás, recorrente no treinador, que na hora de justificar derrotas raramente chama a si as responsabilidades, ao contrário do que fazem muitos dos seus colegas, escreve o DN. Uma das poucas exceções, nos últimos oito anos, em que orientou o Benfica e o Sporting, foi num jogo da segunda mão da Taça de Portugal de 2010-11, frente ao FC Porto, em que como técnico do Benfica perdeu em casa por 3-1, depois de ter ganho por 2-0 no Dragão, sendo eliminado. "Quando se ganha, ganham os jogadores, quando se perde o treinador assume, e eu assumo", disse na altura, num discurso único do técnico de 62 anos.
Ao serviço do Sporting, na época passada, por exemplo, criticou Rúben Semedo após uma derrota com o B. Leverkusen na Liga Europa: "A expulsão de Rúben Semedo deitou tudo a perder [...] Em alta competição não se pode ter estas situações." E no desaire com o Skenderbeu (3-0) falou em erros da equipa (atrasos para o guarda-redes) e defendeu que tomou a melhor decisão ao rodar o plantel.
Jorge Silvério, psicólogo do desporto, reconhece que "no discurso para o exterior há, de facto, um padrão em que o treinador raramente assume a responsabilidade pelas derrotas", mas defende que "essa imagem é externa". Ou seja, "para contrabalançar esse discurso, tem de haver uma comunicação interna diferente", aponta, lembrando que "quando um clube contrata Jesus já sabe a sua forma de funcionar que, como tudo na vida, tem vantagens e desvantagens", disse ao diário.
César Peixoto, antigo futebolista que trabalhou três épocas com Jesus - uma em Braga e duas no Benfica -, garante que quando o técnico "responsabiliza os jogadores publicamente é porque já o fez internamente". O ex-jogador, de 36 anos, lembra que normalmente nas derrotas "Jesus valoriza o que fez o adversário e aponta depois onde a equipa esteve mal". Ainda assim, considera que as declarações a seguir à derrota em Vila do Conde têm um sentido: "Após o jogo da Liga dos Campeões, com o Real, em que a equipa e ele próprio saíram valorizados, teve necessidade de dizer o que disse após o jogo com o Rio Ave. Foi como um alerta aos jogadores."
É tendo em conta a premissa de que Jesus tem um discurso interno que complementa o que diz nas conferências de imprensa, que leva Jorge Silvério a afirmar que "só assim se compreende que seja um treinador com sucesso", pois "se não o fizesse seria difícil obter resultados positivos".
O facto de em oito épocas como treinador do Benfica, primeiro, e agora do Sporting, raramente ter assumido as culpas da derrota é desvalorizado por César Peixoto. "Não há muitos treinadores a nível mundial que assumam as derrotas, pois estão num cargo com muita pressão, em que são os primeiros a ser despedidos quando as coisas não correm bem", sublinhou, admitindo que os futebolistas já estão vacinados contra essa desresponsabilização. "Os jogadores já assumem, à partida, que os treinadores nunca erram. No entanto, é mais fácil perceber esse tipo de atitudes quando se trata de um técnico que acerta mais do que erra, como é o caso de Jorge Jesus", justificou.
Na análise de Jorge Silvério, a forma de funcionar do treinador do Sporting contempla a "valorização do que é importante no seu trabalho e, sobretudo, na forma como potencia os seus jogadores", algo para o qual os clubes que o contratam "já têm de estar preparados".
Foi isso, aliás, que Jesus fez na antevisão à partida com o Rio Ave, quando disse que uma equipa trabalhada por si "tem de ser a melhor". "Ao dizer aquilo, da forma como disse, ele procura retirar as atenções e a pressão de cima dos jogadores", adianta César Peixoto, justificando que o técnico "sabe que esta é uma temporada importante para ele e para o Sporting, que tem de ser campeão". Ao falar assim publicamente "deixa os jogadores mais aliviados da pressão".
Por outro lado, o antigo futebolista considera que a forma de Jesus reclamar os seus méritos publicamente "é porque considera que poucos são aqueles que lhe dão o devido valor". Ainda assim, lembra que se trata de "um treinador genuíno, que diz aquilo que pensa". "Por vezes é direto demais e isso torna-o deselegante, sobretudo para alguns colegas. No entanto, trata-se de uma pessoa transparente e isso é uma qualidade", sublinhou César Peixoto.

3 comentários:

  1. Que masturbação deste Silvério à inteligência de uma pessoa.

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  2. Eh, eh, eh, eh, eh, eh... chega!
    Se calhar ainda vamos descobrir que o jasus é de uma humildade abnegada...
    Saiu no dn, onde esteve há bem pouco tempo como editor quem mesmo???
    Tempestades e saraivadas que agora não me recordo...
    Gonçalo

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  3. Definitivamente, aprendam a escrever. Não se escreve "direto demais" mas sim "direto de mais"

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